Capítulo 34

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Mal faço um passo e ouço. – Bom dia, pai, o senhor está melhor, congelei, essa voz, olho para trás, ele estava beijando seu pai no rosto.

– Bom dia, doutor. Então ele olha para mim e sorri. Bom... Você, meu Deus, Marcela, como você está? Veio correndo para perto de mim.

– Vocês se conhecem – disse seu Antônio.

– Sim pai, ela é a mulher que falei, a gente se conheceu no avião, meu Deus, Marcela, liguei um monte de vezes para você, enviei mensagens, você nunca atendeu o celular, nunca mandou respostas.
Então ele me abraçou, inalei o perfume do seu corpo, não sabia o que fazer, Deus, que saudade desse homem lindo todo cheiroso e esse sorriso lindo, comecei a chorar, não conseguia falar, ele me largou, olhou para mim. – Também estou feliz em ver você, tocou meu rosto.

Márcio e José entram trazendo a tiracolo a poodle, que correu para o Antony agarrou e não largou mais, vi que estava sobrando, então, devagarinho saí para o meu quarto, deitei na cama e chorei, de todos os lugares que existem, vim parar justamente na fazenda do pai dele, grávida, sem dinheiro para voltar para casa. Bateram à porta e gritei. – Entre.

– Nossa, Marcela, que raiva é essa, você estava chorando, o que aconteceu?

– Droga, Ilda, com todos os lugares que tem no mundo eu vim parar justo na fazenda do pai dele, que merda.

– Não entendi por que você está tão brava assim?

Má Che caspetta, Ilda, o pai do meu filho é o Antony, filho do senhor Antônio.

– Sim e daí, eu e Celso já sabíamos.

– Por que vocês não me falaram? Se eu soubesse não estava passando por tudo isso, tinha voltado para casa.

– Desculpa, não queríamos ser intrometidos, e sobre o seu filho, ele vai gostar.

– Não, não vai, ele sabe que não pode ter filhos, ele vai me odiar se souber que vou ter um filho, vai pensar que andei trepando por aí, e achar que sou igual à ex-mulher dele, nem sei por que estou chorando, foi só uma vez, sem proteção, isso não deve ter significado nada para ele, já que está bem acompanhado, que raiva daquele poodle, Ilda.

– O quê? Do que você está falando, que eu saiba Antony não tem cachorro!

– A Jaqueline, Ilda.

– Ah, você estava falando da Jaqueline, Antony não gosta dela, e porque você a chama de poodle.

– Por que ela tem os cabelos que parecem os cachorrinhos poodle. – Ilda ri.

– O pior que é verdade, eu também não gosto dela, é muita chata, vou chamá-la de poodle na próxima vez que ela me xingar, é mandona, chega à fazenda mandando em todos, vai passando os dedos nos móveis para ver se tem pó, Antony fica louco, eu não ligo para ela, e já que o Antony não a quer, ela corre para os braços do mulherengo do Márcio.

Todos voltaram para a fazenda, menos Antony e Celso.

– Pai, o que a Marcela fazia aqui?

– Ela está trabalhando na fazenda, quando enfartei, ela me trouxe para hospital.

O médico estava no quarto e concordou.

– Verdade, meu rapaz, se não fosse por ela, seu pai...

– Está bem, eu sei, onde ela está agora?

– Está em repouso no quarto 33.

– Papai, eu já falei para não contratar mulheres na fazenda.

– Filho, ela chegou desesperada, pedindo emprego, não consegui dizer não.

– Mas papai...

– Filho, se você soubesse o que essa mulher passou, até você daria emprego para ela.

– É verdade, seu Antony – disse Celso – até eu fiquei com dó, depois, ela só quer ir para casa ver seus filhos.

– O que aconteceu para vocês ter tanta pena dela assim.

– Ela contou que conheceu um homem e ofereceu o AP para ela ficar, o dia que ela iria para casa, foi assaltada tomando o táxi em frente ao prédio, então ficou um mês no Rio até recuperar os documentos, eu mesmo averiguei filho, é verdade, a coitada trabalhou de garçonete em uma pizzaria, durante o mês, e conseguiu carona até aqui, leu em algum lugar que nós precisávamos de empregados e veio até a fazenda.

– Olha, seu Antony, ela trabalha mais que qualquer empregado na fazenda – disse Celso.

– Ela está trabalhando no quê?

– Ela faz de tudo, seu Antony, que o senhor visse, sabe lidar com o gado, monta bem, sabe dirigir caminhão, trator, tirar leite, fez até uma horta para a Ilda, mas agora que está grávida vai ter que parar de trabalhar.

– Ela está grávida?

– Sim, filho, e quase perdeu o bebê, por isso está em repouso aqui no hospital, ela se esforçou demais para me ajudar.

– Como assim, não entendi.

– Filho, nós estávamos olhando os cafezais, eu enfartei, ela me reanimou, e levou-me para a caminhonete, não sei como, mas sei que estou vivo, graças a ela, estou muito grato, vou ajudá-la durante a gravidez, e também vou ajuda-la a voltar para casa, faz um ano que não vê seus filhos, e quando ela melhorar, vou levá-la para casa.

– Obrigada papai.

– Pelo que, filho?

– Por cuidar dela.

– Eu sabia, filho, que era você e o filho dela.

– Não pode ser meu, eu tenho o exame papai.

– Eu sei, filho, mas e se de repente ele for seu?

– Quem é o médico que está cuidando dela?

– O meu.

– Vou falar com ele.

Há Quanto Tempo Esperava Encontrar Alguém AssimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora