Capítulo 91- Amor e mágoa

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Olá pessoal. Mais um capítulo postado. Espero pelos comentários. Farei a revisão depois. Beijos.

ANNE

A penumbra do quarto parecia deixar o ambiente ainda mais lúgubre, porém Anne não se importava. Tudo o que queria era enterrar a cabeça no travesseiro, e deixar que todo seu corpo se desintegrasse naquela escuridão que era como se sentia por dentro também. Aquela fora uma das piores noites que já tivera, porque estava sozinha naquela cama enorme, por onde rolara por muitas horas, dormindo apenas por míseros minutos.

Exausta, ela se sentou na cama, acendeu a luz da cabeceira e verificou o relógio. Ainda era bem cedo, o dia mal tinha nascido, mas, para Anne que amargara uma madrugada inteira de silêncios e pensamentos infelizes, parecia que tinham se passado uma semana inteira dentro daquele quarto onde cada canto lembrava Gilbert, assim como o cheiro dele tomava conta de todos os lençóis, atormentando-a com as lembranças que a faziam sofrer.

Resignada, Anne se levantou e acendeu a luz, depois, caminhou até a penteadeira onde se sentou em frente ao espelho, examinando a própria imagem desanimada. Sua pele normalmente rosada, perdera completamente a cor, assumindo um aspecto pálido e cansado, seus olhos azuis estavam brilhantes e avermelhados por conta do choro incontrolável que tomara conta dela pela noite adentro, e os cabelos enormes estavam tão desarrumados, que escova nenhuma daria jeito. Sem paciência para desembaraçá-los, Anne os prendeu no alto da cabeça em um coque simples. Depois, se dirigiu ao banheiro, onde tomou um banho quente, deixando que a água massageasse seus músculos doloridos em uma tentativa de aliviar seu desconforto físico, mas, não teve muito sucesso. O que realmente funcionava eram as massagens de Gilbert, mas, como não podia contar com elas naquele momento, ela teria que achar outra forma de relaxar.

Deste modo, Anne voltou para o quarto a procura de seu moletom rosa. Não era bem uma cor que lhe agradava, mas, era confortável e quente, tudo o que precisava no momento, já que dentro de si havia um enorme bloco de gelo prestes a congelar seu coração. Assim que o encontrou na primeira gaveta de sua cômoda, ela o vestiu, e depois se sentou na cama pensando no que fazer. Não poderia ficar trancada no quarto o dia todo, embora a tentação fosse extrema. Ela sabia que Gilbert estava no apartamento, e não queria encontrá-lo ainda, pois não se sentia preparada para um confronto direto com ele logo pela manhã. Anne estava frágil, sensível e o pior de tudo carente, e bastaria um toque dele para que ela colocasse tudo a perder.

Como odiava essa sua vulnerabilidade justamente naquele momento. Pois por mais raiva e mágoa que sentisse pelo que Gilbert lhe tinha feito, ela já sentia a falta dele pesar ao seu redor. O que ela tinha feito de errado? O que o levara a trai-la? Ela não acreditava naqueles velhos chavões que costumava a ouvir enquanto estava crescendo de que homens eram homens, e agiam mais por desejos físicos, do que por obrigações morais. Deixavam-se levar por paixões frívolas, em busca de satisfações para seus próprios egos de macho arrogante e narcisista.

Gilbert nunca agiria daquela maneira. Ela o conhecia a anos, e jamais o vira agir por impulso, apenas para alimentar emoções superficiais. Se ele se envolvera com Denise, fora porque ela significava algo para ele, e não somente para passar o tempo ou acabar com o tédio. Ao pensar nisso, o rosto de Anne se crispou de angústia, assim como suas mãos de unhas bem compridas arranhavam os lençóis de raiva. Ela sequer conseguia imaginar aqueles lábios tão amados beijando outra mulher, ou aquelas mãos carinhosas fazendo outra mulher suspirar que não fosse ela. Como ela odiava pensar que Denise abraçara seu marido como Anne costumava abraçar, ou ouvira dos lábios dele palavras quentes e excitantes que fariam qualquer mulher se derreter de desejo e paixão.

De repente, ela percebeu o que sua cabeça estava tentando fazer com ela fechada naquele cômodo do apartamento, onde seus melhores momentos com Gilbert tinham acontecido, e sentiu que precisava de ar. Não aguentava mais ficar ali presa com sua autopiedade, enlouquecendo de ciúme e dor. Por isso, ela caminhou até a porta, colocou seu ouvido nela, mas não ouviu nenhum movimento suspeito do lado de fora. Talvez Gilbert ainda estivesse dormindo, ou saído para sua corrida matinal, assim, ela teria tempo para preparar o próprio café da manhã e voltar para o quarto antes que ele retornasse. Anne não queria e não podia encontrá-lo, pelo menos ainda não.

Anne with an e- Corações em jogoWhere stories live. Discover now