Capítulo 90- O benefício da dúvida

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Olá, pessoal. Mais um capítulo de corações em jogo postado. Espero que gostem e me enviem seus comentários. Farei a correção depois. Beijos. PS: Depois que lerem o capítulo, escutem a música acima. 

ANNE

Anne esfregou os olhos e viu no mostrador do celular que já se passava da meia-noite. Ela se sentou devagar na cama, sentindo suas costas latejarem, e os bebê se mexerem dentro dela como se estivessem disputando uma maratona. Ela olhou para Gilbert que dormia profundamente, e tentou fazer o mínimo de movimento possível para não despertá-lo, assim, abraçou os joelhos e deixou que seus olhos se acostumassem à escuridão do quarto, e se acomodou o melhor que pôde encostada na cabeceira da cama, com um travesseiro atrás de si.

Ela sabia que exagerara no trabalho naquele dia, pois teriam um desfile em poucos dias com roupas de gestante, e Anne tivera que provar inúmeras peças que seriam apresentadas na coleção daquele mês, e por isso, ela passara mais tempo em pé do que deveria, e agora pagava o preço por sua imprudência. Gilbert não gostaria de saber que Anne aceitara fazer aquele desfile com mais vinte modelos grávidas como ela na próxima quinta-feira, porém, era o seu trabalho, e como ela era a representante principal da agência, achara que não poderia recusar. Além do mais, não precisava da permissão de Gilbert para realizar o que quer que fosse. Ele mesmo jamais lhe exigira isso, mas, a impressão que tinha era que seu esposo desaprovaria totalmente aquele trabalho por conta do cansaço que isso lhe causaria, porém, Anne queria muito desfilar, sentia falta das passarelas, não pelo glamour, mas, sim pela alegria e excitação que tal evento proporcionava.

Uma pontada em sua lombar tornou impossível que ela ficasse naquela posição por mais tempo, por isso, Anne se levantou, e caminhou por alguns minutos no quarto. Ela estava descalça e o contato com o ladrilho frio na sola de seus pés a fazia se arrepiar, entretanto, a ruivinha não sabia onde estavam suas pantufas, e se acendesse a luz do quarto para procurá-las, Gilbert despertaria, e Anne não achava justo que ele perdesse o sono por causa dela.

Ela caminhou pé ante pé até a janela, e abriu o vidro devagarinho. Lá fora estava frio, mas, não como nos outros dias, pois as tempestades de neve tinham cessado aquela semana, e apenas o vento que vinha do Norte mantinha a temperatura gelada. Anne não via a hora que a primavera chegasse, para que assim pudesse deixar de usar roupas tão pesadas. Ela se sentia feito um balão inflável com tantas peças sobre o seu corpo, apenas à noite quando ia para a cama, era que se livrava da lã para vestir um pijama de flanela quentinho, e se aconchegar debaixo das cobertas com seus pés encostados nos de Gilbert, e seus rostos grudados feitos dois esquimós.

Anne fechou a janela, e achou que era melhor voltar para a cama. O sono não viria com facilidade, porém ela resolveu tentar. Talvez se achasse uma posição confortável as dores nas costas não incomodassem tanto. No meio do caminho até a cama, ela se perdeu no escuro e bateu com o dedão do pé na cômoda, praguejando involuntariamente. Gilbert deu um pulo na cama com o som da voz de Anne, e a garota ficou momentaneamente zangada consigo mesma por fazer exatamente o contrário do que tinha planejado, e ao encontrar o olhar de Gilbert que tinha acabado de acender a luz, o remorso a atingiu por ver que seu marido estava completamente exausto.

- Anne, por que está caminhando no escuro? Nós temos energia elétrica, você sabia? - ele disse em tom de ironia, se espreguiçando efusivamente.

- Desculpe-me. Não queria te acordar. – Ela disse se aproximando da cama.

- O que foi? Não consegue dormir? - Gilbert perguntou, examinando-lhe o rosto tenso.

- As dores nas costas voltaram. Eu estava caminhando um pouco pelo quarto para tentar amenizar um pouco o desconforto. – Ela explicou bocejando.

Anne with an e- Corações em jogoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora