52. O Preço Da Liberdade

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Ariela abriu a boca para contestar, mas desistiu a seguir. Olhou para a rival e a contornou. Precisava de se mover para dominar seu assombro e não expulsá-la de forma rude.

- Você está louca, Monique, só pode. Nada do que falou faz sentido. Eu não vou desistir da minha vida e me entregar. Não vou viver enjaulada com aqueles monstros. Como pode me sugerir isso? Não é humano, Monique. Quer-me assim tão mal? E ainda diz que superou tudo o que houve entre nós.

- Deixa-te de paixões, Ariela e seja racional. Isto não é sobre ti e Colin, tampouco sobre romance. Vocês estão a gastar suas forças em vão e a condenar vidas de milhares de pessoas á desgraça com esta luta. Não vão ganhar dele, nunca, não percebes?

- Claro que vamos ganhar. A lei que eles mesmo criaram me protege. Omar não pode me tomar a força. Eu posso ser livre e eu escolho isso. - disse Ariela com orgulho.

- E a que preço? O que vai custar a tua liberdade? Não pensas nisso? Colin vai perder tudo.

O coração de Ariela apertou. Ele chorava toda a vez que ela pensava no preço da sua liberdade. Tentou chamar Colin a razão sobre isso, mas ele não se importava. Colin estava tão decido a lutar por ela que até conseguiu o apoio de Margareth nisso.

- A nossa família está disposta a ir até o fim nesta luta. Margareth inclusive.

Monique sabia até onde eles estavam dispostos a ir, por isso estava ali, a falar especificamente com ela.

- Enlouqueceram todos. Mas eu não vou deixar vossa falta de parafusos afundar minha torre também. E por isso estou aqui, a falar consigo.

Abriu sua bolsa e de lá tirou um envelope branco de tamanho A4. Ariela cruzou os braços para ver a cartada que esta ia jogar, decidida a rebater o que quer que ela dissesse.

O que a francesa revelou do envelope deixou-a confusa que a fez se remexer, era uma fotografia de uma menina adolescente e colocou sobre a mesa. Esta carregava uma taça nas mãos e um sorriso sem medidas no rosto. Á sua frente, sobre uma mesa branca, havia algum aparelho electrónico que Ariela não soube identificar.

- Essa é a Angelé. Tem dezasseis anos e seu pai é operário da nossa empresa na França. Ela é uma cientista incrível e sua cabecinha não pára de criar projectos espantosos. O nosso programa de educação financia seus estudos e pesquisas para que ela consiga alcançar seus sonhos e se tornar a grande cientista que está destinada a ser. Fazemos isso com todos os filhos dos nossos trabalhadores e existem muitos talentos dentre eles, Ariela. Grandes artistas, engenheiros, financeiros. Crianças brilhantes. Espero que um dia vejas seus feitos.

Arial não regiu. Não entendia a mudança súbita na conversa, mas sabia que Monique não havia terminado ainda.

A Francesa tirou outra fotografia do envelope e colocou sobre a da Angelé.

- Este é o Raul, tem apenas oito anos e as manchas na pele são por causa da doença de Gaucher que foi diagnóstica quando tinha quatro anos. Ela causa alterações no fígado e no baço. Tem os ossos enfraquecidos e muitas vezes sangramento nasal. É desesperador quando ele está mal, mas graças a Deus há um ano que ele anda estável após tratamentos com os melhores médicos que ele teve acesso. Como o Raul há várias outras crianças com doenças raras e que necessitam de tratamento especializado e caro. - disse a Francesa e foi colocando mais fotografias sobre as outras e mencionando os nomes cada vez que seguia - A Nandi tem hemofilia, a Luísa, cancro, o Carlinhos é autista. Na França temos casos iguais, mas estes não são franceses. São filhos de trabalhadores da vossa empresa, você os conhece?

Ariela fez não com a cabeça, sentindo um arrepio no corpo e a pegar a direcção em que sua rival estava a ir.

- Imaginei que não. Mas nem tudo tem que ser por causa de extremos assim. Existem estes. - Colocou um papel com pequenas fotografias de vários colegas seus do escritório e a estes ela reconheceu todos - com certeza os conheces. Alguns devem servem ser teus amigos, então conheces suas histórias. Eles não são como vocês, Ariela. Não têm infinitas propriedades e investimentos que lhes vão garantir uma vida digna se um dia acordarem sem o emprego que lhes mantêm. Seus filhos não poderão frequentar boas escolas ou ter o tratamento de ponta a que hoje têm direito. O Omar não vai manter isso tudo. O Omar não vai manter todos eles. Você me entende?

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