Capítulo 102- A beleza de Vênus

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Olá, pessoal. Espero que gostem desse capítulo de corações em jogo, e me deixem seus comentários. Beijos


GILBERT

Gilbert olhava o movimento da rua de sua janela que àquela hora da manhã ainda estava calmo, e em nada se comparava com o zum zum de pessoas no meio da manhã e o ruído de carros que não paravam de circular pelo Centro da cidade. O apartamento onde ele e Anne moravam se localizava em uma área nobre da cidade de Nova Iorque, mas nem por isso escapava do barulho incômodo que se iniciava sempre que a Grande Maçã, como a cidade era conhecida, despertava.

Com uma xícara de café nas mãos, Gilbert fingia estar envolvido por toda a beleza do Central Park que sempre o encantara e que podia ser observado da posição onde ele estava, mas seus pensamentos estavam concentrados em alguém especial que dormia a poucos metros dele, ou melhor, sua esposa tão amada por quem seu coração não deixara se sofrer nos últimos dias.

As pernas de Anne continuavam sem movimentos, o que era esperado do ponto de vista médico, pois a lesão que ela sofrera levaria um certo tempo para cicatrizar, e ela ainda precisaria de fisioterapia para que os movimentos se tornassem normais como antes.

Porém, esperar pacientemente nunca fora o forte de sua ruivinha inquieta por natureza, que odiava depender de outra pessoa, que sempre fizera as coisas por si mesma, que corria de um lado para outro com mil e uma ideias na cabeça, que chegava a deixá-lo zonzo com tanta energia.

Ela estava aprendendo pelo meio mais difícil que teria que aceitar que seu corpo se curasse para que ela finalmente pudesse carregar seus bebês de um lado para outro como sempre sonhara.

Gilbert contratara uma enfermeira para ajudá-la com os bebês com suas necessidades mais básicas pelo menos no primeiro mês, e embora, ela tivesse lhe dado um pequeno sorriso por conta da novidade, Gilbert vira em seus olhos azuis aquela chama que mostrara o quanto ela ficara zangada por ele não ter lhe contado, ou sequer lhe preparado para aquela surpresa. Então, ele esperara pela tempestade que com certeza viria, as palavras ríspidas, as acusações, a raiva, mas estranhamente nada disso aconteceu. Anne se fechou dentro de si mesma, respondendo por monossílabos suas tentativas de conversar, se alimentando minimamente, e ficando totalmente apática.

Para Gilbert, acostumado com o furacão que era sua esposa, tal comportamento não era nada bom, pois ele preferia ver Anne zangada do que em seu isolamento interno, porque assim ele saberia exatamente com o que estava lidando, mas, naquele estado incomum, ele não sabia o que esperar e tanta preocupação o levara a Gabriela que o alertara sobre determinadas coisas nas quais ele não pensara antes.

- Gilbert, você deve saber que com a situação pela qual Anne está passando, esse comportamento não é tão estranho assim.

- Sim, eu sei. Mas, o que eu esperava era que ela reagisse com raiva, porque Anne é fogo puro. Essa apatia dela me preocupa, além da falta de apetite, e uma melancolia que nunca vi naqueles olhos. - Gilbert respondeu, sentindo seu peito apertado. Se havia uma coisa que ele detestava na vida era ver Anne triste e não poder fazer nada para melhorar esse quadro. Ele queria ter o poder de mudar aquela situação como em um passe de mágica, mas, ser médico não lhe dava nenhum poder especial para curar Anne de sua paralisia momentânea.

- Os hormônios dela estão instáveis, e eu arriscaria dizer que ela está passando por uma depressão pós parto, agravada especialmente por sua inatividade temporária. - Gabriela explicou, tornando aquele estado de ânimo estranho de Anne mais claro para ele pela primeira vez. Como não pensara nisso? Ficara tão focado no problema físico que se esquecera do emocional. Sua ruivinha com certeza iria precisar muito mais dele agora do que antes.

Anne with an e- Corações em jogoWhere stories live. Discover now