MINHA SALVAÇÃO (Concluído)

20.1-

Hugo

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Quem me vê hoje, acha que minha vida sempre foi assim um mar de rosas.

Meu nome é Hugo Baritirlle, nasci em Bradfordna Inglaterra. Meu pai é um rico empresário.

Aos 10 anos de idade levei minha primeira surra só porque meu pai me pegou desenhando vestidos. Dai em diante apanhar virou rotina. Aos 14 não suportando mais tanta discriminação resolvi enfrentar meu pai e dizer o que realmente queria da vida. Porém, para minha não tão surpresa, o meu pai me deu um ultimato. Ou eu largava os desenhos e segundo ele virava um homem, ou a partir daquele momento eu estava na rua.

Sem consegui mais aguentar aquela situação fui para o meu quarto e arrumei minha mala, minha mãe estava chorando me pedindo pra pensar melhor na minha decisão. Ela assim como meu pai não me entendia, ou melhor, não me aceitava.

Quando vou saindo do quarto com minhas coisas meu pai deixa claro que a partir daquele momento eu deixaria de ser seu filho e para não os procurares mais. Com suas palavras girando em minha mente e sem me dar ao trabalho de responder, simplesmente peguei minha pequena mala e sai sem olhar para trás.

"Nós não vamos passar vergonha por sua causa." Essas foram às últimas palavras do meu pai. As palavras que eu ouvi antes de fechar a porta e seguir o meu destino.

A partir dali eu estava sozinho no mundo, eu era apenas um garoto, mas sabia o que queria, e ia lutar por isso. Pegando carona com um caminhoneiro eu me mudei de cidade dando adeus a Bradfordna para sempre.

Trabalhei como garçom, trabalhei como organizador de eventos, mas nunca desisti dos meus desenhos. E foi em um evento da semana da moda em Londres, ao qual eu estava na organização, quando eu já  tinha 18 anos, que minha vida mudou.

Como um dos organizadores do evento eu tinha acesso ao bonitão CEO Christian Grey. Ele era jovem, muito jovem, mas também muito inteligente e um visionário.

Tomei coragem e fui até ele. Com cuidado para não estragar a única oportunidade da minha vida, pedi para que ele desse uma olhada nos meus desenhos. De início ele ficou calado apenas me olhando, me fazendo por pouco não me ajoelhar aos seus pés. O seu jeito "sou o dono da porra toda" deixava até  o mais experiente empresário engolindo em seco, imagina eu. Nossa diferença de idade é apenas de dois anos, mas ele é aquele tipo de pessoa que faz o "sim senhor e não senhor" sair da sua boca sem que você perceba.

Ele folheia desenho por desenho, hora olhando pra mim hora olhando os desenhos, quando termina ele para olhando pra mim e pergunta:

– Desde quando você desenha?

– Desde criança.

– E você já mostrou seus desenhos para alguém?

– Sim, alguns não esses ai.

– Qual a sua idade?

– Dezoito, senhor.

– O que esses desenhos representam para você?

– Tudo. Eles são o que eu gosto de fazer, e o que eu quero ser.

– Eu procuro para trabalhar comigo pessoas que tenham talento, talento de verdade, e você é um talento nato. Porém para você trabalhar para a GREY terá que se mudar para os Estados Unidos. O que você me diz? – ele levanta um dedo e continua sem me deixar responder. – Antes de me responder deixa eu te falar. A GREY vai te dar tudo para você crescer, a única coisa que exijo em troca é seu compromisso e fidelidade. Então, está pronto para viajar pra outro continente?

– Quando eu vou poder ir senhor?

– Quando encerrarmos essa semana. Tudo certo pra você?

– Tudo certo. Vou pedir demissão do meu emprego.

– Ótimo. Esteja pronto sábado as nove da manhã, meu motorista irá pegar você. – diz ele apontando para o grandão que estava à porta. – Passe seu endereço pra ele.

– Obrigado.

– Não me agradeça ainda.

*

Isso foi em fevereiro de 2010, na semana da moda.
Organizado pelo Conselho Britânico de Moda (BFC).

Nesse mesmo dia pedi demissão do meu emprego após sair da sala onde estava o senhor Grey. Entreguei meu endereço para o grandão e fui resolver minhas coisas. Essa seria minha última semana na Inglaterra, na semana seguinte eu seria um cidadão Americano. Só voltaria à Inglaterra agora só para trabalho. Eu ia dá o melhor de mim para ser alguém na vida, e fazer o melhor possível para que o senhor Grey se orgulhasse do meu trabalho.

Lembro-me como se fosse hoje quando entrei no jatinho da GREY com destino aos Estados Unidos. Senti-me pela primeira vez como se agora sim eu estivesse começando a viver.

Dizer que foi fácil, que foi moleza ficar na GREY seria uma mentira grande, eu tive que conquistar meu território. Tive que brigar pelo que queria, e mostrar a exclusividade dos meus desenhos.

Com dois anos sendo o segundo estilista da GREY tive uma queda de braço com o estilista chefe. O cara era um babaca que só porque era famoso achava que qualquer porcaria que ele desenhasse o senhor Grey iria aprovar e que nunca seria demitido, e foi ai que ele se enganou.

No dia da Reunião o senhor Grey me perguntou se eu tinha alguns desenhos para mostrar pra ele, e foi ai que passei a ser o número um. O meu nome surgiu, e todos queriam me conhecer. Oito anos depois aqui estou eu, trabalhando com o que sempre quis, entre os melhores, com amigos queridos, que conquistei ao longo desses anos.

E como eu tinha jurado, eu realmente voltei para Inglaterra, mas só a trabalho. Se minha família sabe onde estou e o que estou fazendo, nem sei e nem me interessa. Tudo que quero é distância deles, pois, pais como os meus, ninguém merece.

Estou bem, estou feliz e ganhei uma nova família. Afinal, família não é ligada pelo sangue, e sim pelo amor.

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Continua....