016

884 83 0
                                    

Eu não poderia perder minuto algum, a partir daquele momento meu plano teria início.

Levantei e fui até o banheiro onde tomei um banho rápido, apenas para tirar aquela sensação esquisita, lavei meus cabelos e os penteei sem muita frescura.

Como eu teria que descer e ser vista, não poderia demonstrar quaisquer resquícios de tristeza ou comportamento estranho, então me arrumei como sempre: um vestido com um caimento mais solto, um salto mediano e alguns adereços, optei por um colar de perolas que havia sito presente de Andrew e passei uma maquiagem simples.

Peguei alguns pertences pessoais, coisas que não notariam o sumiço se caso procurassem em meu quarto e os guardei na mochila, peguei também uma tesoura e poucos itens de maquiagem que seriam úteis mais pra frente.

Abri meu closet e com auxilio de uma banqueta peguei a mala juntamente com os novos documentos que eu havia escondido na parte superior, conferi rapidamente se estava tudo ali e depois fui até a varanda do meu quarto onde debrucei meu corpo e atirei meus pertences num canteiro que ficava bem abaixo, não poderia correr o risco de alguém me ver levando aquelas coisas comigo.

Não fiquei com aquela melancolia de encarar os detalhes do meu quarto, simplesmente abri a porta e sai sem olhar para trás, estava convicta de minha decisão e não recuaria.

-Filha? –Assim que adentrei na sala ouvi a voz do meu pai, ele mexia em seu notebook.

-Oi. –Sorri ao ir até ele.

-Vai sair?

-Andrew esqueceu o celular e vou encontrá-lo para entregar. –Expliquei ao sentar-me ao seu lado.

-Ryan saiu com Andrea e sua mãe, a cerimonialista ligou e informou que houve algum problema com as flores, algo assim, não me atentei. –Ele balançou a cabeça. –Sua mãe ficou desesperada e logo arrastou a Andrea com ela.

-Não tem problema, pai. –Sorri brevemente. –Pego o seu carro e vou ao encontro do Andrew, não irei demorar. Além disso, eu tenho carta e o senhor sabe perfeitamente que dirijo com maestria, se duvidar faço isso até melhor que o Ryan. –Brinquei ao rir, meu pai sorriu brevemente mas sua feição denunciava que algo o deixava inquieto, como se estivesse pensando naquela minha idéia.

-Já está tarde, Lydia. –Ele suspirou. –Não sei se isso é uma boa idéia. –Bufei ao passar as mãos em meu cabelo.

-Pai! –O repreendi. –Vou casar amanhã, acho que posso muito bem pegar o carro e sair, volto em menos de uma hora, prometo que tentarei chegar antes da minha mãe.

-Não sei, Lydia... –Continuou irredutível. –Eu levo você até lá, só vou terminar de revisar alguns contratos e... –O interrompi.

-Não, pai. Não sou mais uma garotinha, sei muito bem me virar. Além disso o tempo que o senhor ira demorar com esses contratos é o tempo que eu vou até ele e volto. Pare de complicar algo simples. –Revirei os olhos ao levantar e beijar sua testa sem esperar resposta. –Eu te amo, pai. –Falei ao caminhar para longe dele.

-Eu também te amo, Lyd. Vá com cuidado. –Pediu e eu apenas assenti.

Naquele momento senti parte de mim ficar ali naquele sofá junto ao meu pai, eu sentiria tanta saudade daquele zelo exagerado.

Balancei a cabeça negativamente e fui até o móvel onde ele guardava seus pertences.

-Tchau! –Falei ao agarrar as chaves, dei uma ultima olhada naquela figura de poucos cabelos grisalhos e sorri com certa tristeza, eu traria grande dor para minha família, mas eu precisava fazer aquilo.

Se caso continuasse ali, a dor seria minha e com o tempo eu ficaria ainda mais entorpecida com aquela sensação, posso estar sendo egoísta ao pensar somente em mim naquele momento, mas vivi dezenove anos apenas fazendo as vontades dos meus pais e de todos os que me cercavam, era hora de pensar na Lydia, ou melhor, na Aretha.

Declínio Where stories live. Discover now