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-Ei, Lyd! -Rebecca levantou seu corpo em um pulo chamando atenção de todos para si. -Comprei aquela pulseira, lembra? Aquela que te falei que combinaria com meu vestido... -Falou ao segurar em minha mão.

Rebecca estava fazendo isso por uma única razão: evitar um possível confronto entre Adam e eu, confronto esse que deixaria o Andrew numa postura impassível, ele sempre repreendia o amigo, mas nunca me defendia diretamente, o que causava grande estresse em mim. Adam já havia sido motivo de inúmeras brigas entre Andrew e eu.

-Minha bolsa está ali atrás. -Ela apontou. -Vamos até lá para que eu possa mostrar a pulseira. -Ela sorriu ao puxar meu corpo em sua direção.

Caminhamos até a piscina e nos sentamos nas espreguiçadeiras de madeira que existiam ali.

-Eu odeio esse garoto! -Rosnei e Rebecca riu.

-É questão de convivência.

-Nunca que eu iria me acostumar com esse nojento. Não sei como conseguem manter amizade com um ser tão desprezível. -Bufei.

-Ah, esquece isso! Você tem que ficar tranqüila, afinal, amanhã antecede o dia de seu casamento... -Ela sorriu. -Vou pegar meu vestido amanhã! -Novamente aquela porcaria de assunto.

Todas as pessoas ao meu redor demonstravam euforia, e possivelmente presumiam que tal sentimento estava presente em mim, por essa razão mostravam-se animadas para contar os preparativos do "grande dia".

-Adam ficará muito elegante e... -A interrompi.

-Podemos não falar nesse garoto? -Revirei os olhos.

-Certo, certo... -Ela ergueu as mãos em sinal de rendição e logo esticou seu copo na espreguiçadeira. -Sobre o que você quer falar, dondoca?

-Sobre o Andrew.

-Quem tem que saber dele aqui é você, Lyd. -Rebecca retrucou com bom humor.

-Eu sei. -Suspirei. -É que Andrew sempre conviveu com esse pessoal tão... Sei lá, as vezes acho que ele não foi 100% fiel ao nosso relacionamento. O Adam tem muita influencia sobre ele, e por não gostar de mim pode até induzir o Andrew nessas situações, eles passeiam muito, vão para inúmeras baladas, viagens, eu nunca tentei segurá-lo pois isso não faz meu gênero, nunca consegui ser a namorada grudenta e ciumenta que controla. Talvez por gostar de ter o meu espaço e... -Dessa vez foi a vez de Rebecca me interromper.

-Você trata o Andrew de maneira indiferente muitas vezes, age de forma fria. -Ela me olhou. -Ninguém gosta de ser negligenciado. -Completou.

-E quando eu sou a pessoa negligenciada? -Retruquei.

-Homens e mulheres tem necessidades diferentes, Lydia.

-Eu sei. -Desviei o olhar.

-Não vou generalizar, mas a regra é simples e poucas vezes há exceções: mulheres gostam de carinho, de se sentirem cuidadas. Já os homens gostam de sexo, independente do dia, hora ou lugar. Se pudessem comprariam uma mulher somente para serem donos do próprio "parque de diversões".

-O que quer dizer com tudo isso? -Questionei.

-Lydia, desde o tempo da escola você foge das investidas do Andrew.
Homens tem necessidade e não passam vontade. Sabe aquele ditado popular? "Quem não dá assistência abre concorrência", acha mesmo que um homem como o Andrew esperaria quatro longos anos para desfrutar de uma mulher?

Rebecca falou num tom de voz serio e controlado, ao ouvir aquilo senti meu coração disparar.

-Não me leve a mal, sei o quanto tais palavras parecem rudes, mas somos amigas e tenho que ser sincera. Não pense que é a única no mundo, já aconteceu comigo e vai acontecer inúmeras vezes, não estamos imunes as ações dos nossos semelhantes. -Concluiu.

-Que discurso arcaico, Rebecca. -Falei ao encará-la. -Muitos casais esperam anos e anos, fazem votos e promessas e esperam por amor, por cumplicidade. E se Andrew não foi capaz de esperar e respeitar meu tempo, talvez ele não me ame tanto quanto diz.

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