[74] Coisas novas.

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Em seguida, pego a estrada de volta para a cidade. Passo em uma floricultura e compro mais flores amarelas para ela. Seu quarto já tem flores mandadas pela mãe de Max, os pais de Anna, os de Natalie, pelo meu pai e a professora de ballet de Nina. Nos últimos três dias, quando volto de casa para o hospital, a compro alguma flor amarela diferente da do dia anterior. Hoje é o dia de tulipas amarelas.
Ao lado da floricultura, está havendo uma obra grande para uma escola de artes. É uma que vem da capital do país, bastante famosa - tão famosa, que até eu conheço. E não é nem por eu namorar uma bailarina que me doutrinou para isso.

- Você é artista? - Pergunta o vendedor de flores quando me vê olhando a obra.

- Oh, não. Toco um pouco de piano, mas não. Minha namorada é. - Ou era. Eu não sei, mas não digo isso.

- Dizem que essa escola de artes irá acabar com qualquer outra da cidade. Ela vem do centro da capital.

- Eles têm dança? - Questiono.

O homem dá a volta no balcão e tira um folheto de debaixo dele. Estica a mão para me entregar.

- Pagaram o meu chefe para deixar folhetos aqui enquanto não abrem. A obra deve terminar essa semana.

O folheto diz que a especialidade deles é em dança contemporânea. Também tem aulas de música, principalmente de piano, o que também me interessa. Pago as flores e agradeço pela informação.
Compro doritos na loja de conveniência e um twix para Nina comer algo que tenha gosto. Para mim e Tori, nosso jantar no restaurante ao lado da loja de conveniências. É o que eu tenho feito: comprado um doce escondido para Nina, flores e a nossa janta. Ela está sob supervisão no hospital, mas os médicos queriam levá-la para um centro de tratamento psicológico. Emma, a psicóloga de Nina, hesitou sobre concordar, mas acha que ela tem melhorado aqui fora com os remédios, os amigos e a família e que essa foi uma recaída. Sendo uma recaída ou não, Nina tomou os comprimidos e poderia ter morrido, ou seja: todos estamos preocupados com a possibilidade de isso acontecer novamente. A ideia da Dra. James é encontrar algo que Nina possa voltar a de apegar para seguir em frente. Disse que a perda da dança, algo primitivo na sua vida, é como a perda de um parente próximo, o que culmina no luto. Ela está, mais uma vez, na fase do luto, e pior: na de negação.

Assim que chego no hospital, Natalie e Anna ainda estão com Nina. Eu e Tori jantamos na cafeteria.

- Estão abrindo uma escola de artes não muito longe da nossa escola. - Digo, tirando o folheto da mochila e o entregando à Tori.

- Eu sei. Eu a projetei. - Tori da os ombros e enfia a garfada de salada na boca.

- E se... se a Nina tentasse uma outra dança? Uma sem sapatilhas de ponta. Como dança contemporânea ou jazz.

- Você conhece a Nina, Adam. Há pouca probabilidade de ela deixar de ver a dança contemporânea como auxiliar para o balé, como costumava ser.

- Não duvido disso, mas posso tentar.

- Então tente. Tente qualquer coisa que possa ajudá-la. Ninguém conseguiria isso melhor que você.

Somos interrompidos por Anna e Natalie vindo se despedir de nós.

- Nós voltamos amanhã. - Natalie abraça Tori. - Pedi as matérias que os professores dela estão dando para as pessoas que têm aula com ela. Sabe, para ela não ficar para trás.

- Obrigada, Natalie. - Tori beija sua testa. - É muito gentil da sua parte.

- É gentil da sua parte não me odiar depois de tudo.

- Pessoas cometem erros em nome do amor. Como você e o Adam, esse idiota. - Finjo não me importar. - Agora vão. Já está tarde.

- Até amanhã, Tori. Até, Adam. - Anna nos abraça um de cada vez. Elas desapareceram pelo corredor implicando uma com a outra.

O Silêncio Entre Nós Onde as histórias ganham vida. Descobre agora