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LYDIA

Toda ação gera uma reação.

Foi a única fase que consegui pensar quando Jonah e eu finalizamos aquela ligação com a promessa de que eu voltaria.

Não sabia o que esperar caso voltasse pra casa naquele momento, o caos seria instalado de uma maneira inimaginável.

Certamente eu teria que responder legalmente por tudo o que planejei e causei, consegui pensar em pelo menos três crimes diferentes. Explicações, pedidos de perdão, humilhações, discussões... Existiria uma redenção para mim naquela família? Provavelmente não.
Conseguia sentir precocemente o tapa que levaria da minha mãe enquanto ela jogaria na minha cara o inferno que eu a fiz passar durante esses meses. O que eu diria ao Andrew? Por mais que eu tentasse criar um diálogo para quando eu o reencontrasse... Eu simplesmente não conseguia.

-Pai... -Juntei minhas mãos em forma de súplica enquanto sentia as lágrimas descerem desenfreadamente pelo meu rosto. -Me espera, por favor... Eu não fiz nada disso por mal. -Pedi ao mirar meu olhar pra cima. -Eu não fiz por mal. -Repeti ao fechar meus olhos e tocar meu fortemente. Aquela sensação era tão pesada e angustiante que eu conseguia sentia-la como algo físico.

[...]

Tentei não pensar em nada enquanto caminhava em direção da rodoviária da cidade, no entanto, naquele momento eu partilhava do mesmo sentimento de uma condenada indo em direção do corredor para cumprir sua árdua sentença.

Minhas mãos tremiam e constantemente sentia leves espasmos. Não estava em condições físicas e psicológicas para resolver aquilo de frente e com coragem, minha aparência naquele momento certamente não seria compatível ao que me aguardava. Meu cabelo estava preso em um coque nada elaborado, um jeans e casaco escuro compunham minhas vestimentas nada formais e não existiria comentários em minha defesa para o estado deplorável da minha face. Tentei esconder o inchaço e as olheiras com muita maquiagem, mas acredito que essa tentativa desesperada apenas fez com que minha feição se tornasse mais assombrosa.

-Obrigada... -Balbuciei sem ânimo algum ao pegar minha passagem.

-Holt?

Olhei para trás de imediato ao ouvir aquela voz e ao vê-lo parado apenas há alguns centímetros, pude sentir como se todo o meu corpo fosse anestesiado.

-Jason... -Murmurei ao passar as mãos em meu olhos tentando conter minha visão que a essa altura já estava turva por conta das lágrimas contidas.

Ele continuou parado como uma estátua enquanto mantinha uma postura e feição pouco amistosas. As mãos no bolso da calça e ombros nada relaxados o deixavam semelhante ao Jason nada maleável e introvertido que conheci na casa da avó meses atrás.

Minha vontade naquele momento era de ir até ele e o abraçá-lo fortemente em busca da segurança. Jason desviou o olhar por alguns segundos e abaixou levemente sua cabeça parecendo travar uma guerra interna contra todos seus princípios e por fim voltou a direcionar sua atenção a mim. Eu compreendia a razão por trás daquele comportamento... Eu havia o abandonado mesmo depois dele me pedir para ficar, de certo estar ali não era algo fácil para ele.

-Seu irmão ligou pra mim... -Falou enquanto caminhava em minha direção, ao notar minha expressão de total desespero, Jason esboçou um sorriso triste e envolveu meu pescoço com seu antebraço ao puxar-me para perto de si. -Precisamos conversar sobre muita coisa, Holt... Mas esse não é o momento, certo? Vamos resolver a situação do seu pai primeiramente. -Indagou com um tom controlado. Inclinei minha cabeça afim de encara-lo, estava confusa e inquieta. -Sabe... Acho que o nome Lydia combina muito mais com você. -Concluiu. Ouvir aquilo foi como submergir depois de um longo período debaixo d'água.

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