Capítulo 33- O inesperado

Começar do início
                                    

Era assim que ambos eram, como fogo e gasolina que uma vez em contato se transformavam em um incêndio completo, e não havia medidas para o que sentiam e muito menos limites quando estavam entre quatro paredes, o mundo era o que eles desejavam que fosse. E quando Gilbert tinha Anne em seus braços gemendo de paixão por ele, ele não conseguia enxergá-la de outra maneira que não fosse sua.

Gilbert tinha esse sentimento de posse por ela, mas não era levado por nenhum tipo de machismo ou compulsão. Ele sentia que Anne pertencia ao seu coração, assim como ele pertencia ao dela, e juntos estavam construindo um relacionamento forte e duradouro.

Gilbert passou mais algumas horas cuidando de seus pacientes. Antes de fazer uma pausa para o café. Domingo era o dia em que famílias vinham ao hospital visitar seus entes queridos, por isso o ambiente ali parecia mais acolhedor que nunca. Ele esperava encerrar seu expediente tranquilamente naquele dia, e depois iria encontrar Anne. Mas, antes ele queria ter a oportunidade de conversar com o.psiquiatria do hospital de novo e conseguir descobrir sutilmente algumas pistas a respeito do real estado de Sarah. Ele nunca teria sossego se não soubesse a verdade e encontrar uma maneira de ajudá- la. Pesava em sua alma a maneira como o relacionamento dos dois terminar a e como ela parecera magoada e ferida

Não era em uma compensação no que ele estava pensando, e sim uma maneira de se redimir e tirar de seus ombros o peso que andava sentindo. Se pudesse ajudar Sarah, com certeza o faria de bom grado. Não pensava com isso conseguir o perdão dela, sua persistência naquele assunto era mais por que ele sentia que devia algo para Sarah, depois dos anos que passara com ele, e Gilbert fora incapaz de amá-la como merecia.

Ele esperava apenas que Anne pudesse entender essa necessidade que ele tinha de dar seu apoio a Sarah em tudo o que ela precisasse, pois seria difícil fazer algo sem a aprovação da namorada. Não queria causar conflitos. Anne era ciumenta, e às vezes não pensava coerência quando achava que algum obstáculo ou pessoa estava ameaçando o relacionamento deles. Ela era mais passional que racional, e se deixava levar por suas emoções e sentimentos. Anne sempre fora assim, desde muito pequena ainda, ela batia o pé ou fazia birra quando algo lhe era negado, e agora como mulher feita, apesar do ser humano incrível que era, Anne sabia muito bem ferir com palavras e atitudes quando queria. Na maior parte do tempo ela era doce e apaixonada , mas se magoada ou ofendida ela virava uma leoa para defender a si mesma e manter sua dignidade.

- Dr. Blythe. - ele ouviu alguém chamá-lo e viu que era a enfermeira Nora. Depois do último confronto dos dois, quando Gilbert lhe dissera o que achava das atitudes dela a respeito dele, ela parecia ter entendido o recado, e passara a tratá-lo com uma dignidade maior, embora Gilbert ainda duvidasse das reais intenções dela.

- Pois não, enfermeira. - ele respondeu solidamente.

-O paciente do quarto cinco apresenta febre acima dos 38 graus.

- Aumente a dose de antibiótico Ele está com um quadro de infecção que tem persistindo há dois dias. Se a febre não baixar teremos que fazer mais exames para encontrarmos a causa real da febre. - Gilbert disse checando os pulsos de um paciente que estava examinando.

- Certo. A paciente do quarto doze está reclamando de dores de cabeça constante. Devo mudar a medicação?

- Sim. Vamos ver como ela reage. Ela tem sofrido de enxaqueca há anos, e nunca descobriu porquê. Está aqui para tentar um novo tratamento.

- Bem, isso é tudo. Com licença. - ela disse sem olhar diretamente para ele, e Gilbert respirou aliviado ao vê-la sair da sala como uma ótima profissional que era, e não a mulher fatal que queria a atenção dele a todo custo.

Gilbert fez uma pausa para tomar um café, e coincidentemente, encontrou o psiquiatra de Sarah na sala dos médicos. Gilbert tentou puxar assunto, conduzindo a conversa para o problema de Sarah, mas o médico desconversou, e não permitiu que Gilbert tirasse qualquer informação dele, deixando-o frustrado com mais uma tentativa falha

Gilbert pensou em ligar para o irmão de Sarah e perguntar diretamente a ele, Sempre se deram bem e podia-se dizer que eram amigos, mas, depois desistiu dessa ideia, ponderando que se Matt, irmão de Sarah, o julgasse culpado pelo problema da irmã jamais lhe daria a informação que ele precisava.

Aquilo estava se tornando mais difícil do que pensar. Qual era o mistério que envolvia tudo aquela questão? Que segredo terrível era aquele que deveria ser guardado a sete chaves e mantido em sigilo absoluto até dele que era o cirurgião chefe daquele hospital?

Quando estava no final do seu expediente, Gilbert passou em frente ao consultório de Mike e viu que a porta estava aberta. Ele bateu de leve esperando que ele lhe respondesse, mas nenhum som veio de lá de dentro, o que o fez decidir-se a entrar.

Não havia nem um sinal de Mike quando Gilbert entrou, e ele logo deduziu que o rapaz já tinha ido embora. Ele já ia sair do consultório do amigo, quando viu que ele havia deixado as fichas dos pacientes em cima da mesa.

Gilbert hesitou por um momento, pensando que não seria ético o que lhe passara pela cabeça, mas a sua curiosidade e preocupação foram maiores que seu profissionalismo, por isso, ele foi até as fichas e procurou pela de Sarah. Não teve dificuldade em encontrá-la, então, seus olhos passaram rapidamente pelo diagnóstico que Mike escrevera ali e ele empalideceu violentamente sem conseguir acreditar no que lera.

Gilbert saiu do consultório de Mike e foi direto para o seu. Sentou-se em sua poltrona totalmente desorientado, balançando a cabeça em negativa. Foi então, que ele colocou a cabeça entre as mãos e chorou desconsoladamente.

Anne with an e- Corações em jogoOnde histórias criam vida. Descubra agora