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-Pensei que tivesse... -A interrompi.

-Estava procurando pelo colar amarelo, sabe? -Menti ao passar por ela.

-Aquele que ganhou do Andrew no Natal? -Franziu o cenho e eu assenti fingindo estar procurando em minhas prateleiras. -Pensei que tivesse odiado o colar. -Falou com estranheza.

-E odiei. -Suspirei. -Mas ele pensa que eu amei, então... Preciso levá-lo comigo na lua de mel. -Dei os ombros. -Olha, vou ir até a casa da Rebecca para receber meu presente e mais tarde procuraremos esse maldito colar, ok? -A encarei ao sorrir.

-Certo! -Falou ao aproximar-se de mim e beijar minha bochecha. -Vá com Deus e juízo, essa garota Rebecca é um perigo ambulante. -Fez um sinal de clemência ao olhar para cima, ri de tal cena e peguei minha bolsa.

-Quanto drama, Di. -Falei rindo ao abandonar meu quarto, enquanto caminhava até o carro troquei algumas mensagens com Samuel e com Andrew. -Olá, Ryan! -Falei sorridente ao ver aquele senhor de meia-idade que possuía um sorriso cativante.

-Pra onde vamos agora, Lid? -Falou ao se apressar para abrir a porta para mim, mas eu me adiantei e corri em sentindo contrario e me acomodei no banco do carona, vi quando Ryan olhou em direção a mansão receoso que minha mãe pudesse presenciar aquela situação. -Minha mãe está na sala com o Jonah, pare de ser tão medroso! -Falei num tom divertido ao descer o vidro do carro, Ryan suspirou e por fim sorriu ao assentir convencido de minha atitude.

-Jonah é igualzinho... -Falou como se pensasse alto. -Pra onde vamos então?

-Aqui. -Mostrei o endereço em meu celular e ele assentiu ao dar partida no carro.

Assim que adentrei no restaurante pude ver Samuel acenando para mim, em passos rápidos segui até a mesa onde ele estava sentado e fiz o mesmo, acomodando minha bolsa em meu colo. Ele sorriu de uma maneira um tanto estranha, eu apenas balancei a cabeça e suspirei pesadamente.

-Aqui está sua encomenda, senhorita Grier. -Falou ao colocar um envelope de cor parda sobre a mesa. -No prazo, assim como combinamos. -Ele solveu alguns goles de sua taça ao me olhar através de seu par de óculos escuros. Naquele momento a dama que existia em mim não se fez presente e a Lydia curiosa e impulsiva agarrou o envelope.

-Ótimo. -Abri o mesmo e sorri completamente satisfeita ao tocar naqueles documentos, aqueles papeis seriam os primeiros passos para a minha nova vida, eu não poderia estar mais contente. -Ficaram perfeitos... -Murmurei ao olhar minuciosamente, apesar de serem novos, ao mesmo tempo eles tinham alguns detalhes que induziria qualquer pessoa que os olhasse a pensar que eles haviam sido emitidos há algum tempo, o que tornava tudo ainda mais genial.

"Aretha Holt", aquela seria minha nova identidade.

-Fico contente em saber que os documentos agradaram-na.

-Realmente... -E como num passo de mágica recobrei "meus sentidos", endireitei minha postura e rapidamente guardei o envelope em minha bolsa. -Devo contar com sua absoluta descrição, Samuel. -Falei ao encará-lo. -Afinal, sabemos que ambos estamos um tanto quanto errados nessa historia, mas é evidente quem sairia mais prejudicado se caso essa informação vazasse, pois o senhor sabe a influencia que carrego, que meus pais carregam... E em uma situação de risco eles moveriam céus e terras para me livrar de qualquer acusação feita, contratariam os melhores advogados, fora os contatos que meu pai mantêm com pessoas de patente em cargos públicos.

Apesar de estar ameaçando uma pessoa tão perigosa quanto Samuel, a Lydia medrosa que existia dentro de mim estava amuada em algum canto, lutando para não ter um desmaio com aquela situação, eu não poderia demonstrar fraqueza.

-Não precisa usar de suas ameaças comigo, senhorita. -Piscou ao sorrir de forma sádica. -É como aquele ditado mesmo diz que a corda sempre arrebenta no lado mais fraco e eu não tenho duvida algum disso, não seria do meu interesse prejudicá-la. -Balançou a cabeça ao incliná-la para o lado e fitar-me de maneira fixa, causando arrepios. -O dinheiro corrompe os fortes, certo? Eu não sou fraco e vejo que a senhorita também não é, tem apenas aparência de uma garotinha indefesa, mas de longe posso enxergar que herdou o olhar perspicaz de seu avó. -Concluiu ao acomodar seu corpo no encosto da cadeira.

-Aqui está. -Falei ao pegar a pequena bolsa onde guardei o pagamento pelos serviços, estava angustiada, queria me livrar o quanto antes da presença daquele homem. -Pode conferir se quiser.

-Não é necessário, sei que não é do fetiche de sua família enganar os outros. -Piscou ao agarrar o objeto e guardá-lo em seu paletó. -Foi uma honra fazer negócios com você. -Eu apenas assenti e sai em passos rápidos dali, respirando aliviada ao embarcar no carro ao lado de Ryan, finalmente um terreno neutro.

Declínio Where stories live. Discover now