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Instantes depois Andrew saiu do banheiro vestido apenas com sua cueca boxer de cor preta, eu sabia exatamente que não seria a única "felizarda" a contemplar tal cena naquela noite, pois ele com certeza iria farrear como um louco, ainda mais na presença daqueles amigos pra lá de tóxicos, sem falar do próprio satanás que atendia por nome de: Adam.

Ele vestiu as outras peças de roupas e passou as mãos em seu cabelo num gesto rápido e pouco delicado e rapidamente seu cabelo ganhou aquela forma tão característica, algo sutilmente bagunçado que lhe dava um ar único.

Andrew caminhou até a cama e sentou-se na beirada enquanto me encarava de forma fixa, ficamos por longos minutos assim, apenas nos olhando em completo silencio.

-Você está bem? -Questionou.

-Sim.

-Vou encontrar meus amigos. -Falou e eu apenas assenti sem expressar reação alguma. -Você ficará bem? Quer que eu fique mais um pouco com você?

-Estou bem. -Sorri brevemente. -Pode ir, aproveite sua noite. -Falei e ele balançou sua cabeça ao esboçar um leve sorriso.

-Eu te amo. -Ele falou ao beijar meus lábios.

-Eu também. -Respondi num sussurro ao virar minha cabeça para o lado enquanto sentia aquele nó na garganta característico. -Nos vemos amanhã... -Mesmo sem olhá-lo sabia que ele continuava ali ao meu lado, eu sentia o calor do seu corpo próximo do meu, era como se estivesse velando meu corpo.

-Está preocupada com algo? -Questionou ao tocar meus cabelos numa caricia.

-Frescura de mulher. -Menti ao passar a mão em meu rosto, tentando conter as lágrimas quentes que rolavam.

Droga! Eu não poderia fraquejar justo naquele momento, eu não o amava, não amava essa realidade vivida por mim, precisa fugir e recomeçar, reencontrar a essência que estava adormecida em algum lugar dentro de mim.

-Ou melhor dizendo, frescura de noiva. -Sorri tristemente enquanto encarava um ponto fixo: alguns embrulhos de presente, provavelmente foram dados por algum colega da empresa.

-Eu não entendo muito sobre isso. -Seu tom de voz era baixo. -Espero que fique bem. -Eu apenas assenti. -Tem certeza de que ficará bem?

-Absoluta. -Indaguei ao forçar minha voz.

-Certo. -Ele suspirou pesadamente ao inclinar seu corpo e beijar meu ombro, eu continuei estática e logo senti o colchão balançar, Andrew havia se levantado. -Te vejo amanhã.

Novamente eu apenas assenti, não sabia, ou até mesmo não queria respondê-lo.

-Estarei no altar, serei o de terno preto. -Falou num tom humorado, mas ao ver minha negativa diante de suas tentativas, abriu a porta e em seguida fechou a mesma de uma maneira pouco delicada ao sair.

-Adeus, Andrew. -Eu não quis olhá-lo, não teria frieza o suficiente para apenas tentar gravar os detalhes daquele momento ou de seu rosto, pois aquele foi o nosso ultimo encontro, não nos veríamos nunca, o capitulo no qual escrevemos juntos ou pelo menos tentamos não teria um final agradável, conseqüentemente nosso "... e viveram felizes para sempre" jamais seria escrito e eternizado em fotos do álbum de casamento.

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