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-Se incomoda se eu me sentar aqui? –Questionou com certo receio. –É que eu ainda não almocei e já estou cansada de comer na cozinha juntamente com o Fred e o Ivan, eles só falam de futebol e mulheres... –Ela revirou os olhos. –Sinto que não somos tão estranhas, afinal, possuímos pelo menos uns 5% de intimidade, eu enchi um colchão de ar pra você... Ou pelo menos tentei encher. –Ela brincou e eu não contive o riso, Eva estava totalmente ruborizada por talvez pensar na possibilidade de que eu recusasse seu pedido. –Vou fazer minha pausa. –Ela olhou para o pequeno relógio dourado que estava em seu pulso e depois fitou-me de maneira atenta esperando uma resposta.

-Vai ser um prazer. –Falei ao sorrir.

-Ah, que ótimo! –Ela juntou as mãos. –Então eu já volto... –Eu apenas assenti enquanto assistia a mesma adentrar em uma porta atrás do balcão e sumir.

Suspirei pesadamente ao encarar o lanche absurdamente grande que estava diante de mim, beberiquei alguns goles do meu refrigerante enquanto esperava por Eva, não seria educado começar a comer antes dela, foi um dos ensinamentos que recebi desde pequena.

Notei uma movimentação diferente na porta do restaurante, risadas altas e um falatório constante, de repente quatro homens entraram e tal visão por completo minha atenção, quero dizer, foi impossível não encarar.

Todos estavam vestidos quase que de maneira semelhante, as peças de tom preto predominava por completo e todos possuíam tatuagens e um sorriso pra lá de perigoso para menininhas desavisadas, eu poderia reconhecer sorrisos como aqueles até mesmo de baixo d’água.

-Ivan! –Um deles gritou enquanto riam entre si e caminhavam até as mesas, não consegui ao menos disfarçar, eram realmente muito bonitos, sei lá, talvez aquele jeito desleixado e feições despreocupadas me lembravam há algo que naquele momento eu não conseguiria descrever.

Eles não esconderam a surpresa ao notar minha presença ali, pois com certeza eu era a  "carne nova" no pedaço, mas logo assumiram a mesma postura de segundos atrás e começaram a conversar entre si enquanto me encaravam sem ao menos fazer questão de disfarçar, pareciam querer que eu ficasse desconcertada com tal atitude.

Devo confessar que um deles me chamou mais atenção, um garoto de pele razoavelmente bronzeada, um braço era completamente fechado por tatuagens e possuía um cabelo sutilmente bagunçado, de longe o mais bonito do grupo. A percepção foi no mínimo recíproca, pois notei o olhar dele pesar sobre mim enquanto eu os acompanhava com o olhar até o fundo do restaurante onde se acomodaram.

-Ih, já vi que você é aficionada por problemas... –A voz de Eva fez com que eu levasse um grande susto, quando percebi, ela já estava sentada diante de mim com algumas embalagens.

-Nem percebi que já havia retornado... –Falei ao endireitar meu corpo enquanto tentava me recompor do susto. Eva tirou a presilha de prendia seus cabelos e rapidamente uma cascata acobreada caíram sobre seus ombros.

-Eles são muito bonitos, eu sei. –Ela deu um meio sorriso. –Um primeiro conselho, Aretha?

-Qual? –A encarei.

-Você deve ficar longe de todos eles. –Falou ao piscar enquanto mordia um pedaço de seu lanche.

Declínio Where stories live. Discover now