" – Posso ser sua assistente, senhor Collins, mas isso não significa que eu tenha que lamber os seus malditos sapatos!" – sua voz era baixa, mas firme, seus olhos dourados brilhando nos meus com pura rebeldia, fiquei absolutamente chocado, ninguém nunca havia falado comigo daquele jeito, a não ser Mike, mas ele era meu irmão mais novo e um idiota. Agora era a minha quente assistente quem estava laçando para mim um olhar mortal por eu simplesmente ter dito a ela que cuidasse de minhas roupas na lavanderia ou alguma coisa assim... talvez eu tenha sido um pouco rude ao pedir que fizesse seu trabalho direito e mencionei algo sobre ela ser loira... bom, de qualquer forma senti um misto de raiva, diversão e algo mais quente e profundo que me atingiu direto na virilha...

Mas então, ela me atingia nessa região todos os dias com seu perfume sempre ao meu redor e suas roupas que sempre davam a um homem o que imaginar de seu corpo, e eu era absolutamente atormentado pelo som de seus saltos toda vez que ela vinha até minha sala, o som deles era como um aviso de que o pacote quente e loiro estava chegando e que eu tinha que manter alguma dignidade e parar de fantasiar sobre ela somente com aqueles saltos! Ai está à coisa, frustração e tesão reprimido é o que sempre me fez armar nossas discussões mais fervorosas... eu queria aquela maldita mulher, mas eu não podia tê-la!

Eram muitas as razões... na verdade elas ainda existem e se acumularam com tudo o que aconteceu nessas ultimas semanas malucas. Talvez Angela sempre esteve longe de meu alcance, talvez minha ideia de que poderíamos mesmo ter alguma coisa não era nem mesmo cabível. Mas agora parecia tarde demais, o estrago estava feito... e a culpa é toda minha! Eu sabia que eu podia quebrá-la ainda mais, eu sabia e ainda sim arrisquei tudo... e ela quis arriscar comigo, e eu consegui desmoronar tudo, consegui perdê-la!

– Merda! – murmuro para mim mesmo balançando a cabeça. Eu devia ir pra casa! Eu tento me levantar, mas não consigo... não quero ir pra casa. Quero estar aqui sabendo que ela está há apenas alguns metros e não quilômetros de distância e quero ter certeza de que ela está bem e não prestes a ter aquele ataque outra vez, ela não parecia muito bem quando fechou a porta na minha cara, o que ninguém também nunca fez.

Voltei a soltar uma risada sem humor, mas me fale sobre Angela simplesmente fazer o que quiser comigo! Isso é um pouco assustador... Quando foi que me tornei tão dependente dela, afinal? Quando foi que Ange se tornou meu vício? Talvez eu saiba a resposta... talvez eu tenha me levantado da cama nesses últimos dois anos só porque sabia que ia vê-la no trabalho... isso é até meio patético! Desde quando sou homem de sentar na porta de uma mulher parecendo com um trapo humano?

Então estamos contemplando os sentimentos outra vez. O que eu realmente sinto por Angela? Isaac estaria certo sobre meu sentimento de culpa e a procura de algum tipo de redenção? Apertei os olhos com força quando inesperadamente imagens de chamas atingiram-me me fazendo bufar sem ar! Não preciso desses pesadelos quando estou acordado, droga! Se Angela sequer pensasse sobre o que Isaac disse sobre toda essa coisa entre nós, ela com certeza me odiaria ainda mais e me mandaria, literalmente, para o inferno!

Mas se não era o sentimento de culpa... o que seria? O que seria esse meu desejo absoluto por ela, a vontade incontrolável que tenho de sempre tê-la por perto...? Coloco as mãos sobre meu rosto soltando um gemido agoniado. Valia a pena eu me explicar pra ela? Mas que explicação eu daria? Sobre Homeo é menos complicado, mas sobre aqueles papéis... eu podia dizer que era pela preocupação sobre o tal 'B', que na época em que pedi o relatório ela se recusava a me dizer quem ele era... mas não adiantaria muito, eu acho. Na verdade conhecendo bem Angela, eu levaria meu quarto tapa... Eu realmente devia deixá-la em paz, mas se eu fizer isso onde é que eu vou ter a minha!?

Não sei por quanto tempo eu fiquei ali sentado imaginado que Angela talvez estivesse mais calma de manhã e se compadecesse pelo menos um pouquinho quando abrisse a porta e me visse aqui... Tão decadente, Davi! O que diria sua mãe se o visse assim?

SALVA PELO CHEFE (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora