Capítulo 8

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Ele ri pra valer. – Meu Deus, que dia.

– Eu que o diga, quase o matei, tem certeza de que quer ir comigo – falo rindo.

– Oh! Garanto que sim, não me divirto tanto assim, faz tempo.

– Desculpa, acho que vou ficar pedindo desculpas e dizendo obrigado o tempo todo, estou nervosa, sabe aquele friozinho na barriga.

– Sei, disse rindo, também já passei por isso, desejo muita sorte, você merece, qualquer coisa me ligue se passar mal.

– Era só o que faltava ligar para você, já falei que não quero atrapalhar, você tem suas coisas para fazer, sem ter que se preocupar com sua inquilina. Obrigada, vamos, que não quero chegar atrasada no meu primeiro dia.

Entramos no elevador, não acredito, era bom demais pra ser verdade, o "casalzinho mala", de novo; será que se escondem aqui dentro para namorar?

– Comportem-se crianças, se não eu ponho os dois para fora do elevador, num piscar de olhos, estavam um para cada lado – Antony rindo, fez positivo para mim.

– Fica quieto, vem querer puxar saco agora, bem que você gosta, tarado, sorriso lindo – murmurei.

– Falou alguma coisa, Marcela.

Percebi em seus olhos que ele não se aguentava, queria rir, mas engolia, suas narinas dilataram e suava.

– Filho da mãe, quem foi o lazarento que soltou um ninja aqui dentro? – Olhei para o Antony, já estava sério, ou se fazendo, porque acho que era isso que estava acontecendo, depois olho para cada um do casal, a menina dedurou o namorado, parei o elevador, peguei o menino pelo braço joguei para fora e empurrei a menina atrás dele, saíram correndo feito loucos.

Então ele não aquentou mais. – Por Deus, mulher, lágrimas saíam dos seus olhos de tanto que ele ria. – Você vai deixar os meninos traumatizados, pobrezinhos, acho que vão começar a usar as escadas de hoje em diante. – Também, vão ser porcos assim na China. Acha que temos que aguentar esse fedor, que falta de educação. – Antony ria sem parar.

– Ah! Seu filho da mãe. Foi você, seu porco, credo Antony, que falta de respeito, dá vontade de jogar você fora do elevador, não acredito que fiz isso com os meninos, não faça mais isso perto de mim se não eu te cá...

Antony chegou sentar de tanto que ria. – Meu Deus, eu não aguento mais, acho que estou passando mal.

– Eu estou passando mal! Que raiva, não acredito, chuto o elevador, droga, machuco meus dedos, será que todos os homens são iguais, que má sorte eu tenho, peguei um lenço de papel na minha bolsa e tapei meu nariz, e esse elevador que não anda, apertei socando o botão, térreo. – Se soubesse que demoraria tanto para chegar à portaria, tinha descido pelas escadas. Quando chegamos e a porta abriu, saí correndo, graças a Deus, ar, respirei fundo. – Sabe de uma coisa Antony – falei.

– Não tenho ideia – falou ainda rindo.

– Você está se divertindo às minhas custas, seu filho da mãe, dei um soco no seu braço. Acabei até esquecendo o que falaria.

– Ai! Doeu.

– Era para doer mesmo. Tentei mostrar seriedade que estava chateada e com raiva. – Vê se para de rir desse jeito, parece um bobo alegre. – Boa tarde, Daniel.

– Boa tarde, senhora, boa tarde, seu Antony.

Daniel, vendo eu xingar Antony, o que ele vai pensar?

– Boa tarde, Daniel, estamos saindo.

– Sim, senhor, quer um táxi?

– Não, vou com meu carro.

Descemos para a garagem, uma fileira de carros luxuosos, Antony desligou o alarme do carro.

Um fusca com a lataria toda amassada, um horror, se um guarda visse, certo que seria rebocado para o ferro velho.

– Esse é seu carro. Pergunto.

– Sim, não gostou, falou sério.

– Para mim andando chega. Comecei a rir imaginando o quanto seria bizarro, Antony e seu fusquinha, lá se foi a chateação e a raiva.

– Qual é a graça – disse ele.

– Mas nunca, nunca mesmo imaginaria você dirigindo um fusca, ainda mais grandão assim, de terno e gravata, fica hilário.

– Que boba, ele é lindo espere só para ver dentro.

Abriu a porta para eu entrar. – Sério, Antony. Eu ria pra valer, os vidros do fusca tinham película escura, por isso quase não se enxerga dentro, os estofados estavam todos rasgados, se duvidasse, tinha até ninho de ratos, o acelerador amarrado, ainda bem que os cintos de segurança funcionavam. A maçaneta de erguer o vidro do lado do carona não funcionava, tinha que erguer o vidro com as mãos, o para-brisa dianteiro estava trincado, acho que ele estava de brincadeira comigo.

Há Quanto Tempo Esperava Encontrar Alguém AssimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora