Capítulo 36- Uma esperança

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GILBERT

Gilbert estava exausto, mas não se permitia descansar, precisava encontrar uma maneira de ajudar Sarah, e isso tinha que ser o mais rápido possível, por isso passava horas na internet, em busca de algum artigo, experiência ou caso documentado que lhe apontasse um norte, e lhe fornecesse recursos para que pudesse iniciar sua batalha contra a doença de Sarah. Ela era muito jovem e não merecia morrer daquela maneira, tinha que haver uma saída, e ele ia encontra-la de qualquer maneira.

Ele passou as mãos pelos cabelos, e olhou para o porta retrato onde havia uma foto de Anne. Ela pousara para a câmera como se quisesse seduzir quem olhasse em seus olhos incrivelmente azuis. Se fechasse os olhos, Gilbert tinha certeza que ouviria sua risada cristalina ecoando pelo ar e fazendo-o tão feliz como se ganhasse um presente de Natal fora de época.

Fazia uma semana que não ficavam juntos e seu corpo reclamava. Ele precisava tanto dela que nos raros momentos em que se permitia fechar os olhos e dormir, ele sonhava com o toque e os beijos dela, e ao despertar novamente sentia aquele desejo febril de correr até ela e amá-la até a exaustão. Gilbert sabia que Anne estava magoada com ele, Gilbert pôde perceber na última vez em que ela estivera no hospital para vê-lo, e ele tinha consciência que a culpa era dele.

Ele vinha negligenciando o namoro dos dois em nome de um Idealismo que poderia parecer absurdo para muitos, mas que para ele era uma questão de honra. Gilbert não esperava que Anne compreendesse o que estava tentando fazer, ele queria apenas que ela confiasse nele e tivesse a paciência de esperar que tudo aquilo tivesse fim.

Parecia demais pedir aquilo para Anne, mas ele esperava que o amor que ela sentia por ele a ajudasse a compreendê-lo. Ele não podia perdê-la. Sem ela Gilbert não sabia o que faria. Anne era a única base que ele tinha agora e não suportava a ideia dela deixá-lo por algum motivo.

Será que estava sendo egoísta demais por querer que Anne ficasse do seu lado naquele momento? Será que estava sendo exigente demais com ela a respeito daquele assunto? Queria que as coisas fossem maus simples e não desejava expor Anne a tanto estresse e tensão.

Porém, a verdade de tudo aquilo era que desde que o pai morrera, ele se sentia frustrado, pois tivera que assistir impotente a morte dele, mas agora com Sarah, ele prometeu que seria diferente. Existiam mais recursos nos dias atuais, e por isso, Gilbert prometeu que não descansaria até encontrar algo que o ajudasse a afastar Sarah das garras da morte, dando-lhe uma vida com mais qualidade.

Ele devia isso a ela. Era como se sentia Ele a negligenciara quando estavam juntos, e nunca questionou as dores de cabeça que ela sentia. Quando Sarah dissera que eram enxaqueca ele acreditara e nunca sequer pensar a que poderia ser outra coisa mais séria. Ele apenas aceitara o que ela lhe dissera sem questionamentos. Agora fazia uma semana que estava à procura de respostas, e ainda não tinha encontrado nada de significativo. Ele desligou a internet e olhou novamente para o retrato de Anne

Ele daria tudo por um abraço dela naquele momento, enroscar seu corpo no dela e dormirem abraçado a noite toda. Ele precisava daquele aconchego que ela lhe dava e sem o qual não conseguia mais viver. Estava se sentindo sufocado com tantos pensamentos dentro da sua mente, e sabia que pudesse afundar seu rosto nos cabelos dela sentiria como se estivesse mergulhando em um mar calmo de ondas serenas. Anne tinha o poder de acalmá-lo quando mais nada funcionava. E nos últimos dias estava sofrendo sua abstinência por ela, e a culpa era somente dele também.

Gilbert a mantinha afastada, mas não era por que não a queria por perto, e sim por que não queria contaminá-la com a seriedade daquele caso, que carregava em suas entrelinhas uma carga negativa e triste. Anne não merecia aquilo. Ele queria aquele rosto lindo sempre sorrindo para ele quando voltasse para casa, e não ia arrastá-la com ele na dureza pesada daquele assunto.

Ele sabia exatamente o que acontecia quando pessoas entravam em contato com a realidade fria daquela doença e Gilbert não desejava expor Anne aquele tipo de coisa. Por mais que ele desejasse que ela estivesse com ele a cada passo do caminho, naquele caso específico ele preferia mantê-la a margem de qualquer sofrimento. Mesmo que ela ficasse com raiva dele, Gilbert faria o possível para protege-la de tudo que pudesse fazer-lhe mal. Anne era seu sopro de vida, a brisa fresca em seu rosto quando seu mundo ficava pesado demais para suportar.

Na última vez que ficaram juntos, e ele lhe contara sobre Sarah, ela fizera o possível para deixa-lo relaxado, e por fim, acabaram se amando mais intensamente que as outras vezes, por que ele precisara ardentemente da paixão que havia nela, trazia-lhe paz, trazia-lhe amor, dava-lhe a sensação de que era livre e podia voar além das estrelas. Anne lhe dera tudo naquela noite, se entregara completamente como se soubesse que somente a intensidade que havia nela poderia salvar Gilbert do horror e desespero que havia dentro de si. E então ele adormeceram em paz com Anne agarrada a ele, e foi a melhor noite de sono que tivera em dias.

O momento mais constrangedor foi quando Marilla e Matthew chegaram de manhã e o encontraram com Anne, mas, enquanto Marilla lhe fazia mil e uma perguntas sobre o hospital em uma tentativa de fazê-lo se sentir mais à vontade, ele não poderia deixar de notar o olhar divertido de Matthew Cuthbert. Era óbvio que sabiam que ele passara a noite com Anne em Green Gables, e apesar de serem pessoas com princípios tradicionais, pareciam não se importar que ele tivesse estado com Anne de maneira mais íntima, tratando-o com a mesma consideração de sempre, e foi aí que percebera que já era parte da família.

Gilbert sempre amara os Cuthberts. Desde que conseguia se lembrar as duas famílias tinham sido amigas, e o pai de Gilbert tinha estudado com os dois irmãos .Ele desconfiava que tinha rolado alguma coisa entre seu pai e Marilla quando eram jovens, mas não.podia ter certeza porque o pai nunca lhe confessara nada a esse respeito, mas quando ele falava de Marilla, às vezes Gilbert podia ver um brilho diferente nos olhos de seu pai, como se uma chama antiga se acendesse, mas nunca durava muito tempo, pois o pai era perito em esconder suas emoções.

Assim, quando John Blythe falecera, eles lhe deram todo o suporte emocional necessário para que ele se sentisse acolhido Marilla vinha todos os dias lhe trazer comida, pois queria se certificar que ele estava se alimentando direito, e Matthew vinha conversar com ele sempre que podia. Fora aquele apoio que ajudara Gilbert a passar por aquele período turbulento, e foram eles também que o incentivaram a ir atrás de seu sonho em ser médico. Quando ele se formara, Gilbert tinha lhes enviado um convite para a cerimônia, mas eles não puderam comparecer porque Marilla estava doente, mas prepararam para ele um jantar especial para comemorarem sua formatura, e Gilbert nunca se divertira tanto com as histórias que Matthew lhe contara, além de saborear a boa comida de Marilla.

Gilbert sentia não poder visitá-los com mais frequência e agora quando isso acontecia, era porque ele estava indo para ver Anne, e nunca mais tivera uma boa conversa com Matthew. Quando ele estava no hospital, Gilbert o visitava todos os dias, mas era parte de seu trabalho como médico de Matthew, então, as conversas que tinham eram sempre sobre a saúde do bom senhor.

Quem sabe, ele não pudesse fazer uma pausa naquele fim de semana, e convidasse os Cuthberts para o jantar? Ele também convidaria Sebastian, sua esposa e filha. Anne ainda não os conhecia, e essa era uma boa oportunidade para isso.

No mesmo instante, Gilbert ligou para Mary para fazer o convite, e pediu que ela encomendasse a comida no restaurante local em Avonlea para a noite seguinte, já que seria sábado. Em seguida, ele ligou para Green Gables e falou com Marilla que adorou o convite. Ele aproveitou e perguntou por Anne, mas Marilla disse que ela tinha saído com Cole. Gilbert ficara desapontado, pois queria muito ouvir a voz dela, mas também ficou contente por ela não ficar confinada em casa por causa dele. Ele ligou no celular dela, mas caiu na caixa postal. Então decidiu que ligaria mais tarde.

- Ei, Gilbert, tem um minuto? - Daniel lhe perguntou

- Claro. - Gilbert respondeu.

- Você já leu esse artigo? Acho que aqui você encontrará algumas respostas para o que está procurando. – Ele disse.

- Obrigado, meu amigo, vou lê-lo agora mesmo.

Assim que Daniel, saiu. Gilbert dedicou toda a atenção a matéria que o amigo lhe mostrara em um site de medicina na internet, e quanto mais lia, mais interessado ficava. Ao finalizar o artigo ele estava sorrindo, encontrara uma luz no fim do túnel afinal.

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Olá, espero que apreciem e me contem o que acharam. Beijos.

Anne with an e- Corações em jogoWhere stories live. Discover now