55. plano A

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A campainha da casa de Colin tocou e a empregada apressou-se a abrir a porta. Margareth irrompeu pela sala com ar de preocupação e encontrou Moira deitada no sofá a trocar os canais de televisão com ar aborrecido. Ela apenas levantou a cabeça e quando viu que se tratava da tia voltou a encosta-la á almofada suspirando.

— Estão trancados no escritório. — disse, sua atenção de volta à televisão.

— Junto com as tuas boas maneiras, imagino. — Margareth alfinetou perante seu mau comportamento. Seguia para o escritório quando Moira respondeu.

— Oh, isso vocês conseguem ver. Que tal continuarem a me ignorar como têm feito há dias me colocando á margem do que quer que estejam a tratar lá dentro? Acham que não percebo que algo está a acontecer aqui? Eu não sou mais criança, fala-me, tia. O que tanto me escondem?

Margareth virou-se para a sobrinha, irritada pela afronta.

— Para quê quer tanto saber? Para sair por aí metida a investigadora e arruinar todo o mundo outra vez?

— Arruinar todo o mundo outra vez? O que quer dizer com isso?

— Exactamente o que está a pensar.

— O quê? Que eu tenho algo a ver com o que está a acontecer? É isso? É isso, tia? Responde. O que eu fiz desta vez? — Moura grita, exaltada.

— Você quer realmente saber o que fez, Moira? — Margareth retorna á sobrinha, disposta a expelir o que tem preso na garganta — Pois bem. Você foi a Riad e desenterrou a hist...

— Mãe! — A voz de Colin interrompe-a. Tia a sobrinha viram-se para ele que acabava de chegar á sala acompanhado por Ariela e Rupert, todos carregados de expressões assombradas e condenatórias para a matriarca — O que pensa que está a fazer?

— Ela perguntou.

— Este é um assunto que não tem nada a ver com ela, mãe. Moira é apenas uma criança.

— Eu quero saber o que se passa. Por que a tia diz que é culpa minha? O que eu fiz em Riad?

Rupert apressa-se para o lado da irmã para acalma-la.

— Nada. Você não fez nada de errado. A mamã está com a cabeça confusa e procurando culpados onde não existem.

Moira afasta o braço de Rupert do seu ombro.

— Vocês me estão a esconder coisas, eu sei. Não sei porquê. Talvez para me proteger. Mas eu peço que parem. O que quer que seja eu posso lidar. Não vou mais perguntar, sabem onde me encontrar quando acharem que cresci o suficiente para saber.

Moira sai da sala e da casa deixando os quatro em clima de guerra.

— Está satisfeita, mãe? Nem em momento sério assim consegue dar um intervalo á coitada da Moira? Quando vai parar com isso?

— Por favor, Colin. Essa menina consegue entrar-me debaixo da pele, e eu não suporto isso. Descontrolei-me.

— Eu não quero que ela saiba, Margareth. — diz Ariela — Não é culpa dela. Por favor.

— Tudo bem, tudo bem. Vou me conter da próxima. Agora vamos lá falar do que importa.

— Ao escritório, por favor. — disse Colin e seguem os quatro ao escritório onde contam á matriarca sobre a gravidez. Margareth empalidece e levanta-se da cadeira, inquieta.

— Isto parece uma tragédia. É uma complicação atrás da outra. Você tem certeza de que foi baptizada em nome do pai, do filho e do Espírito Santo, Ariela? Que agouros você carrega, afinal? Eles não podem saber dessa gravidez.

— É uma gravidez. Não posso esconder por muito tempo, por mais que eu queira.

— Só até finalizarmos o acordo. Eu te tirei do hospital o mais rápido que pude e garanti que teus exames não sejam divulgados nem por falha para ninguém, caso o Al-faheem decida investigar. Lupe vai acelerar as negociações e tentar fechar isto o mais rápido possível. O que se quer agora é que mantenhas descrição, amor.

— Eu farei isso.

— Estes casos geralmente são demorados. Vão a corte de Riad várias vezes e levam meses. Eu vou tentar fechar em três meses. Se por acaso nesse tempo houver risco de descoberta da gravidez, você terá que fugir, Ariela, como sua mãe fez.

Ariela sente um frio varrer sua espinha com aquelas palavras de Rupert e se refugia nos braços de Colin. A história voltava a se repetir e, apesar de tentar apegar-se a boas vibrações e esperança, seu peito aperta e sente que algo vai dar muito errado naquilo tudo.

Há momentos em que pensa que nunca devia ter casado com Colin. Se nunca tivesse dito sim, talvez sua vida tivesse continuado simples como era. Colin e sua família estariam bem, àquela altura já teria superado o abandono de Monique, ou talvez até tivessem se reconciliado e felizes. Mas já era tarde demais para pensar naquilo tudo. O que um dia foi um sonho estava agora a ruir e não podia fazer mais nada a não ser deixar tudo nas mãos do destino.💐

Um sonho Para MimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora