19. Um convite acima da Hora

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Quando desceu para o pequeno almoço Colin já havia saído, Inês disse.

- Sequer tomou o batido dele hoje. Está tudo bem, senhora?

Ariela notou o tom preocupado da empregada e só pensou em como Colin era péssimo a disfarçar, mas voltou a procurar retirar essa ideia de sua cabeça. Foi exactamente por se apegar ás péssimas habilidades de actuação dele que começou a acreditar que todo o amor e carinho que demonstrava eram algo que ele sentia por ela de verdade. A noite passada provou que não, talvez ele soubesse mentir quando fosse seu interesse em jogo.

- Está tudo óptimo, Inês. Problemas do trabalho lhe deixam assim.

Inês acenou, mas seu semblante mostrava claramente que acreditava no que disse tanto quanto ela.

- Chegou este convite para a senhora, esta manhã. A senhora Wanda Suleia trouxe pessoalmente e disse estar ansiosa para conhecê-la em pessoa no chá em sua casa.

Um convite de Wanda Suleia?Ariela recebeu o envelope rústico em papel kraft e tirou de dentro o convite para o chá na casa da socialite ao fim do dia. Por baixo das letras dactilografadas vinha uma nota escrita a mão a pedir desculpas pelo envio tardio, mas realmente apreciaria se ela pudesse participar.

- Obrigada, Inês. Pode ir, eu me sirvo.

Inês retirou-se da sala e Ariela ficou parada um pouco mais a pensar na razão por que Wanda Suleia iria convida-la para um convívio na sua casa. Essa mulher é amiga de Monique Vaux-Durant, todo o mundo sabe. Em todos os eventos em que a francesa participava quando estivesse no país, a socialite estava ao seu lado.

Ela senta-se no sofá e alcança o telefone. Enquanto a chamada não é atendida do outro lado da linha ela não pára de pensar naquele convite. Wanda não estava no seu casamento. Devia saber do plano de Monique desde o princípio. O que queria dela agora? Não acreditava que fosse um gesto de simpatia.

A primeira recomendação que recebeu de Jane ao falar do convite que recebeu foi de deita-lo no lixo devido ao atraso no envio, mas quando Ariela revelou o nome da anfitriã ouviu-se um silêncio do outro lado da linha.

- De Wanda Suleia? Oh merda! O que essa vaca quer? - Jane perguntou.

- Eu esperava que me desses um palpite.

- Nada santo, pode ter certeza. Eu acho bom preparares alguma munição porque com certeza ela vai te lançar bombas, Ariela. Esse convite não é de bem.

- Por que você acha que eu liguei? Eu senti as energias negativas mal Inês entregou-mo. Eu podia simplesmente agradecer a consideração e responder educadamente que não poderei ir.

- Aí é que está, minha flor. Não se recusa um convite de Wanda Suleia ou será suicídio social completo, o que nós não queremos, principalmente com o projecto do centro de artes e recriação a acontecer. Ela pode nos sabotar. Você tem que ir.

- Jane, eu não conheço essas pessoas que estarão lá e nem.me importo em me enquadrar nesses círculos das madames.

- Sinto muito querida, mas no mundo em que você se meteu, se você se importa ou quê, nao interessa. Tem que fazer certas coisas porque tem que fazer. Não sei que não serve de consolo, mas talvez a Margareth vá também.

- Realmente não ajuda, é mais uma a querer me humilhar. Mas tudo bem, Jane, eu vou para essa droga de chá.

Ariela desliga a chamada sabendo que estava tramada, iria passar um fim do dia infernal, caminharia para a própria desgraça, só não sabia como seria.

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