29. Guerreiros e Caídos

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A campainha tocou pela terceira vez e Margareth não pôde mais ignorar

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A campainha tocou pela terceira vez e Margareth não pôde mais ignorar. Tirou a máscara e reparou no relógio, tinha mesmo razão em estar indignada com alguém indo acordá-la áquela hora - eram três horas da madrugada.

Saiu do quarto para caminhar pelos longos e silenciosos corredores da casa. Sem Rupert por perto a casa era ainda mais solitária. E ter que acordar a altas horas para atender a porta a se fazia sentir mais sozinha. Em tempos a casa teve vida contagiante. Colin, Rupert e Moira viviam a correr pelos corredores, a se esconder debaixo dos móveis e dentro dos armários e ela vivia gritando para que eles paressem de pular nos seus sofás. Sorria sempre que se lembrava de suas travessuras, embora nos tempos a deixassem encolerizada. Faziam muita falta naquele momento em que todos já estavam crescidos e a viver suas próprias vidas, tão longe e desligados dela que não parecia que já foi sua pessoa favorita quando ainda eram meninos.

Essa é a parte mais difícil de ser mãe. Aceitar que um dia os seus bebés irão crescer, descobrir o mundo e encontrar seus próprios lugares longe do seu colo. Que terão novo amparo e um novo porto seguro para onde correr quando as coisas ficarem duras como faziam consigo quando se feriam a brincar.

Mas a vida é assim, ela sabia, e buscava estar próxima deles o máximo que podia nessa nova fase. Colin havia voado do seu ninho muito cedo quando seu pai lhe pôs a estudar na universidade no estrangeiro. Moira havia sido tirada de si pelos trapaças do destino - lamentavelmente nunca conseguiram se ajustar uma a outra após a descoberta da génese da menina que sempre teve como sua sobrinha querida, quase uma filha. O único consolo era Rupert, esse filho que veio como um prémio depois da tormenta. Que ela tanto se negou a tomar, mas no fim conquistou seu coração com sua energia contagiante que era impossível não aceitar que há flores que nascem do fogo.

Rupert era o seu menino, seu eterno pupilo que não aspirava comprometer-se com nada além do seu trabalho e, jurou a ela não amar nenhuma mulher mais que a ela. Ia pega-la pela mão e leva-la a passear no parque quando fosse velhinha e tivesse alzheimer - dizia ele quando se deitava no seu colo quente de mãe nos momentos em que se sentia carente de amor.

- Colin acha que eu não sei o que é um verdadeiro amor, mas ele se engana. Eu sei o que é amor. E amo sim. Amo muito a uma mulher. Você mamã.

Margareth sempre ria e dizia para ele que tudo isso soava muito bom, mas que também sabia que chegaria o dia em que o coração dele ia acordar e latir pelo amor de uma jovem linda e encantadora, e que ela estaria pronta para lhe deixar ir porque por mais que uma mãe gostasse de ter os filhos no seu colo, não há nada que a faça mais feliz que ver eles voarem independentes e plenos longe do seu braço - ela sabe que não estará ali para sempre.

Do topo das escadas viu, á porta da sala, Joanette, uma das empregadas que passava a noite num dos quartos do rés de chão, já a atender os visitantes. 

- Jó, quem está aí? - perguntou, a se aproximar.

- Senhora Vaughn, estão aqui estes agentes da polícia e desejam lhe falar. - ela respondeu, educadamente.

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