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-Você realmente me ama, Andrew? -Perguntei num murmúrio ao erguer minha cabeça para fitá-lo.

-De novo isso, Lydia? Isso é exaustivo! -Respirou fundo ao jogar seu corpo para trás, deitando o mesmo na cama.

-É só uma pergunta! -Indaguei. -A resposta é mais simples ainda se estiver convicto.

-E você? -Ele virou sua cabeça. -Me ama? -Questionou.

Dessa vez foi minha vez de ficar em silencio, eu não sabia o que responder, eu não o amava, no mínimo mantinha um carinho forte, estava sendo hipócrita por cobrar tal sentimento quando eu mesma não sabia cultivava amor por ele. Mas as palavras não saiam de minha boca, eu sempre fui covarde, sempre fugi de situações como aquelas, por isso forjar toda aquela historia parecia ser uma melhor saída que do que desapontar a todos.

-Amo. -Falei. Aquela palavra tão significativa, tão grande, parecia ser vazia ao sair de minha boca.

-Na maioria das vezes parece não sentir nada. -Retrucou ao cobrir seus olhos com uma almofada. -Estou exausto. -Repetiu.

Andrew sempre foi muito paciente comigo, nesses quatro anos em que mantínhamos aquele relacionamento nos nunca chegamos aos "finalmente", não faltaram esforço e nem tentativas de sua parte, mas eu sempre neguei, me mantive retraída as suas caricias mais ousadas, já havíamos feito algumas coisas obviamente, mas nunca transamos de fato. No inicio eu dizia não estar pronta, que não me sentia confortável, e com o passar dos anos, quando finalmente "fiquei pronta", não existia mais interesse de minha parte.

-Eu sei, mas depois de amanhã tudo isso terá fim e finalmente conseguiremos viver bem. -Falei ao deitar ao seu lado. -Se eu estou agüentando tudo isso, sei que pode agüentar também. -Conclui.

A indiferença entre duas pessoas é uma das piores coisas que existe no mundo, quero dizer, a indiferença de uma pessoa que em alguma fase da vida foi tão importante, tão única, e agora não passava de um "alguém", talvez um estorvo. Andrew ficou frio com o passar dos anos, tornou-se distante e inacessível, foi como assistir algo ser destruído e não conseguir fazer nada para salvar, eu não queria um casamento de fachada na qual os filhos e o dinheiro eram as únicas coisas que asseguravam minha relação.

-Vou descer. -Ele anunciou depois de longos minutos de silêncios que foram tensos e tortuosos. Eu odiava ficar assim, naquele chove não molha, e muitas vezes a quietude de um ambiente é mais estressante que dez pessoas berrando loucamente. -Você vai ou fica?

-Vou também. -Falei ao erguer meu corpo e acompanhá-lo para fora do quarto.

-Já arrumou suas malas? -Ele questionou enquanto cruzávamos o corredor.

-Sim, já estão todas feitas.

-Ah... -Ele sorriu brevemente.

-E as suas? -Perguntei totalmente desinteressada, naquela altura tal pergunta era tão superficial e sem sentido, pois nem chegaríamos a viajar.

-Minha mãe arrumou tudo desde o inicio do mês. -Ele falou ao fazer uma careta.

-Parece que estão fazendo um complô para nos tirar de casa. -Brinquei e como resposta obtive os braços de Andrew envoltos ao meu corpo.

-Já voltaram? -Rebecca sorriu assim que nos aproximamos.

-Pelo visto o lacre continua intacto. -Adam revirou os olhos.

-Adam... -Andrew repreendeu o amigo ao passar a mão em seu rosto num sinal de impaciência.

Declínio Where stories live. Discover now