Capítulo 107- Entre a mágoa e o perdão

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Olá pessoal. Mais um capítulo de corações em jogo. Espero que gostem deste capítulo o suficiente para me deixarem seus comentários. Beijos.


ANNE

Era uma pequena esperança, sim, uma bem pequena, mas que fazia toda a diferença e lhe dava um ânimo tão incrivelmente novo que os últimos meses naquela prisão que lhe fora imposta pareceram desaparecer de sua mente lentamente.

Anne voltara a fazer os exercícios de fisioterapia com mais vontade e brilho no olhar, e a cada beijo que ganhava do marido por sua coragem em chegar aonde queria, redobrando seus esforços para isso era um presente doce demais. Ela até arriscara alguns passos, mas como os movimentos estavam voltando aos poucos, ela não conseguira o resultado que esperava, mas a certeza de que em breve voltaria a caminhar com as próprias pernas era o combustível que precisava para não desistir e insistir em cada pequena batalha pessoal que ia sendo ganha com muita determinação e dedicação.

Gilbert continuava tratando de Bertha, e apesar de seu marido sutilmente ter sugerido que ela deveria tentar se aproximar de sua mãe biológica, principalmente por compaixão ao problema que ela vinha enfrentando, Anne não conseguia abrir seu coração para aquela mulher que fora causadora de seu sofrimento no passado. Ela era mãe, e só de pensar em se separar de seus bebezinhos já sentia seu coração doer, então, Anne chegara a conclusão que se sua mãe fora capaz deixá-la no orfanato fora porque não a amara de verdade, assim, ela não queria perder tempo com alguém que só viera procurá-la agora, porque precisava do seu perdão para poder morrer em paz.

Pensar em sua mãe biológica morta não lhe causava nenhum sentimento especial. Ela tinha pena assim como teria de qualquer pessoa que estivesse enfrentando o problema, mas, não conseguia se sentir triste por isso. Anne sabia que era assim porque com a falta de convivência diária, ela não pudera desenvolver sentimentos por Bertha que a fariam sentir um pesar genuíno pelo que a mulher vinha enfrentando. Ela apenas se perguntava se deveria se sentir culpada por isso, porque às vezes lhe dava a sensação de que estava sendo mesquinha por não demonstrar mais simpatia por Bertha do que deveria, mas, também entendia que sentimentos assim não nasciam do nada, eles precisavam de tempo para brotar e crescer, e Anne não tivera a oportunidade de cultivar nenhuma emoção positiva em relação à sua mãe adotiva, porque ela simplesmente surgira do nada, e fizera Anne engolir da forma mais amarga possível toda a história de sua vida, e a ruivinha simplesmente considerara aquela ação como invasiva demais.

Talvez com o tempo ela conseguisse enxergar Bertha com outros olhos, mas, por enquanto preferia manter uma distância segura, pois depois de tantos tombos que levara nos últimos tempos, ela sentia que seu coração não aguentaria outra decepção, por isso impôs a si mesma a filosofia de viver um dia de cada vez para que assim suas expectativas não fossem maiores do que a realidade lhe apresentaria.

Desta forma, naquele incrível fim de tarde ela estava sentada no Central Park junto com seu marido que acabara de chegar do trabalho, e a mimara com aquela surpresa. Ele a convencera a sair naquela hora de casa para que pudessem desfrutar de alguns instantes juntos em outro ambiente, pois na maior parte do tempo Anne preferia ficar no sossego de seu apartamento, e isso se intensificara como problema de sua imobilidade. No entanto, agora que estava se recuperando, Anne se sentia mais à vontade para fazer parte do mundo real outra vez, e o grande responsável por isso, era seu marido maravilhoso que desde que toda aquela situação começara, fora o apoio mais sólido que tivera, e realmente exercitara um dos mandamentos do casamento que era apoiar sua parceira na alegria e na tristeza, e se não fosse por aquela fortaleza que era Gilbert Blythe, Anne não teria passado por tudo aquilo sem ter desistido na metade do caminho.

Anne with an e- Corações em jogoWhere stories live. Discover now