SALVA PELO CHEFE (COMPLETO)

EXPERIÊNCIA

 'Ange'

Minha cabeça já estava explodindo no final do dia e eu não via a hora de estar em casa enfiada em meus travesseiros... dormindo. Eu estava pronta para sair quando Holly entrou em minha sala com um pequeno pacote de plástico escuro em mãos.

– O que é isso? – pergunto quando ela estende para mim com um olhar receoso me fazendo franzir o cenho.

– Foi a senhorita Homeo que mandou. – diz olhando do pacote em minhas mãos para mim, curiosa. Senti meu estômago revirar de repente enquanto apertava o pacote em minhas mãos, era algo mole a macio...

– A gravata! – murmuro girando o pacote em minhas mãos vendo um pequeno bilhete cor de rosa colado no pacote e em letras cursivas e bonitas, escrito: "Obrigada pelo bom tempo. Cass". – bom tempo, é? – pergunto apertando o pacote com mais força.

– Angela, você...

– Estou bem. Não se preocupe... só preciso... preciso de algumas bebidas. – digo entregando o pacote a Holly – Pode entregar isso a ele, Holly? Eu estou indo embora tomar umas doses de tequila. – digo pegando minha bolsa pronta para esquecer.

*****

Meu celular tocava em algum lugar no banco de trás de meu carro, mas eu não estava nenhum pouco a fim de atender, eu sabia que era Lance... ele havia me pedido em algum momento para esperá-lo antes de ir embora porque queria falar comigo, mas agora eu não estava com vontade e nem com cabeça para falar com ninguém.

Eu não estava voltando para o apartamento, eu não precisava me enfiar em meu quarto e ficar pensando no que "bom tempo" significava e Christina também levou todos os meus vinhos embora, aquela pequena trapaceira, então graças a ela eu não ia poder me afundar em minha banheira tomando meu vinho enquanto escutava alguma música deprimente... e também não era disso que eu precisava.

Eu estava irritada demais, furiosa na verdade, e mesmo que eu tentasse afastar a imagem de Davi e Homeo da minha cabeça era absolutamente impossível e isso só estava me deixando ainda mais fora de controle, não mentalmente falando, mas emocionalmente. Eu queria me livrar disso, eu preciso me livrar disso, eu não quero mais me importar, não quero mais ser afetada por toda merda que Davi faz.

Eu tinha que tirá-lo da cabeça pelo menos por algumas horas... eu precisava de um descanso de toda essa confusão! Então eu estava indo para longe de tudo o que me remetia qualquer lembrança.

Quase uma hora depois e já anoitecendo, eu estava bem longe de Manhattan do outro lado do East River, no Brooklyn. Chris e eu já viemos a este bar antes quando ela estava me forçando a sair da concha na qual estava profundamente enfiada quando havia praticamente acabado de me mudar para Nova Iorque...

Já faz alguns anos e na época não deu muito certo já que fugi assim que entrei, mas me lembro de ter gostado do lugar e nem sei por que eu ainda me lembro do endereço, mas não demoro muito tempo pensando sobre isso quando olho para a fachada toda de madeira rústica e nenhuma placa, até porque o nome ou o não nome do lugar é 'No Name'.

Inspiro profundamente ainda dentro do carro apertando a direção com força. No fundo eu nem sei o que estou fazendo aqui, eu simplesmente fugi para o primeiro lugar que apareceu na minha mente e agora vendo as pessoas entrarem no bar em pequenos grupos de amigos e até um ou dois casais, eu estava reconsiderando minha ideia maluca de sair de Manhattan, suspirando mais uma vez encosto minha cabeça no banco tamborilando os dedos num gesto nervoso olhando para frente e honrando alguns clichês de minha vida, um casal vinha pela calçada, o rapaz sorriu quando ela enfiou o braço dela no dele e alguma coisa no sorriso daquele rapaz fez meu estômago pesar e meu coração acelerar.