ANNE
Anne desceu do táxi, pagou a corrida e entrou em casa. Marilla a aguardava ansiosa, e assim que a viu, veio correndo saber notícias de Matthew, mas ao ver o olhar triste de Anne e os traços das lágrimas que ainda cobriam a pele delicada de seu rosto, Marilla levou a mão ao coração esperando más notícias.
- Anne, por favor, Não me esconda nada. Como está meu irmão?
- Nada bem, Marilla. Gilbert disse que o problema é sério. Matthew desenvolveu uma pneumonia grave, e ele teve que colocá-lo nos aparelhos que o ajudarão a respirar, pois seus pulmões estão muito comprometidos. – Anne abraçou Marilla, as lágrimas escorrendo silenciosas pelo seu rosto.
- Anne, você acha que o Matthew pode...- Marilla não conseguiu terminar a frase. Perder o irmão era algo inconcebível para ela. Matthew era seu companheiro, seu amigo, e juntos enfrentaram muitas tempestades juntos sempre com força e otimismo. Seu irmão sempre fora um homem decente, honesto e trabalhador, apesar de nunca demonstrar Marilla o amava muito e viver o resto de seus dias sem a presença dele seria difícil demais para ela. Matthew era ranzinza, teimoso e na maior parte do tempo a irritava profundamente com suas manias diversas, mas ele era seu irmão, seu sangue e esperava de todo coração que ele pudesse se salvar.
Mesmo com o coração sangrando, Marilla não derramou nenhuma lágrima, ela estava acostumada a dureza da vida, e passara por mais provações do que alguém poderia suportar, e por isso, chorar nunca fora uma opção para ela, ela cerrava os dentes, respirava fundo, dizia para si mesma que tudo iria melhorar e que bastava ter fé. Era assim que Marilla suportava suas dores, não se deixava desanimar mesmo que não houvesse nenhuma esperança, porque desde que se conhecia por gente fora ensinada a ser forte, sem dramas e sem lamentações. E se caso suas esperanças fossem em vão e fracassassem, ela seguia em frente mesmo assim, pois o mundo não parava de girar porque ela sofrera uma rasteira da vida.
- Vamos, Anne, Pare de chorar. Temos que confiar que Matthew vai melhorar. Gilbert está cuidando dele, e não haveria ninguém melhor para isso. Ele é um excelente médico e muito conhecido por curar pacientes em suas piores condições. – ao ouvir o nome de Gilbert, Anne chorou ainda mais. Gilbert poderia ser perito em curar pacientes em estado crítico, mas era um especialista em quebrar corações, principalmente o dela, Anne pensou.
- Vamos, Anne. Não precisa chorar desse jeito. Qualquer um que visse você pensaria que Matthew está condenado. Ele vai ficar bem, tenha fé.- Marilla tentava consolá-la da melhor forma possível, mas Anne não conseguia parar de chorar, parecia que abrira uma comporta dentro dela que despejava sua mágoa para fora sem parar.
- Desculpe, Marilla. Prometo que vou me controlar. É que nunca vi Matthew assim, e vê-lo em tais condições me assusta muito. – Anne enxugou as lágrimas com as costas das mãos enquanto Marilla a abraçava com carinho.
- Tudo vai ficar bem, querida, Agora vá para o seu quarto tomar um banho. Descanse um pouco e depois desça para o jantar. Você está com uma aparência muito abatida e precisa se alimentar direito.
- Obrigada, Marilla. Vou fazer exatamente isso.- Anne beijou Marilla no rosto e foi para seu quarto.
Assim que entrou nele se despiu e foi para o chuveiro, desejando ardentemente que Green Gables tivesse uma banheira onde pudesse mergulhar seu corpo em relaxar todo o seu corpo em água quente cheia de espuma. Mas, teve que se contentar com uma ducha quente, e enquanto a água banhava cada centímetro da sua pele, ela se lembrou do que acontecera aquela tarde no consultório de Gilbert.
Ela tinha enlouquecido completamente, só podia ser isso. Permitiu que ele a tocasse depois de ter prometido a si mesma que isso nunca mais aconteceria. Quantas vezes ia ter que dizer a si mesma que ele era comprometido, e portanto, era terreno proibido para ela? Ela jamais de envolveria com alguém que não fosse livre como ela, pois não tinha a menor aptidão para ser a terceira pessoa em um relacionamento. Ela tinha amigas em Nova Iorque que não se importavam com isso e até zombavam dela por isso. Elas diziam que se as duas partes queriam qual era o problema em se divertir um pouco? Mas, para Anne um relacionamento assim nunca daria certo, portanto era melhor se manter longe de confusão.
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Anne with an e- Corações em jogo
FanfictionAnne Shirley Cuthbert foi abandonada ao nascer em um orfanato por sua mãe biológica, mas ela nunca deixou de acreditar que sua vida mudaria. Aos nove anos de idade foi adotada por dois irmãos que a amaram desde o primeiro momento, e a levam para mor...