49. O Peão Mais Sortudo Da História

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- Como assim à nossa? Nossa família nunca ia participar de uma atrocidade desse nível. - afirmou Vaughn, mas o semblante frouxo de Sanderson pôs-lhe inquieto com sua própria afirmação - O quê? Que cara é essa? Não vai me dizer que estou enganado, pois não?

Rupert encarou o irmão e lhe arrastou para uma viagem ao passado. Perguntou se ele se lembrava de quando cheguou à casa com Alfred pela primeira vez.

Colin estranhou a pergunta, mas decidiu não contestar e recobrar quão inesperado tudo foi. Seu pai havia viajado a negócios e voltou com um menino ligeiramente mais novo que ele. Segurava-lhe pela mão quando desceram do carro e o menino parecia tímido, talvez assustado ou mesmo triste.

- Você estava a nadar na piscina, e quando ele nos apresentou e disse que seria teu novo irmão, você sorriu, feliz, e me disse "bem-vindo a casa. Eu sempre quis um irmão". Abraçou-me e me deixou todo molhado. Aquele momento mudou tudo Colin. Mudou minha vida toda.

Colin quase sorri ao lembrar que sua afeição foi imediata. Enquanto Margareth enlouquecia com a chegada repentina de Rupert, ele recebia o desejo de natal que repetiu por anos e sua mãe dizia que devia experimentar pedir algo menos exigente.

- Eu era solitário antes de ti, meu irmão. Você mudou minha vida também.

- Meus pais... Eles... eles nunca me quiseram ter. Abandonaram-me sob os cuidados do meu avô logo que nasci e se mudaram para Austrália. Para ter uma vida melhor. Num país novo. Num lugar melhor onde pudessem ser livres e recomecar. Quem lhes pode julgar por isso?

- Eu sempre pensei que eles estivessem mortos, por isso você cresceu sob cuidados de um tutor em Londres. Você me disse isso. Nosso pai nos disse isso. Ele mentiu? Porquê?

- Eu acharia que para me proteger, mas agora já não sei se era em mim que ele pensava ou na sua maldita imagem.

- Não entendo isso, Lupe.

- Nós nunca conhecemos o nosso pai de verdade, Colin. Ele nos mentiu sobre tudo. Sobre a adopção. Sobre a minha origem. Sobre o meu propósito aqui. Eu não sou filho adoptado dos Vaughn coisa alguma. Eu sou o peão usado para saldar o prejuízo que a sua família sofreu com a crise após acusação de pai no caso da mãe da Ariela.

- Não. Não pode ser.

- Meu nome de baptismo é Rupert Sanderson Al-Hadid . Filho de mãe Australiana, Rose Sanderson e pai árabe, Osman Bin-Raheem Hadid. Sou neto de Raheem Bin-Osman Al-Hadid.

- Al-Hadid? General Raheem Al-Hadid? O antigo general da força militar de Riad? - Ariela perguntou, em choque.

- O próprio. - Rupert explicou o que descobriu quando recebeu o decreto e toda informação que seu homem conseguiu sobre a peonagem na Arábia. Havia mandado que se procurasse o máximo de informação possivel de juntar, incluindo casos passados, executados e não. Queria encontrar qualquer coisa que ajudasse a construir uma defesa forte e salvar sua cunhada, mas o que teve foi pior. Ver o nome do seu pai adoptivo na capa de um caso executado e considerado o de maior sucesso em Riad intrigou-lhe bastante, mas o pior foi ver sua fotografia como objecto de liquidação.

Alfred Vaughn foi acusado de ser amante da princesa Assuh Al-Faheem e de ter orquestrado sua fuga de Riad há 27 anos. Seu avô biológico, o general Raheem Al-Hadid, foi o responsável pela investigação que chegou a essa conclusão. Por conta do escândalo subsequente, os árabes romperam as relações com os Vaughn e, como vingança, lhes causaram a maior crise financeira que eles já enfrentaram. No entanto, o verdadeiro amante da princesa, um dos trabalhadores dos árabes, Frederick, foi desmascarado. Pelo nível de prejuízo causado, principalmente à integridade dos vaughn, a compensação ascendia ao nível de honra e os árabes impuseram cobrança sobre o general. Assim ele perdeu, além do seu património, o seu único e amado herdeiro, o neto que tentou manter separado da vida controversa de Riad mandando-o para viver e ser educado em Londres.

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