Capítulo 5

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Os adolescentes já estavam me deixando doida com o barulho, e o elevador não chegava nunca, o maluco do Antony se divertia, parecia gostar. Até eu ficar "p" da vida.

– Porra seus moleques, dá pra parar com essa melação, droga, esperem até a gente sair, e me olharam assustados, nunca fui tão boca aberta assim.

Os dois usavam piercing nas orelhas, nos lábios e na língua, vi porque a menina mostrou a língua pra mim, não sou contra, mas aquilo estava passando dos limites, poxa vida, que falta de respeito. Até que enfim o elevador parou, e eles saíram.

– Cuidem-se, e usem preservativos seus moleques.

– Tá parecendo minha vó, disse a menina, para mim.

– Obrigada, por isso, escutem o que os mais velhos falam, geralmente eles tem razão. Mostrou a língua novamente.

– Mas que diabinha, murmurei, tomara que peguem sapinho na língua.

Antony ria. – Por que ficou brava de repente? Perguntou.

– Você não ficou bravo porque estava gostando, olhei para sua calça com um volume surpreendente, tarado. Ele olhou para mim, deu aquele sorriso lindo. Putz, onde vim me meter, pensei. Chegamos ao AP, ele abriu a porta e entramos.

– Bem-vinda a minha humilde residência.

– Uau. É linda sua humilde residência. Nossa, se o AP dele é humilde, minha casa é uma pocilga, pensei. Os móveis eram antigos, de madeiras trabalhadas, combinando perfeitamente com o ambiente, quadros espalhados dando um contraste elegante com as paredes brancas.

Fiquei maravilhada. Sempre gostei de pinturas, até fiz curso de pintura a óleo.

– Nossa que pinturas lindas, você coleciona quadros? Quem foi que decorou seu AP? Simplesmente incrível, lindo mesmo.

Olhou para mim atônito, tipo, qual pergunta respondo primeiro.

– Não coleciono quadros, apenas gosto de pinturas. E a decoração, fui eu mesmo decorei, agora venha, quero mostrar seu quarto.

– Hum! – Arquei minhas sobrancelhas –, acho que falei demais. – Peguei minha mala e fui atrás dele.

Abriu a porta e entramos. Olhei ao redor, o quarto todo cor-de-rosa com cortinas brancas e rosas, a cama rosa com uma linda colcha branca, parecia um quarto de princesa.

– Como você tem um quarto todo cor-de-rosa? – Pergunto.

– Esse quarto é da minha esposa, não deu tempo de mudar a mobília, eu quase nunca estou por aqui.

– Desculpa, ele é lindo, mas não posso dormir aqui se o quarto é dela, onde ela vai dormir?

– Desculpa, minha ex-esposa.

Vi que o aborreci, caralho, como eu falo, tento sair da merda que me meti e disfarço. – Bom! Vou me sentir melhor que no hotel, ainda mais com uma cama grande dessas – falei. Sai correndo e pulei na cama. Antony me olhou sério.

Droga, mais uma mancada – penso. Fiz uma careta, e peço desculpas novamente.

– Desculpa, acho que baixou o santo, assim já testei a cama. – Pulei mais uma vez. – Oh! E é bem macia falei rindo.

Ele olhou para mim, como se estivesse vendo um fantasma, não acreditando no que via e ouvia – Adorei conhecer você, sinta-se em casa, falou.

Que vergonha! Acho que pirei de vez. – Desculpa, deve ser pelo nervosismo, sempre fico meio doida quando estou nervosa.

– Quer dizer que a senhorita Marcela está nervosa, imagino como você seria se não estivesse nervosa?

– Sei lá, um pouco pior, talvez, desculpa, eu falo demais, não sei quando parar. Hoje vai ser o lançamento do meu livro, estou ansiosa, não sei o que me espera. Cara, estou super hiper nervosa, acho que vou gritar. Andei até a janela, olhei para baixo.

– Caraca, isso é alto, dá tontura só de olhar para baixo, as pessoas parecem formiguinhas olhando aqui de cima. Coloquei a cabeça para fora da janela e soltei um baita grito.

– Sério, sua doida, achei que estava brincando, que grito foi esse, mulher, correu para a janela perto de mim e olhou para fora. – Será que alguém escutou? – Falou rindo.

– Acho que não, de repente eu gritei muito baixo, gritei novamente e mais alto, fez eco nos outros edifícios. Tua vez, Antony.

– Eu não vou gritar, nem pensar.

– Por que não? É maravilhoso, tenta, se não sair nada, pode parar; tente pelo menos, vamos, grite.

A primeira tentativa foi péssima, parecia uma galinha afogada, acabei rindo à beça, segunda tentativa, mais ou menos. – Melhore esse grito, Antony, parece uma galinha afogada.

– Pareço o quê?

– Uma galinha afogada.

– Sério? Disse ele rindo. – Uh, uh. Então ele gritou novamente. – Morra de inveja Tarzan, disse batendo as mãos no peito, dando uma piscada para mim, e eu achando que era a doida.

– Agora vamos gritar juntos– disse ele. Gritamos tão alto, mas tão alto que rebombou no quarteirão.

– Meu Deus, nunca fiz isso, é muito bom. Gritou novamente e rimos juntos. Fiquei olhando para ele, não existem homens lindos, queridos, maravilhosamente ricos, esse conceito que construí na minha mente de repente estava indo pelo ralo, que droga.

Ele é lindo, com aquele corpo maravilhoso, a boca deve ser uma delícia de beijar, e o sorriso, céus que homem é esse... Chega Marcela, concentre-se, você está na casa dele, por favor, juízo, não dê desculpa que é o tranquilizante agora, por favor.

– Chega, Antony, daqui a pouco vão mandar uma ambulância de loucos.

– Bom depois dessa libertação dos nervos, vou deixar você arrumar suas coisas. E saiu.

Sentei na cama, acalmei meus pensamentos, arrumei minhas roupas em uma gaveta e fui para a cozinha, é enorme, maior que a casa do meu pai, abri todas as portas da pia só de curiosidade, quem nunca fez isso na casa dos outros, abri a geladeira, estava abarrotada de alimentos, meus filhos pirariam com tantas guloseimas assim, olhei para o relógio eram 11h, resolvi cozinhar, coloquei água ferver para o macarrão, achei uma linguiça na geladeira, fritei bem sequinha piquei cebola, alho, deixei fritar, adicionei massa de tomate, fiz aquele molho, aprontei a salada, e coloquei a massa cozinhar.

Há Quanto Tempo Esperava Encontrar Alguém AssimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora