SALVA PELO CHEFE (COMPLETO)

DAVI

 'Davi'

Quando meu pai me tirou de Londres há dois anos para ficar a frente da Parker&Collins Banks, eu imaginei que seria fácil já que estive trabalhando desde que me formei em Oxford e sabia muito bem de minha capacidade, fui o melhor aluno e o mais competente na empresa em que trabalhai, tanto que meu chefe não queria que me demitisse, mas eu sentia que era hora de voltar pra casa, sentia falta de toda minha família e já havia se passado nove anos desde o desastre e, ao contrário do que pensei, ter fugido pra outro país não diminuiu a dor, não afastou as lembranças e não curou a enorme ferida que carregava em meu peito, que eu sabia que jamais cicatrizaria. Então quando meu pai me chamou para trabalhar em seu lugar não hesitei aceitar.

Fui muito bem recebido assim que cheguei à empresa, minha família me acolheu com tanto carinho e saudade que não pude deixar de me sentir constrangido e amado sem merecer! Me senti ingrato por ter passado todo esse tempo longe deles sem dar qualquer tipo de notícia, mas eu realmente precisava de um tempo e espaço pra poder me reerguer depois de tudo, e não queria que me vissem aos pedaços, não queria parecer fraco e se preocupassem tanto quanto já estavam! Até porque eu não era um fraco e não deixaria que qualquer outra pessoa visse em mim, um homem medíocre e ferido!

Então, me considero um homem que tem controle! Sim, sempre tive total controle de tudo, da empresa do meu avô e da minha vida pessoal, tinha tudo onde queria e tudo o que queria e quando queria, principalmente mulheres... o que, admito, usava apenas para me distrair um pouco do trabalho e não cair novamente no buraco que era minha vida, quando não estava trabalhando! Mas não tenho ideia do por que começava a sentir que tudo isso estava escapando por entre meus dedos tão rápido e sem controle como se tentasse segurar água com as mãos!

Mas ali estava a razão... ela, minha assistente! Ela já trabalhava há quase três anos na empresa e dois deles como assistente do meu pai e era muito bem recomendada e fiquei sinceramente satisfeito quando vi seu trabalho, mas quando a vi pessoalmente naquele dia quando ela entrou em minha sala com um vestido azul-escuro que delicadamente desenhava seu belo corpo esguio e cheio de curva nos lugares certos e deixava a mostra um belo par de pernas alongadas com um sapato com um salto que jamais imaginei ser possível se usar, pensei que seria impossível trabalhar com uma mulher como aquela...

Mas a pior parte foi quando meus olhos alcançaram seu rosto, meu coração literalmente parou ao ver aqueles longos cabelos louros caindo em cascata até um pouco abaixo de seus belos seios, aquela boca vermelha de lábios cheios, com um rosto com formas suaves... Teria sofrido um ataque se não tivesse me controlado! Por um instante quando a vi pela primeira vez, acreditei seriamente que ela havia voltado para me assombrar também, fora dos meus sonhos, eu podia vê-la ali diante de mim... viva! Só havia mudado a cor dos cabelos, mas era ela, jurava que era e estava pronto a ir embora dali ou mesmo mandá-la embora pra que não tivesse que vê-la mais, mas então encontrei seus olhos.

Ah aqueles olhos! Esperava encontrar frios e vazios olhos azuis muito claros que não continham qualquer emoção se não a submissão que sempre vi nos dela, mas ali encontrei uma alma, podia ver naqueles dourados e flamejantes olhos a força de uma mulher determinada e cheia de atitude como pode comprovar depois. Ali eu também soube que Angela Winey não era como nenhuma mulher que eu tenha conhecido, Angela era cheia de uma... luz, sim foi isso que vi quando encontrei aqueles olhos, era como se ela pudesse ver dentro e através de mim e me mostrar a luz no meio da escuridão em que eu estava caído.

Ela tinha alguma coisa, alguma coisa boa e que a tornava cada vez mais irresistível e distante daquela mulher, ainda que sua aparência física lembrasse vagamente a ela e isso tivesse me perturbado no inicio, não podia me desfazer de uma profissional como ela, era difícil de achar pessoas competentes como Angela, embora jamais fosse admitir isso a ela ou qualquer pessoa, até porque não precisava, além disso, toda minha família confiava nela, na verdade ambas as famílias, os Parker também pareciam estar nas mãos dessa mulher.