5. Até que o prazo nos separe

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Quando estava com medo, Ariela gostava de se enfiar na sua cama, cobrir-se completamente com os lençóis, fechar os olhos e esperar o sono para escapar da sua vida por um tempo. Decerto que o problema estaria à sua espera quando acordasse, mas o sono era sua terapia, estaria mais relaxada e com a mente renovada para enfrentar o que fosse.

Dormir na avioneta foi fácil. No momento em que Colin pediu por meia hora para dar instruções importantes sobre alguns investimentos seus na bolsa de valores, ela decidiu que era hora de buscar o sono. Dormir para fugir dos pensamentos que giravam na sua mente sobre o casamento desde a conversa com seu pai quando lhe foi despedir.

Frederick Smoak estava com a sala toda destruída que Ariela ficou com medo de seu apartamento ter sido invadido, mas sua vizinha e amiga Wenda dissr que seu pai havia derrubado tudo sozinho quando viu as fotografias que Jane vazou nos média através dos programas cor de rosa da televisão.

Ariela ficou aliviada que Vaughn não tenha decidido entrar consigo na casa. O carro dele esperava em baixo do seu prédio, disse para ela tomar o tempo que precisasse para conversar com seu pai, ele não iria a lugar algum sem ela.

Seu pai era um homem de saúde frágil, vê-lo também alterado por sua causa a matava por dentro.

- O que você fez, Mira? - ele perguntou, segurando as mãos da filha com força, pavor nos seus olhos.

Ariela procurou colocar o pai de volta na sua poltrona enquanto lhe acalmava, o esforço que ele fazia para ficar em pé somado ao choque do seu casamento não lhe faziam bem.

- Está tudo bem, ab (pai). Não se preocupe com nada.

- Você se expôs. Agora eles nos vão encontrar. Por que fez isso? Porquê?

- Ab, não, não vão. Não têm como saber que sou eu. Confia em mim, este casamento vai nos proteger. Eu sou uma Vaughn agora, estou no topo e eles podem procurar em qualquer sítio, mas nunca vão imaginar que eu estou bem debaixo do seu nariz. Estamos seguros, pai, não há nada a temer.

- Não há nada a temer? - Frederick limpa o suor de sua testa com a palma da mão - Você se esqueceu? Se esqueceu do que passamos para nos vermos livres? Tua mãe deu a vida por ti, para te manter segura, longe deles. Jogaste a vida que ela lutou para te dar no lixo.

- Que vida, pai? Que vida? Uma vida de medo constante e olhos nas costas porque a qualquer momento eles podem nos encontrar? Nunca estivemos livres de verdade. Eu até podia fingir que enfim estava no meu lugar de dia, mas caia a noite e eu me lembrava que tenho a marca no meu sangue e só por isso eu não tenho direito a nada. Que alguém tem posse da minha vida e se me aparecer à frente ninguém poderá impedir que faça as vontades sobre mim. Sim, eu me casei com Colin Vaughn do nada. Me casei para romper essa corrente e me firmar como Ariela. Eu sou Ariela Vaughn agora e ninguém tem mais do que reclamar e ninguém vai pensar que tenho um passado, se tenho, acham ele medíocre demais para merecer sua atenção. Eu sou para o mundo a insignificante assistente que se casou com um dos homens mais poderosos do país, nada mais. Estou livre, pai. Estamos livres.

- Não, minha filha. Estamos condenados. Você vai ver.

***

Partir para a lua de mel e deixar seu pai naquela situação foi algo que ela teve que fazer porque ficar significava aceitar o medo dele e sua crença no pior. Ela havia feito a coisa certa, estavam seguros agora, nisso é que devia acreditar.

Um sonho Para MimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora