50. Casados Para O Caso

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A noite caiu sobre eles e as luzes no jardim da propriedade de Colin e Ariela foram acesas. Não estavam para recolher dali tão cedo, e interromper a comemoração bastante privada que estavam a ter estava fora de questão naquele instante. Como disse Lupe, a noite era ainda uma miúda e havia muito champanhe por estoirar.

O dia estava a ser, de forma inesperada, maravilhoso. A cerimónia religiosa havia sido muito simples e rápida, apenas os seis estavam lá com o padre e o acólito. Já na casa, Margareth levou a Jó e uma amiga sua. Foi um pouco tenso a princípio quando reencontrou-se com Rupert depois que ele saiu de casa, mas o que uma boa bebida e a alegria de um casamento não faziam com o humor de alguém?

Estavam todos a se divertir. Até Hope havia conseguido se enturmar e conversava animada com Jane e Lupe. Quis ir cedo à casa alegando que devia cuidar dos sobrinhos, mas Ariela conseguiu fazê-la ligar para a vizinha e pedir que fosse a sua casa dormir com as crianças pois chegaria tarde, e estava grata por ter cedido.

Quem parecia não gostar de alguma coisa foi Jó. Por um momento ela se retraiu e afastou-se do grupo para se isolar. Levou com ela um copo de whisky, mas não tomou um gole sequer. Ficou com ele na mão por muito tempo, sua mente conturbada e o coração a se corroer de ciúmes e dor. Moira despediu-se dos outros para ir atrás dela, o que fez Jane juntar-se a Margareth e a amiga, deixando Rupert e a detective sozinhos.

Lupe sequer se esforçava em disfarçar, ficou a olhar fixamente para ela, o que deixou Hope estranhamente desconfortável.

- O que foi? Perdeu algo em mim? - perguntou.

- Não sei, estou à procura de uma detective irritante. É como se fosses outra pessoa.

Hope riu. E vê-la fazê-lo era incrível. Ela tinha um sorriso muito bonito. Seus lábios vermelhos já ligeiramente descoloridos em algumas partes se curvavam e abriam sem freios e seus olhos acompanhavam-nos com um brilho característico de quem está feliz.

- Claro. Não é que eu passe a vida de cara amarrada e lançando insultos as pessoas a exibir meu distintivo. - disse ela. - posso ser humana também, Rupert.

- Fica-te bem. - disse-a - devia experimentar mais vezes.

Enquanto a amizade deles se formava, Jó sentia seu amor doer ao lhes observar. Moira parou ao seu lado, ela teve que ser rápida ao virar e limpar os finos fios de lágrimas, mas já ia tarde, a cassula dos irmãos havia visto tudo e já há muito havia percebido que talvez a protegida de Margareth nutrisse algum desejo pelo descomprometido do seu irmão.

- Você está bem, Jozinha? - perguntou. A universitária fechou os olhos e abanou a cabeça, a dizer não. Suas lágrimas voltaram a cair e ela as limpou.

- Mas vou ficar - afirmou, mais para si do que para Moira - Eu sempre soube que não tinha chances. Ele nunca olhar ia para mim.

Moira passou sua mão delicadamente no ombro dela.

- Coisas do coração nunca são fáceis. Eu não entendo porquê têm que nos causar tanta dor, mas acho que faz parte do processo. Sei lá. Eu sou uma perdedora nesse assunto também. - disse Moira, e se pôs sentada na madeira do soalho, ajeitando seu vestido. Olhou para a jovem que sustentava ainda um olhar triste e estendeu a mão - Vai tomar essa bebida ou seu coração partido não deixa nada passar pela tua garganta? Me vinha a calhar agora.

Jo pareceu se lembrar da bebida só naquele momento. Entregou-a a Moura e se sentou ao seu lado.

- Ela é bem melhor que eu. - disse a jovem e sorriu com dor - nem me comparo. Quem sou eu? Uma mosquinha morta. Não sei como isto aconteceu comigo, sabe. Eles são perfeitos lado a lado.

Um sonho Para MimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora