006

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-Esquece ele! -Andrew murmurou enquanto caminhávamos.

-Eu não sei como consegue aturar esse moleque, ele consegue ser mais infantil que uma criança de dez anos. -Bufei. -Eu o detesto! -Conclui ao olhá-lo de soslaio, Andrew balançou sua cabeça de maneira negativa ao sorrir de maneira descontraída.

-É melhor irem se acostumando a conviverem juntos, Lyd. -Ele falou ao abraçar meu corpo com seu braço. -Afinal, agora ele vai estar presente em sua vida, pois faz parte da minha, é o meu melhor amigo desde que me entendo por gente, não quero abrir mão dessa amizade por algo tão banal.

Ele parou próximo da porta que dava acesso a sala e me encarou ao tocar meu queixo, fazendo com que eu o encarasse. -Sei o quanto você é racional, Lyd, por isso gosto de... -O interrompi.

-Ah, você gosta de mim? -Retruquei ao desviar o olhar. -Que ótimo que pelo menos gosta de mim, caso contrario, se houvesse ainda menos afeição em nossa relação seria provável que não aconteceria cerimônia alguma depois de amanhã.

-Ei, Lydia! -Dessa vez sua seu gesto impôs mais força, suas mãos seguraram meu rosto fazendo com que eu não pudesse desviar o olhar. -Você sabe que eu te amo, não precisa criar caso justo agora, todos estamos exaustos e com os ânimos aflorados por conta de todo o desgaste que isso vem nos causando e... -Tirei as suas mãos de meu rosto.

-Esquece isso. -Pisquei algumas vezes. -Vamos subir ou quer conversar aqui mesmo? -Questionei com certo sarcasmo, Andrew bufou ao passar as mãos em seu cabelo parecendo estar impaciente com aquela conversa, eu sabia perfeitamente o quanto estava sendo desgastante para ele toda aquela historia, as cobranças que caiam sobre ele eram grandes, seu pai era incrivelmente controlador e pouco sabia do termo "amor fraternal".

-Certo, Lydia! -Ele falou ao dar as costas e começar a caminhar, eu o acompanhei mantendo certa distancia.

-Vai jantar conosco, Lyd? -Tia Susan perguntou assim que passamos pela sala onde ela estava sentada folheando uma revista.

-Prometi que jantaria em casa, pois meu pai quer conversar comigo. -Menti.

-Fica para a próxima então. -Falou e eu apenas assenti, quando dei por mim Andrew já estava no topo da escada.

-Sobre o quer conversar? -Questionou ao fechar a porta do quarto.

-Eu não sei. -Falei de forma franca.

-Está falando sério? -Indagou parecendo estar sem paciência para o que quer que seja aquele "meu momento".

-Sim, Andrew... -Sentei em sua cama e larguei minha bolsa na mesma. -Estou com a cabeça cheia e ao mesmo tempo vazia, penso em varias coisas, no entanto, não consigo transformá-las em palavras. -Confessei.

-Eu não posso te ajudar se não souber o que está passando por sua cabeça, Lydia. -Ele sentou ao meu lado e segurou em minha mão, eu não estava olhando para ele naquele momento, mas sentia seu olhar pesar sobre mim. -Você tem estado muito distante esses dias, sei que o casamento tem grande influencia nisso, pois eu também estou cheio de problemas até o pescoço, mas... Na maioria das vezes eu não consigo compreendê-la e isso me frustra muito.

Andrew realmente parecia estar desgostoso com toda aquela situação, manter aquele segredo era algo horrível, eu sentia algo preso em minha garganta prestes a saltar, algo que eu tentava a todo custo manter no meu mais intimo lugar. Não existia mais companheirismo entre nos dois, éramos dois estranhos prestes a trocar promessas de amor, juras de fidelidade e faríamos um pacto que viveríamos para sempre juntos.

Declínio Where stories live. Discover now