11. Cabeça contra a Parede

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Frederick Smoak estava de bom humor, acabava de voltar da caminhada noturna na qual Nabila, sua enfermeira recentemente contratada, lhe havia levado.

- Ela chamou também a senhora Chamisse para ir connosco, Mira - ele se queixa - Acho que a Nabila está a tentar nos acasalar.

Ariela ri. A senhora Chamisse é sua vizinha do prédio, uma mulher bastante simpática e energética, bastante conversadora e prestativa. Sempre que saia para o trabalho a encontrava no porteiro a levantar o pão quentinho deixado pelo moço da padaria e a fazia rir com as melhores piadas, e ao seu regresso, muitas vezes a encontrava na sua casa, "a entreter este velho que pode morrer de isolamento se não for por minha boa companhia" como sempre dizia, se referindo ao seu pai.

- Eu tenho certeza de que ela só quer que o senhor tenha companhia de outras pessoas em vez de ficar trancado dentro de casa o dia todo. Se bem que a senhora Chamisse é simpática e muito boa companhia. Eu não me importo nada se por acaso o senhor se interessar por ela.

- Ó filha, deixa-te de disparates. A única mulher que me interessa nesta vida é você apenas. - ele diz, e ela sorri.

- Talvez seja hora disso mudar, ab. O senhor fez de mim seu centro nestes anos todos que nunca mais deu ao seu coração outra chance de experimentar um novo amor.

- Não havia espaço para isso. Sabes que nós podíamos ter que abandonar tudo a qualquer momento, e isso não é algo fácil de fazer quando há laços com outra pessoa.

- Mas ficamos anos e anos aqui. E nós não estamos mais a fugir, Ab.

- Certamente não por muito tempo, agora que você decidiu se meter com nosso passado quando devíamos andar fora do radar. - Fred alfineta, era bastante repetitivo quando se tratava de coisas com as quais não concordava.

- Este não é o momento de falar disso, Ab, por favor. E os Vaughn não são o inimigo, você sabe disso porque o senhor mesmo me disse.

- E disse para ficar longe deles, mas isso você nunca ouve. Começou por se enfiltrar na empresa deles e agora foi se casar com um deles. O que vai fazer a seguir? Contar para o seu marido quem é de verdade?

- Eu sei que o senhor não entende o que fiz, mas confia em mim, por favor. Eu vou ai visita-lo, amanhã, e conversamos sobre tudo isto com calma, está bem? Amo-te, ab.

- Eu também, Mirella. Sempre.

Quando desliga a chamada, ela arrasta o telefone até seu peito e o mantém ali, pensativa, até que a voz de Colin a desperta.

- Ab? Como pai em árabe?

Ela se coloca sentada devidamente, e arranja o cabelo, enquanto lhe vê aproximar. Sua mente vagueia rápido em busca de uma resposta que não a comprometa e se pergunta o quanto ele terá ouvido da sua conversa.

- Ahm... sim!

- Você fala árabe?

- Não exactamente. Eu... Eu tive um namorado árabe quando estava na faculdade. Um estudante de intercâmbio. - Nem tudo era mentira, Houve um estudante de intercâmbio que se interessou bastante por ela, mas de árabes, Ariela não gostava nem de ver a sombra. Fugia de todos, e não foi diferente com esse.

Rapidamente Colin se desinteressou pelo tema.

- E a Moira?

- Ela não quis entrar. Preferiu um hotel. Disse que precisava de uma noite serena, mas amanhã te procurava. Acho que ela não se sente bem aqui, não se sente em casa.

Um sonho Para MimWhere stories live. Discover now