Capítulo 49- As verdades do coração

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ANNE

O sol da manhã atingiu em cheio o rosto de Anne, que gemeu baixinho ao sentir a claridade incomodar seus olhos. Sua cabeça estava tão pesada que ela não conseguia mantê-los abertos.

O que tinha acontecido para se sentir tão mal assim? Ela se perguntou. Será que tinha bebido de mais na noite anterior e não se lembrava? Parecia ser o mais provável, pois a sensação que tomava conta dela se assemelhava a uma bela ressaca. Ela nunca fora de consumir bebida alcoólica, e raramente se permitia um copo de vinho, mas ela se recordou que tinha marcado de sair com Cole no dia anterior. Talvez tivessem se empolgado por algum motivo e exagerado na bebedeira. Não duvidava muito que se caminhasse pela casa, encontraria o amigo esparramado no sofá da sala.

De repente, ela sentiu a boca seca, e pensou que um copo de água gelada lhe cairia muito bem. Entretanto, ao afastar as cobertas devagar e tentar se levantar, braços fortes envolta de sua cintura a impediram, e intrigada Anne olhou para o lado, arregalando os olhos ao ver Gilbert deitado ao seu lado, seu rosto enterrado em seus cabelos.

O que era aquilo? Um Dèjá Vu? Parecia que tinha voltado no tempo bem naquela noite em que tomara um porre de vinho, e acabara no apartamento de Gilbert, só que desta vez estavam no apartamento dela, e ela não compreendia como ele viera parar na cama dela.

Ela forçou a mente que se recusava a despertar da névoa de letargia que a preenchia completamente, mantendo-se vazia para qualquer tipo de acontecimento que ocorrera fora daquele quarto e daquele momento, mas então, como se tivesse levado uma descarga elétrica, tudo o que seu subconsciente tentava manter escondido dela veio a torna como um tornado arrasando com sua calma aparente.

O incidente do elevador estava tão vívido em sua memória que ela começou a tremer sem perceber, enquanto o choque e o terror a faziam se encolher na cama, como se dessa forma ela pudesse se esconde da ameaça que pairava no ar como uma nuvem escura sobre sua cabeça.

Seu movimento involuntário despertou Gilbert de seu sono, e ele olhou para ela preocupado ao ver seu rosto transtornado como na noite anterior. Ele tocou seu ombro com cuidado e perguntou:

- O que foi, Anne? - ela fechou os olhos e balançou a cabeça, tentando afastar a imagem do elevador caindo de sua cabeça, e depois as palavras aterrorizantes que a deixaram apavorada.

Para tentar acalmá-la, Gilbert a puxou para os seus braços, e ela aninhou sua cabeça no peito dele enquanto ele a embalava feito uma criança, falando baixinho palavras de conforto que faziam maravilhas aos seus nervos abalados.

Não demorou muito, e Anne percebeu a posição em que estava ali na cama agarrada a Gilbert, vestindo uma camisola transparente que mal chegava as suas coxas, enquanto Gilbert sem camisa, exibia sua nudez da cintura para cima. Ela espalmou as mãos no peito dele, correndo as mãos pelo rastro de pelos escuros que continuavam bem abaixo do abdômen que a calça jeans escondia. Anne ia continuar sua viagem pelo corpo masculino, quando Gilbert afastou as mãos dela, se levantou da cama e disse apressadamente:

- Vou fazer um chá. Você precisa se hidratar.

Anne suspirou ao lembrar de seu ato impensado de minutos atrás. O que dera nela para tocar Gilbert daquela maneira sem a permissão dele? Depois pensou amargurada, que quando estavam juntos ela podia tocá-lo o quanto quisesse que Gilbert jamais reclamava e até pedia por mais, porém, agora ele parecia não suportar ficar perto dela, como se ela tivesse uma doença contagiosa e precisasse ser mantida longe dele.

Gilbert a estava castigando, e ela bem que merecia, mas, já não tinha sido o suficiente? Quando ele olhava para ela, Anne ainda conseguia ver a velha chama em seu olhar, mas ele era tão cabeça dura e teimoso, que insistia em sufocar o próprio desejo para vê-la implorando por seu perdão.

Anne with an e- Corações em jogoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora