6. Prometo estar aqui

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Ariela esteve a espera do momento em que ficariam a só para para finalmente poder lhe dizer que não estava certo o que ele fazia com ela, mas logo depois que um saia, outro aparecia para lhes saudar, desta vez foi a gerente do restaurante - não havia um minuto de descanso ao lado de Colin.

Se pudesse ser honesta com seus sentimentos ela rolaria os olhos e suspiraria, arranjaria um microfone e subiria numa cadeira para gritar para o pessoal todo ali que não queria mais simpatias na sua mesa, que apreciaria bastante a graça de desfrutar da sua refeição sem ter que parar a cada trinta segundos para sorrir aos conhecidos e simpatizantes de Colin, e acima de tudo, que queria um momento privado com o seu marido.

Ela não tirava os olhos dele enquanto sorria para a gerente que só ia saber se precisavam de mais algo. Ele diz que não, então ela reforça sua disponibilidade para eles e se despede. Chama-a por senhora Vaughn, e isso soa muito estranho e desconfortável, como se não fosse a ela que se refere, principalmente agora que sente um abismo enorme entre si e Colin quando o que devia ter acontecido era se aproximarem.

O sexo devia fazer isso, certo? Unir duas pessoas além da carne, firmar a intimidade e permitir que elas partilhem amor, cumplicidade e muito prazer. Mas a eles havia separado, acabado com toda a aproximação que haviam criado naquele dia.

Colin sequer voltou para a cama depois que saiu para a varanda e mal olhou para ela naquela manhã. Se sentir rejeitada no seu primeiro dia de casada era demais, principalmente por saber que não tinha culpa do que aconteceu.

Ele estava confuso? Talvez, podia estar até arrependido, mas ela não lhe obrigou a nada.  Ele é quem tinha tudo sob controlo, como a tocou se não queria se envolver?

Ariela queria ser tão frívola como ele e ignorar aquela noite, mas não conseguia. Pensa em tudo o que houve desde que acordou sem ele e entende onde aconteceu o erro, não tiveram tempo de deixar claros os limites de sua relação.

Ela se guiou pelo desejo. Viveu dois anos de sua vida a trabalhar para aquele homem sem pensar nele além do campo profissional, para ela, Colin era somente o homem inteligente que mantinha a empresa a gerar dinheiro e de quem queria ficar perto para ter acesso a informações privilegiadas sobre o movimento dos seus perseguidores no país, mas bastou um dia apenas para tudo mudar e ela perceber que estava diante de um homem que tinha todas as qualidades para ser perfeito alvo de seus desejos.

Ela quis que ele a tocasse e se entregou, e isso não teria sido problema algum se tivesse sido com um homem comum, casualidade era o único tipo de envolvimento que conhecia. Mas o caso daquela noite não havia sido qualquer um. Havia sido Colin Vaughn. Seu chefe. Seu marido por contracto. E só por ser ele, tudo era diferente.

Colin continua a desfrutar do seu pequeno-almoço como se ela não estivesse ali e isso dói nela. Será que ele não pensava na noite passada? Havia sido só mais uma e pronto? Não se lembrava dos beijos intensos, dos toques destemidos e gemidos desinibidos? Pareceu paixão, desejo, por que ele desconsiderava tudo isso como se não tivesse significado nada? Como conseguia?

- Por favor, fala alguma coisa - ela quebra o silêncio - Estar casada com o meu chefe já é estranho e desconfortável o suficiente. Seu silêncio só deixa tudo pior.

Ele olha para ela e a expressão aflita dela derruba a parede que queria levantar. Larga os talheres e suspira.

Não sabia exactamente o que dizer depois da noite que tiveram porque nunca se viu numa situação daquelas antes. Nunca havia se sentido tão tentado e proibido ao mesmo tempo como no dia anterior.

Foi abandonado no altar pela única mulher a quem estava disposto a dar tudo de si e por um tempo se sentiu no fundo do abismo, casar-se com Ariela havia sido como içar uma corda na superfície numa tentativa desesperada de salvar seu orgulho perante o mundo fora porque por dentro estava em cacos, mas ela havia feito muito mais do que esperava.

Um sonho Para MimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora