Capítulo 29

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Meus documentos ficaram prontos, poderia ir para casa, fiz e refiz minhas contas, meu dinheiro não chagava, tive que comprar roupas e calçados novos, fiquei com vergonha de ir procurar a Júlia, mesmo não adiantaria, não sábia o dia em que ela trabalhava no AP. Não demorou muito, consegui ir até Mato Grosso do Sul. Chegamos à primeira cidade, paramos para almoçar, resolvi ficar, paguei um pouco pela carona, o motorista ficou feliz. Durante a viagem, cozinhava para nós, comprava mantimentos, era um senhor de idade chegando os 65 anos, gordo, roncava parecia um porco, não conseguia pregar os olhos, tinha que esperar ele acordar para dormir, isso quando conseguia, quanto medo passei, graças a Deus cheguei bem. Agora dar um jeito de chegar em casa. Faz um mês e pouco que não estou sentindo bem, acho que é preocupação, só tenho vontade de chorar, tenho saudades dos meus filhos, da minha família, entrei em uma Lan House, acessei o Facebook, deixei mensagens para meus filhos, nem uma mensagem do Antony, acho que me esqueceu. Então fui para a rodoviária comprar passagem para minha cidade, meu dinheiro não chegou. Droga, sentei em um banco chorando, por que tem que dar tudo errado pra mim. Levantei, passei perto de uma cooperativa, avistei um cartaz, SHOW de Victor e Léo, olhei a data, o show é na semana que vem, e, embaixo um anúncio, Precisa-se de homens para trabalhar na fazenda Lua Azul, que saibam dirigir e para serviços gerais. Fazer o que, o jeito é trabalhar, isso se conseguir o emprego. Paguei um táxi até a fazenda, procurei pelo escritório, bati à porta, uma mulher jovem veio atender.

– Boa tarde, gostaria de falar com seu patrão ou pai, estou procurando emprego.

– Só um pouco, vou avisar.

– Obrigada, eu aguardo.

Andei um pouco, o jardim é lindo, bem cuidado, a casa enorme, piscina, vários carros na garagem, um chamou minha atenção, um fusca vermelho conversível, sorri ao lembrar de Antony dirigindo um.

– Boa tarde, moça, já atenderam você?

Levo um susto, não ouvi chegar.

– Boa tarde, sim, estou aguardando obrigado.

– Eu me chamo Celso, qualquer coisa, estou ali, apontou para um barracão.

– Valeu, obrigado Celso, meu nome é Marcela.

– Prazer senhorita.

Ele saiu para o barracão, fico olhando, moreno lindo, aquele sorriso de creme dental, corpo musculoso, pernas um pouco tortas, mas educado pelo menos.

– Senhorita, escutei chamar, o senhor Antônio mandou entrar.

– Obrigada, como é seu nome, pergunto a ela.

– Cremilda, mas pode me chamar de Ilda, gosto mais.

– Santo Deus, teu pai não teve dó mesmo de você, desculpa.

– Não por isso, eu quero trocar o nome, também acho muito feio, meu pai diz que a mãe dele se chamava assim, fazer o que? Cremilda parece nome de inseto, tipo joaninha – falou rindo.

Chegamos ao escritório rindo, Ilda bateu à porta. – Senhor, a moça.

– Mande-a entrar, Ilda.

– Boa tarde, senhor Antônio, estendo minha mão a ele.

– Boa tarde, sente-se, fique à vontade, quer água, café?

– Não precisa, estou bem assim, obrigada.

– Qualquer coisa é só chamar, senhor.

– O que a traz aqui minha jovem?

– Obrigada pela jovem – disse rindo. Meu nome é Marcela, vi um comunicado de emprego na cooperativa.

– Marcela, o emprego é para homens, nós não contratamos mulheres, já tivemos muitos problemas, então resolvemos não contratar mais.

– Eu entendo, senhor, contei sobre o assalto, que estou tentando ir para casa, preciso de dinheiro. Falei que era só para um mês, faço qualquer trabalho na fazenda, desde tirar leite a cuidar do gado, e sei dirigir também.

– Vou dar o emprego a você, para ajudá-la a ir para casa, minha filha.

– Obrigada, seu Antônio

– Cremilda, venha até aqui.

– Obrigada seu Antônio – disse chorando. – Não sabe o quanto está me ajudando.

– Senhor, eu não gosto que me chame de Cremilda, é Ilda, seu Antônio.

– Sim Ilda, eu esqueço, estou velho, dá um desconto, arrume o quarto vago perto do teu, ela vai ficar aqui um mês, chame o Celso, por favor.

– Sim senhor.

Não demorou muito Celso apareceu.

– Mandou chamar, senhor?

– Sim Celso, Marcela vai trabalhar aqui esse mês, só que não contratamos mulheres, ache alguma coisa para ela fazer sem que os outros empregados a vejam.

– Mas fazer o que, senhor?

– Sei lá, Celso, pense, vista ela de homem, faça qualquer coisa.

– Oh! Exclamei, gostei da ideia, Celso.

– Arrume roupas para ela, chapéu, bota.

– Onde fica o banheiro? – Pergunto.

– Aqui tem um, disse  apontando para a porta.

Há Quanto Tempo Esperava Encontrar Alguém AssimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora