Capítulo 3- sentimentos escondidos

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ANNE E GILBERT

Anne desembarcou em Charlote Town, e procurou por Matthew na multidão que se aglomerava na saída do aeroporto, mas não o viu em parte alguma. De repente, um rapaz alto de fisionomia familiar se aproximou com um cartaz onde havia o nome de Anne escrito e quando ele chegou mais perto, a ruivinha o reconheceu imediatamente.

- Jerry! Como você cresceu! – ela disse observando o velho amigo a sua frente. Ele era tão alto quanto Ane, seu rosto que antes era cheio de espinhas tinha se tornando incrivelmente atraente, e ele tinha um ar de maturidade que o fazia parecer mais velho do que realmente era.

-Olá, Anne. Você também está bastante crescida. Se tornou uma moça linda, e nem parece mais aquela garotinha marrenta que adorava implicar comigo porque eu falava errado. – Jerry disse com humor no olhar. Em seguida a abraçou com afeição. – Seja, bem vinda, Anne.

- Obrigada, meu amigo- Anne respondeu, retribuindo o abraço. – E como está Diana? – ela perguntou em seguida, entregando sua bagagem para Jerry.

- Ela está ótima, apesar de andar muito ocupada com nossa garotinha recém-nascida. Você precisa nos visitar qualquer hora.

- É claro que irei. Estou com saudades de Diana, a gente só tem se falado por telefone e e-mails há anos, e agora que estou aqui não perderei a oportunidade de ver minha amiga tão querida. – Anne não pudera vir para o casamento de Jerry e Diana dois anos antes, porque estava fazendo um trabalho importante na Austrália, mas enviara um lindo presente aos noivos. Quando Diana engravidara, ela contara a Anne a novidade por telefone e exigira que ela viesse para o chá de bebê de sua pequena Laura, ela já a chamava assim antes mesmo da menina nascer, mas de novo Anne estava envolvida em um compromisso profissional e não pudera comparecer, o que a deixara em tremenda falta com sua amiga de infância. Ela explicara à Diana porque não participaria daquele momento tão especial para ela, e apesar da amiga dizer que entendia, Anne notara uma certa mágoa na voz dela. Anne prometeu que a compensaria de alguma forma.

- E como estão as cosias em Green Gables? Achei que Matthew viria me buscar hoje. – ela perguntou enquanto Jerry abria a porta do carro e ela se acomodava ao lado do motorista.

- Ele pegou um tremendo resfriado na última nevasca e está de cama, por isso, Marilla me pediu que viesse buscá-la e a levasse pra casa.

"Casa". Anne pensou na palavra. Ela sempre pensava em Green Gables dessa maneira. Ela já morara em metade das cidades do mundo em todos aqueles anos em que trabalhara como modelo, mas o único lugar que considerava sua verdadeira casa era Green Gables. Ela tinha verdadeira adoração por aquele lugar onde passara os melhores anos de sua vida, e era daquelas terras acolhedoras que se lembrava quando passava por algum momento difícil ou sentia-se sozinha, pois sempre encontrava o conforto que precisava na imagem que tinha em sua cabeça do jardim maravilhoso de Marilla, da sua cerejeira em flor e dos pastos verdejantes que iam além de onde seus olhos podiam alcançar.

- Mas, ele está bem? – ela perguntara a Jerry, assim que a imagem de Green Gables sumiu de sua mente.

- Sim, mas você sabe como Matthew é teimoso. Marilla teve que ameaçá-lo, dizendo que o internaria em um hospital se ele não a obedecesse e ficasse na cama.

- Marilla sabe ser bastante persuasiva quando quer. – Anne se lembrou com afeição da velha senhora que sempre a tratara como filha.

- E como. Acho que ela piorou com a idade. Está mais ranzinza que costumava ser, mas continua ativa como nunca. Jamais vi uma pessoa com tanta energia quanto Marilla.

Anne with an e- Corações em jogoWhere stories live. Discover now