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LYDIA

-Aquela. –Ela apontou ao sussurrar, respirei profundamente ao caminhar na frente de Eva até eles. Devo confessar que senti meu rosto esquentar quase que no mesmo instante, aquela vergonha característica a de uma garota da quinta série que sequer havia beijado um menino reinou em meu estado de espírito, eu nem conseguia erguer minha cabeça e encará-los enquanto ajudava Eva. –Aqui. –Ela enfiou as mãos no bolso e entregou para mim um abridor de garrafas, peguei o mesmo e agarrei uma das garrafas.

-Quem é sua amiga, Eva? –O homem loiro questionou com uma voz carregada de tudo, menos de boa intenção. –Trabalha aqui?

-Ela não trabalha aqui, Godric. –Eva falou ao balançar a cabeça negativamente. Apoiei a garrafa em minha coxa na tentativa de segurá-la enquanto fazia pressão para abri-la, tentei algumas vezes.

-Deixa que eu te ajudo, caso contrário só iremos tomar essa cerveja na próxima copa. –O garoto que em minha opinião era o mais bonito falou num tom irônico ao tocar em minha mão, rapidamente soltei a garrafa num gesto de surpresa, ele foi rápido em seus reflexos e por pouco não deixou com que a garrafa caísse. –Quase... –Murmurou ao sorrir. E que sorriso! Eu poderia ficar ali por varias horas encarando aquela cena, eu não poderia negar que o infeliz possuía um sorriso digno de poemas que beiravam a perfeição, mas em seu olhar eu conseguia notar algo ruim, algo que Eva usou para denominá-los: “problema”. E problema era algo que eu precisava fugir a todo custo.

-Ela não fala? –O outro homem que até o momento não havia dito palavra alguma questionou ao mirar seu olhar em minha direção.

-Por qual razão querem saber? –Eva retrucou ao cruzar os braços.

-Aretha. Meu nome é Aretha. –Falei abruptamente afim de acabar com aquele clima tenso. –E não, não trabalho aqui. –Forcei um sorriso. –Só fiz uma gentileza. –Conclui.

-Aretha. –Ele repetiu. –Belo nome. –Piscou.

-Hum... –Virei meu corpo em direção da Eva e enfiei as notas de dinheiro no bolso de seu avental. –Estava tudo ótimo, muito obrigada. Tenho que ir. –Falei de maneira apressada ao abandonar a mesa.

Sai da lanchonete em passos rápidos, parte de mim estava atordoada, precisava voltar para casa, ou para qualquer lugar, minha mente estava cheia e eu não conseguia ouvir ao menos meus pensamentos.

-Aí... –Falei ao sentir o impacto de algo chocar contra o meu corpo, com o movimento abrupto não consegui manter meu equilibro e cai sentada.

-Droga. –Vi um par de pernas parados em minha frente e ergui o olhar para conferir de quem eram, logo reconheci a figura de Jason parado diante de mim. –As pessoas costumar olhar pra frente, sabia? –Falou de forma acida ao balançar a cabeça negativamente.

-É, eu sei. –Retruquei ao suspirar. –Queira me desculpar, foi erro meu. –Falei. –Espero não ter te machucado ou... –Dei os ombros. –Você sabe. –Jason pareceu ficar surpreso com o meu pedido, talvez estivesse esperando uma resposta mal educada ou algum ataque de fúria, mas estava sobrecarregada demais para pensar em uma resposta grosseira naquele momento, Andrea vivia dizendo que o silêncio é a melhor resposta para pessoas rudes.

-Me machucar? É você quem está sentada no chão. –Comentou com um resquício de bom humor, mas sua feição continuava seria, não dando abertura alguma para uma possível aproximação de minha parte. –Eu te ajudo... –Falou ao estender sua mão, encarei a mesma por alguns segundos. –Consegue sozinha? –Questionou impaciente.

-Desculpe. –Murmurei ao agarrar a sua mão, que rapidamente puxou meu corpo como se eu fosse uma pena.

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