Capítulo 35

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Depois de inundar o estádio do maracanã de tanto chorar, consegui dormir. Quando acordei, meu quarto estava cheio de flores. – Alguém morreu e entregaram todas as flores no quarto errado – murmurei. Entrou a enfermeira. – Quem mandou todas essas flores, tem certeza que não erraram o quarto. – Pergunto.

– Não erraram, não, foi o moço que veio hoje cedo aqui ver você, um gato, seu namorado.

– Sei, meu namorado – comecei a rir imaginando que ela se referia ao Celso. – Enfermeira, sabe quando vou sair desse hospital, eu não aguento mais ficar aqui, posso sair um pouco, vou ver o senhor Antônio.

– Ele foi para casa hoje de manhã.

– O quê? Antes que eu, como assim eu achei que ele ficaria uma semana ou mais aqui internado, ele já estava bem, para ir pra casa?

– Sim senhora. – Disse Ilda entrando no quarto. – Não foi tão grave, mas está deitado sem fazer esforços, trouxe suas frutas.

– Bom dia, Ilda, como está o senhor Antônio hoje?

– Está bem. Falou que virá aqui, quer ver você, o Antony veio falar com você?

– Não, se veio eu estava dormindo, sei que fui uma das muitas mulheres, mas olhe quantas flores que recebi dele, quando acordei me assustei, achei que estava em um velório – disse rindo.

– Credo, mulher, vire essa boca pra lá.

– Ilda, eu nunca recebi tantas flores, quero dizer, nunca recebi flores, fiquei surpresa, eu amei, olhe, são tão lindas, e o perfume.

– Marcela, eu sei que ele nunca traiu a ex-mulher, também nunca vi com outras mulheres, nem com a poodle – rimos juntas – ele gosta de você, dá pra ver, ainda mais agora com um bebê.

– Boas tarde, meninas – entrou beijando a testa da Ilda. – Estão fazendo festa que estão rindo –disse Celso.

– Obrigada pelas meninas, Celso.

– Você está bem, Marcela?

– Sim, amanhã vou ganhar alta, não aguento mais ficar aqui sem fazer nada.

– Vamos, Ilda, amanhã a gente se vê, Marcela.

– Mas vocês acabaram de chegar, tchau, até amanhã.

Fiquei sozinha novamente, senti um vazio no peito, se fosse no estômago, meu filho diria que era fome, que saudade deles, vou chorar de novo, devo estar deprimida, levantei para dar uma caminhada, andei pelos corredores, fui até a maternidade, bebês dormindo, outros chorando, tão lindinhos e fofos, me passaram uma paz tão boa, deslizei as mãos sobre meu ventre, lembrando que ali também tinha um coraçãozinho minúsculo batendo forte, continuei minha caminhada, entrei na igrejinha do hospital, fiz minhas orações, agradeci principalmente por não ter acontecido nada com meu filho, e com o senhor Antônio. Fui até a sacada, debrucei-me, fiquei olhando os carros passarem na rua, uma SUV prata parou no estacionamento, seu Antônio e o Antony saíram de dentro dela e entraram no hospital, será que vieram me ver, continuei ali debruçada.

– O que você está fazendo aqui – disse o senhor Antônio. Dou um pulo, não esperava eles tão rápido. – Deveria estar deitada descansando, e se acontecer algo com meu netinho.

– Seu Antônio, veja só, abracei ele, saiu antes que eu do hospital.

– Ai, não me aperte tanto, está doendo ainda minha cirurgia.

– Desculpas, seu Antônio, estou feliz que esteja bem, e graças a Deus, amanhã estou saindo, não fico mais um dia aqui, e não se preocupem, estou cuidando bem do bebê.

Há Quanto Tempo Esperava Encontrar Alguém AssimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora