⠀⠀⠀— Também vou subir. — Aperto sua mão um pouco.

⠀⠀⠀— Nina, preciso falar com você. — Tori diz.
 
 
Mais uma vez, eu e Nina nos entreolhamos. Será que aconteceu alguma coisa?
 
 
⠀⠀⠀— Ok. — Eu e Nina dizemos em uníssono.
 
 
Nina beija a ponta do meu nariz e eu sorrio. Deixou o habitual e carinhoso beijo na sua testa e sigo para me sentar ao lado do meu pai, ao mesmo que Tori e Nina saem da cozinha. Eu observo Nina até ela desaparecer da minha vista.
 
 
⠀⠀⠀— Como foi o baile? — Meu pai pregunta quando ficamos ambos sozinhos na cozinha.

⠀⠀⠀— Tinha como ser ruim? Foi maravilhoso. — Digo, extasiado. — Nós dançamos, rimos, cantamos, brincamos e é claro que comemos muito. Nina gosta mais de comer, que gosta de mim. — Meu pai gargalha.

⠀⠀⠀— Não sei se já havia te visto tão eufórico por alegria dessa forma. Não lembro de já ter te visto tão feliz.

⠀⠀⠀— Nunca me senti tão feliz. Eu estou tão apaixonado por ela, pai. Não consigo não pensar nela.

⠀⠀⠀— É amor. Já disse que a ama?

⠀⠀⠀— Sim, milhares de vezes. Não consigo estar perto dela e não dizer que a amo. Estou viciado nela.

⠀⠀⠀— Ela disse que te ama?

⠀⠀⠀— Antes de eu dizer. Eu sei que Nina me amava antes de eu sequer saber que gostava dela. — Suspiro.

⠀⠀⠀— Posso te pedir algo? — Meu pai diz calmamente.

⠀⠀⠀— Sim, claro.

⠀⠀⠀— Cuidado, ok? Amo você e quero que seja, então tome cuidado.

⠀⠀⠀— Com o quê, necessariamente?— Arqueio as sobrancelhas.

⠀⠀⠀— Com os sentimentos e para onde os direciona. Direcioná-los a Nina é uma boa escolha, só não vai sempre sentir que foi. Não é só com ela.

⠀⠀⠀— Eu sei, eu entendo. Consigo lidar com isso. — Balanço a cabeça. — Talvez nós briguemos e isso acabe em uma semana, ou talvez em dez anos ou nunca, mas eu me sentirei sortudo por ao menos ter tido um pouco dela pelo o que parece infinito. Talvez, uma hora, ela ache um erro me amar ou eu ache isso, como você disse, mas isso é só um talvez. Tudo entre nós é baseado em certezas, é só no que pensamos.

⠀⠀⠀— Está feliz?

⠀⠀⠀— Eu estou.

⠀⠀⠀— Então eu estou feliz. — Ele beija a minha testa. — E eu sei que é estranho dizer, mas de protejam. — Meu pai diz e eu sei que estou corado.

⠀⠀⠀— Eu sei bem como isso funciona.— Digo, afogado em vergonha.

⠀⠀⠀— Espero que saiba mesmo. — A voz de Tori estala pela cozinha. — Não tenho mais idade para lidar com crianças.

⠀⠀⠀— Nem eu. — Afirmo. — Podemos mudar de assunto?

⠀⠀⠀— Se falar de sexo te assusta, imagina só como ficaria assustado quando eu for te matar sorrateiramente por engravidar a minha filha.

⠀⠀⠀— Eu não vou engravidar a sua filha. Não agora. — Esfrego as mãos no rosto.

⠀⠀⠀— O que quer dizer?

⠀⠀⠀— Que um dia eu quero ter filhos. Um dia bem distante do agora, mas um dia. Assim como você teve, meu pai teve, minha tia teve e a mãe da Anna teve. Eu ainda não fiz nada com a Nina, mas quando acontecer, você será a primeira a saber. Ok?

O Silêncio Entre Nós Onde as histórias ganham vida. Descobre agora