46. Dançando com o inimigo

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Monstros de terno sempre assombraram seus sonhos os transformando em pesadelos

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Monstros de terno sempre assombraram seus sonhos os transformando em pesadelos. Nunca tiveram rosto, nem voz, mas conseguiam espantar seu descanso e implantar terror nos seus passos. A cada esquina que virava tinha que verificar se estava alguém á sombra. Todos os seus instintos despertavam apenas por uma coisa... sobreviver. Era só por isso que existia, até o dia em que Margareth a empurrou para dentro daquele quarto e parou nos braços de Colin Vaughn. Ali encontrou esperança.

Mesmo que tenha demorado a perceber, naquele dia tudo mudou. Colin a deu vislumbres de liberdade e a aliciou a querer mais da vida. E ela, permitiu-se descobrir e assumir seus sonhos, seus desejos. Aprendeu a viver e a pensar numa possibilidade de vida sem medo, sem fugir, sem se retrair. Aprendeu que viver podia ser mágico, e que até ela tinha direito de querer algo melhor enquanto existisse.

Mas sonhar com uma vida livre e alegre era ilusão. Quando começava a a acreditar que sua felicidade era real, tudo desmoronou. Agora os monstros não eram mais projecção de seus medos apenas na sua mente, tinham presença. Omar era real. Assim como todo o terror que ele expelia de sua boca como a coisa mais natural e bondosa a se falar.

- Estou a oferecer a maneira mais cortês e pacífica de sair desta situação. Divorcie-se do Vaughn. Diga ao seu pai para voltar de onde quer que vocês o tenham escondido. Vocês dois vão comigo para Riad, você, para terminar o dever do qual sua mãe fugiu. Ele, para reparar os danos que causou á sua família e toda nação.

- Percebe que o que me está a falar é um absurdo, certo?

- A decisão é toda sua, senhora Vaughn, mas vale lembrá-la do está em jogo aqui. - continuou o árabe - Todo o futuro do seu marido, da família e da empresa dele. Ele irá querer lutar por si e eu vou lhe destruir, sabe que sim. O meu poder é a força de uma nação inteira. Vaughn não é páreo para mim. Estou a dar a possibilidade de salvar o homem que ama e todos aqueles que dependem dele. Não pode ser tão egoísta e repetir a insensibilidade do seu pai.

Sua última frase intriga-a.

- O que quer dizer com isso? Meu pai salvou a minha mãe.

- Quão heróico! - O sarcasmo é tão óbvio quanto sua felicidade com a confusão que causa nela - Pergunte ao seu pai o que ele deixou para trás em Riad e esperemos que lhe sobre um pouco de honra para falar a verdade depois de anos a mentir para si. Eu não sou vilão, senhora Vaughn, minha agenda é apenas restaurar a ordem que foi violada por dois amantes rebeldes. Eu jurei ao meu pai e toda Riad restituir a honra e o temor do seu povo ao Sheik enquanto ainda respirasse e não vou falhar. Nada vai me parar, Ariela. Devo mostrar ao povo que há consequências para quem ousa desafiar o nosso poder, não importa quem seja.

- Quão heróico é o senhor! - usou do mesmo sarcasmo - Eu estava tremendo de medo quando vim aqui, mas agora, ouvir-lhe simplesmente me deixa enjoada. Fala de honra e temor do povo. Por que não pensa em fazer o bem e ganhar o amor da sua nação? Eu realmente não entendo como pode ainda acontecer algo desse género em pleno século vinte e um. Usam pessoas como objectos e tem prazer em aprisiona-las e violar todos os seus direitos. Não há honra nenhuma nisso. Pisar nos outros para estar em cima e só se sentir vivo e melhor quando alguém curvando-se a si? É isso que lhe faz sentir poderoso? Pois saiba de uma coisa, vossa alteza. Eu me mato antes de ser símbolo de algo tão repugnante. O maldito do seu pai irá partir desta para o inferno com sua alma podre e seu reino em caos se depender de mim.

O estalar da palma de Omar sobre o rosto de Ariela ecoou repetitivamente pelo salão mesmo depois dela perder o equilíbrio e cair no chão. Ele a puxou pelo braço e levantou, agarrando-a com força. Seus olhos cheios de ira queimaram sua pele, ela sentia o fogo de sua raiva engoli-la inteira. Acrescentando ao ardor da bofetada na sua bochecha, o osso do seu braço parecia prestes a partir sob o forte aperto da mão dele. Tentou se soltar, mas nem um milímetro dele conseguiu mover com sua força. Havia sido imprudente ao lhe enfrentar e ferir o orgulho dele. Insultar o propósito dele e seu pai, o herói da vida dele, era bastante inconsequente na situação vulnerável em que estava. Omar não ia permitir tamanho desrepeito, muito menos dela.

- Tão imprudente como a sua mãe. Você é só uma peã, minha serva, não tem decência sequer para me olhar nos olhos. Pense nas suas palavras duas vezes antes de se dirigir a mim. Eu posso fazer consigo o que eu bem quiser e não há lei que me condene.

- Se engana, vossa alteza. Não estamos no seu sheikado e eu sou Ariela Vaugh Smoak, cidadã de um país onde as pessoas nascem livres e eu conheço os meus direitos. Não pode provar quem eu sou sem o meu pai e se pudesse fazer o que quisesse comigo não estaríamos aqui a ter esta conversa. Então por que não pára de treta e larga-me o braço agora ou vai receber um processo por agressão.

A valentia dela mesmo na situação tão desvantajosa em que estava lhe confundiu. Apertou-a mais o braço e puxou para mais perto de si. Cerou os dentes e rujiu.

- Não me teste, Ariela. Você não sabe do que sou capaz.

- Eu sei exactamente que tipo de monstro você é. Passei a minha vida cheia de medo de vocês, mas não mais. Em contrapartida, você não sabe nada de mim, mas vou lhe dizer. Não sou sua escrava, sou uma mulher livre. Nasci de uma mulher destemida, uma guerreira forte que desafiou aqueles que tentaram aprisioná-la e se fez livre. Eu nasci livre. E não vou me curvar a si e nem a ninguém. Não vou deixar que me aprisione nem que destrua a vida que tenho pela frente. Não vou permitir que interrompa meu sonho. Isso é o que vim aqui lhe dizer, vossa alteza. Então pode posicionar sua tropa para lutar se é o que a minha liberdade e do meu marido vai custar, nós vamos lutar. Estamos dispostos a perder tudo se tiver que ser. Pode até levantar sua mão asquerosa sobre mim outra vez, mas saiba que para a sua gaiola de ouro eu só vou se estiver morta.

Omar dilatou e ganhou cor, pego numa situação inesperada. Não esperava tamanha afronta, tampouco ver aquela determinação inabalável de quem estava a apostar tudo. Quem aquela mulher pensava que era para lhe desafiar de tal forma? Em que ela confiava para lhe fazer frente e insultar quando só eles os dois estavam ali? Ninguém nunca se atrevera a desafiar seu poder e olhar-lhe firme nos olhos com fogo equiparável como ela o fazia. Ou Ariela Vaughn era uma mulher extremamente destemida ou era muito maluca.

Mas ela morria de medo por dentro. Sentia frio e arrepios intensos, mas o calor que sua gana de ser livre emanava era maior. Quando uma parte da sua mente dizia para se retrair e pensar que estava a cutucar a onça com a vara curta, outra parte se lembrava das secções com Colin e todos encorrajamentos que deu a ela para nunca se render se um dia estivesse de cara com o Sheik, desmascarada.

- Você consegue, coração. Você tem a força, a coragem e determinação que precisa para enfrentar o que for. Não se renda, nunca. Se Omar estiver em frente a si, olhe firme nos olhos dele e diga tudo o que a faz lutar, sem mostrar seu medo.

- Eu não sei, meu amor. Se você acha que ele vai descobrir, não devíamos tomar mais cuidado? Sei lá, talvez eu devesse ir onde meu pai está. Não vamos conseguir vencer contra ele.

- Meu amor, eu sei que é o medo a falar, você não tem que ouvir a ele. Fecha os olhos e se concentra na outra parte da sua mente. Aquela parte louca e insensata que diz que você é imbatível e pode tudo. Que sabe que você quer viver, não sobreviver. Que diz que você não precisa se esconder. E você não precisa se esconder, Ari, não está sozinha nesta luta. Estou ao seu lado e lutaremos pela sua liberdade juntos. Aliás, lutaremos pela nossa liberdade. Se não lutarmos, não há chance de sermos livres. Aquele filho da mãe mexeu com nossas vidas e nós vamos recuperá-las.

- Então assim será, princesa. Seu falso casamento não a irá proteger por muito tempo. Sabe que não há como escapar. Em breve o prazo do seu contrato de casamento expira e estará nas minhas mãos de qualquer jeito. - disse Omar, e se deleitou com o semblante fantasmagórico da sua refém. Sorriu - Está surpresa? É claro que eu sei da farsa porque eu impedi o verdadeiro casamento.

- Você é um filho da mãe.

- A sua língua vai colocá-la em sérios problemas, princesa. Mas nós vamos ter imenso tempo para resolver isso. - disse Omar e passou o dedo no auscultador que tinha preso no ouvido e que só naquele momento Ariela percebeu que ele trazia. O pequeno acessório acendeu - Mu'tasim, pode entrar. - disse e Ariela sentiu seu pânico crescer. O que ele tinha em mente?💐

Um sonho Para MimWhere stories live. Discover now