33. Uma Simples Recepção - parte 2

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- Sempre, irmão. Sempre. - ela respondeu, ainda agarrada a ele. Depois se soltou e começou a limpar as lágrimas com a costa da mão. - Agora temos que descer para a sala.

- Não. Eu não quero mais voltar para lá. Aquele ambiente me mata. Não quero me sentir viúvo.

- Sinto muito, mas você tem que descer. Sabe aquelas pessoas que você quer longe, mas mesmo assim ia reatar um relacionamento interrompido por anos com eles? Então, estão lá em baixo esperando por ti.

- Como assim? Que pessoas?

- Por que pessoas estávamos a brigar há bocado?

- Os árabes?

Moira assentiu.

- Vieram do outro lado do mundo para dar-te a mão. - ela disse.

Colin não mais esperou, saiu do escritório como um foguete, rápido e em chamas, e só se reteve quando desceu o último degrau e viu, numa conversa de aparência pouco amistosa, seu irmão Rupert e um homem alto e forte, de traje tipicamente árabe, se destacando e chamando atenção no meio de todos.

Rupert parou de prestar atenção no árabe e seu olhar se fixou no irmão como quem pedia que se acalmasse. O estrangeiro seguiu para ver o que desviara o advogado que tentava lhe tirar daquele lugar e seu olhar encontrou o da pessoa que mais queria ver. Virou-se todo para encarar Colin de frente, pousou a taça de água na bandeja de um servente que passou a sua frente e ajeitou o tecido do seu longo bisht preto com bordados dourados, certamente com algum ouro incorporado.

Colin lhe reconheceu de imediato. Era impossível esquecer aqueles traços orientais, ainda mais aquele semblante obscuro e ar de quem achava ter propriedade do mundo.

- Omar Bin Murad Al-Faheem! - disse Colin quando chegou em frente a ele.

- Colin Andrew Alfred Vaughn - respondeu o árabe - Voei milhas do meu país para cá para lhe endereçar os meus pesares em nome da minha família. Que Alá ilumine o sono da sua querida esposa até o dia de Yaum al Ba'ath, quando todos os que adormeceram nos seus mandamentos forem levantados da morte para a vida.

- Já perdemos muitos ao longo dos anos e nunca recebemos tal tratamento da vossa parte.

- Lamentavelmente a realidade das nossas relações não o permitia, mas o nosso estado sentiu cada perda, principalmente a do seu querido pai. Alfred Vaughn foi um grande amigo e parceiro de negócios para o meu povo. Seu nome consta da nossa história como nação, e espero acrescentar o seu com um enredo mais feliz com esta parceria. - Afirmou o árabe, ignorando a insatisfação evidente no futuro parceiro. Sabia que Colin Vaughn não lhe receberia com agrado, mas ele pouco se importava, sua missão não era agradar-lhe. Estava naquele lugar para garantir que nada nem ninguém atrapalhava a assinatura do acordo e para recuperar a honra do seu país.

Suas missões eram tão importantes que teve que abandonar a liderança do seu sheikado por um tempo. Jogaria leve suportando aquelas pequenas cenas nesta primeira fase de quebrar o gelo. Iria se mostrar compassivo pelo seu luto, mas depois iria tomar tudo o que veio buscar e garantir al seu moribundo pai um descanso tranquilo.

- Não há nada assinado ainda. - Colin disse - Seu povo não tem nenhuma obrigação connosco agora. Não havia necessidade de se incomodar tanto com sua presença aqui.

Omar sorriu.

- Se nós vamos firmar acordo, fazemos questão de lhe dar o braço neste momento, afinal, você se torna parte da nossa família. Creio que sabe, nós prezamos tanto os negócios como honramos a família. Para nós são o mesmo a medida que um suporta o outro, não é mesmo?

O tom dele simplesmente não agradava Colin. Tanto o tom, como a expressão. Na verdade era todo o conjunto, a pessoa inteira - sua presença lhe incomodava bastante. Fazia-lhe recordar Ariela e a dor dela quando lhe contou sua história.

Eu sou a encarnação de tudo o que eles abominam, querem destruir e usar como lição para ninguém mais ousar seguir esse caminho. A última coisa que eles me consideram, é uma princesa. E se me encontrarem, eu terei que pagar pelas escolhas da minha mãe e do meu pai mesmo não tendo nada a ver com elas.

Era por culpa dele e do seu povo que Ariela viveu a se esconder a vida toda. Era por causa deles que ela ficou tão apavorada, com medo de ser encontrada e fugiu de si. Se não existissem, sua esposa estaria viva. Ao seu lado.

Tinha raiva daquele homem. Tinha vontade de esmurrar-lhe e matar com suas próprias mãos, e Rupert conseguia ler-lhe como ninguém tanto que interveio.

- Eu estava a agradecer ao Omar por sua atenção e dizer que hoje é um dia muito pessoal para nós. Talvez na Arábia a família e negócios sejam o mesmo, mas cá não gostamos de misturar coisas. Acredito que percebe que para nós, família e negócios ficam em quartos separados.

- Perfeitamente, Sanderson. De qualquer modo, estarei na cidade por um tempo. Não pudemos firmar o acordo em Riad, espero que o façamos em breve aqui porque este é o melhor momento para começarmos e ganhar a época.

- Com certeza, entramos em contacto. Obrigado por sua compreensão e sentimentos, Omar. - Rupert respondeu.

Omar virou-se para Colin.

- Foi uma pena não ter conhecido sua esposa em pessoa, o que ouvi sobre ela mostrava ser uma peça rara e majestosa, quase como nascida pela realeza - disse, estendendo a mão para ele.

- E ela encontrou o reino dela em vida. - Colin respondeu ao que lhe pareceu uma mensagem indirecta. Será que Omar sabia ou desconfiava de Ariela? Observou o árabe sair. O baralho já estava sobre a mesa, era hora de jogar e ganhar. Não podia permitir aquele homem se meter com sua Ariela. Fosse com ela ou com sua memória. Então virou-se para o irmão.

- Temos que falar, acho que ele sabe sobre Ariela. ©💐

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Um sonho Para MimWhere stories live. Discover now