⠀⠀- Meu avô paterno era... dono de um. - Ela sorri. - Mamãe viveu quase... quase toda a-a adolescentes lá-lá. - Nina esfrega as mãos.

⠀⠀- Você só pode estar brincando. - Eu sorrio. - Cada dia fico mais surpreso com você.

⠀⠀- Isso é bom?

⠀⠀- É ótimo.


Eu perco para ela em quase todos jogos que jogamos juntos e ela ganha uma infinidade de tickets quando joga sozinha; já eu, perco quase todas. A diferença de tickets que nós temos para trocar por algum brinde, é gritante. Eu acho fantástico. Mas sozinho ou com ela, eu fui péssimo. Apenas um de dança, que jogamos juntos, nenhum de nós foi bom. Somos dois desengonçados e mesmo assim, tentamos mais de uma vez. Vê-la sorrindo vale passar essa pouco de vergonha. Se bem, que foi divertido. Ainda mais divertido poder ver que ela estava se distraindo e estava feliz. Isso, sim, é impagável.


⠀⠀- Acho que você já me humilhou o bastante, né? - Eu brinco, ajudando-a a segurar os tickets que ela ganhou. - Vamos trocar?

⠀⠀- Não sei pelo o quê. - Ela diz, caminhando bem ao meu lado.

⠀⠀- Isso aqui não costuma ter muita coisa interessante sobre os brindes. Só é bem, bem divertido, mesmo. Você se divertiu? - Eu a entreolho.

⠀⠀- Sim. - Nina diz, sorrindo para mim. - Obrigada, Adam.


Sem querer, por estar olhando para mim, ela esbarra em um garotinho que está chorando. Ele resmunga u. pouco e olha para nós. Eu franzo o cenho e me abaixo à sua altura para poder olhar para ele. Ele é magro e esguio, de pele parda e um cabelo enrolado. Se veste melhor que eu, mesmo que seja com um uniforme de escola tradicional.


⠀⠀- Ei, você está bem? - Eu indago. Nina se abaixa ao meu lado.

⠀⠀- Eu sou péssimo nisso. Gastei todos os meus quinze dólares e nada. - Ele limpa seu rosto com as costas das suas mãos. - Eu queria o ursão pra dar pra ela, mas eu não consigo. Droga. - O garoto pigarreia.

⠀⠀- "Ela" é uma garota especial? A garota que você gosta? - Eu afago seu braço.

⠀⠀- Sim. - O menino suspira. - Queria fazer alguma coisa que ela gostasse.

⠀⠀- Toma. - Nina diz, estendendo todos os seus tickets para ele.

⠀⠀- Nina, não tem... - Tento dizer, mas ela não dá bola.

⠀⠀- É sério? - Os olhos do garoto se arregalam.

⠀⠀- Sim. - Ela sorri. Nina disse duas palavras a ele. Como isso é sequer possível? - Fica.

⠀⠀- Bem, agora pode conseguir o urso para a sua "ela". - Eu sorrio. - Pode ficar com as minhas também. - Entrego-o. - E saiba que não tem que precisar dar algo à ela pra que goste de você. Só seja você mesmo.

⠀⠀- É um bom conselho. Muito obrigado! - O garotinho diz, extremamente animado. - De verdade. - Ele segura as fichas e sai correndo em direção ao local onde os brindes estão.

⠀⠀- Isso foi muito legal da sua parte. - Eu digo à Nina, que afunda suas mãos nos bolsos do seu moletom.

⠀⠀- Não ía usar. - Ela dá os ombros. - E ele... bem, gos-gosta de alguém. - Nina abre um sorriso gentil e arruma seus óculos em seu rosto.

⠀⠀- E você? Gosta de alguém? - Eu pergunto, empurrando a porta da saída do fliperama.

⠀⠀- Talvez. - Ela desvia seu olhar.

⠀⠀- Sério? E já contou para ele? - Cruzo os braços.

⠀⠀- Não. Não vou. - Nina comprime os lábios.

⠀⠀- Por quê? - Coço a nuca. - Aliás, gosta de comida mexicana? Pensei em tacos. Tem uma loja no final da rua.

⠀⠀- Boa. - Ela anui. - Porque sou... a Nina. Não gostam de-de mim. - Ela gagueja.

O Silêncio Entre Nós Where stories live. Discover now