27. Ponto e Vírgula

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Do outro lado da porta dois corações mutilados se embrenhavam no silêncio gritante e desolador de quem acaba de perder a alma

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Do outro lado da porta dois corações mutilados se embrenhavam no silêncio gritante e desolador de quem acaba de perder a alma. Milhões de pensamentos revoltados e inconformados giravam  todos de uma vez nas suas mentes e davam a sensação de que ia explodir a qualquer momento.

Colin ignorou os gritos de Monique, não estava com cabeça para lidar com ela naquele momento. Preferiu se ocupar com alguma coisa para fugir do tormento que se apoderava de si. Entrou na cozinha e encontrou um cesto de legumes colocado sobre a bancada. Com uma faca e tábua começou a trincha-los e amontoa-los em grupos homogéneos na expectactiva de preparar algo para comer. Podia estar molestado de que forma, seu estômago era um órgão independente e egoísta que não sentia empatia em relação a seu coração destroçado, importando-se apenas com sua própria fome.

Colin queria esquecer seu desapontamento por um tempo, esquecer que do outro lado da casa ela estava a se aprontar para fugir, desistindo deles antes mesmo de começarem.

Ariela também não queria pensar em nada mais além de encontrar sua bolsa que estava sobre o aparador bem em frente aos seus olhos, mas sua mente entorpecida a impedia de enxergar. Não conseguia ver nada, muito menos pensar em algo além de que estava tudo perdido.

Frustrou-se ao não encontrá-la e chutou a borda da cama com raiva da trampa em que seu dia havia culminado quando tudo indicava que seria o melhor de sua vida. Suas lágrimas retornaram a escapar e ela apoiou-se sobre o aparador para não desabar de tanta dor que sentia. Viu sua bolsa e, com raiva, empurrou-a e a tudo o que estava sobre o móvel para o chão antes de se jogar abaixo também.

Ela chorou,m. Era como se alguém tivesse arrancado seu coração do peito e o estivesse a premer e derramar no chão tudo de belo que acumulou nele. Não era justo, pensava. Não era justo que a vida fizesse aquilo com ela. Que a mostrasse um amor e o tirasse no mesmo dia. Que destruisse os sonhos que só nos últimos tempos se permitiu sonhar, assim tão de repente.

Ela se arrastou ao encontro de sua bolsa, abriu-a e suas mãos trémulas sairam de dentro com um passaporte. Seu coração partiu uma vez mais. Não estava pronta para morrer outra vez. Ennfim tinha algo valiosíssimo que nunca antes teve e não queria deixar atrás, um amor, um lar seu. Não estava pronta para ter aquela nova identidade, seja qual fosse o nome que estava escrito ali dentro - ela nunca olhava, não antes que fosse hora de fazê-lo.

A porta do quarto abriu bruscamente e era Colin quem parava a sua frente. Ele não podia simplesmente aceitar aquilo.

- Escuta, és uma covarde, Ariela. - ele disse e não recuou nem com o olhar escandalizado dela - és uma covarde que se põe a fugir no primeiro sinal de perigo porque não tem bolas para ficar e lutar.

- O que me chamaste? Covarde?

- Sim Ariela, covarde.

- Então sou covarde? O que mais? Fala Colin. Sou uma covarde e o que mais?

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