Capítulo 56

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Inês
Não consigo concentrar-me no teste. Eu bem tento, mas não consigo retirar da minha cabeça aquela afirmações que a Carolina fez a meu respeito, mas também uma coisa tenho a noção, nem toda a gente sabe a verdade e como também muitos gostam de falar o que não sabem.
Mesmo assim, eu não tenho nem devo preocupar-me com isso, porque bem sei o que se passou, e a verdade, logo tenho a minha consciência tranquila.
Se bem, que o que neste momento mais preocupa é o estar do Afonso. Desde aquela discussão e que ficou a saber quem realmente era a Carolina, não parece o mesmo. Para além de não fazer o teste, está com cara de quem quer chorar e não pode, porque está no meio de uma multidão de pessoas. Mas mesmo assim, eu consigo compreende-lo, a gente cria demasiadas expectativas quanto a determinadas pessoas, apegamo-nos com uma enorme intensidade e quando menos esperamos, a pessoa em questão, ou nos mente ou nos deixa, fazendo com que nós percamos o próprio chão e toda a felicidade que poderíamos sentir. Uma coisa também sei, como eu sou muito teimosa e persistente, irei fazer de tudo para que ele desabafe comigo e sobretudo, que fique melhor. Quando eu mais precisei, ele lá esteve e desta vez, é a minha vez.
Observei grande parte da minha turma e vi que muitos ainda já estavam a terminar o teste e eu ainda tinha dois exercícios da gramática por fazer. Eu vou descer tanto a esta disciplina, enfim.
Alguns minutos passavam e só restava eu e o Afonso na sala. Parece que éramos os únicos que não conseguiam acabar o teste.

- Inês – disse o professor Nuno – estás com alguma dificuldade?

- Sim, em dois exercícios da gramática – suspirei – a minha nota vai descer tanto.

- Deixa eu ir aí.

O meu professor começou a andar em minha direção. Olhou para o meu teste e viu os dois exercícios que faltavam fazer. Tentou me explicar da melhor maneira, de forma a não me dar a resposta mas que eu conseguisse responder corretamente. O mesmo olhou para o teste do Afonso e ficou chocado quando se apercebeu que o mesmo só tinha colocado o nome.

- O que se passa contigo? – Perguntou o professor ao Afonso.

- Hoje não estou nos meus dias, se for preciso depois irei a exame.

Ao ouvir a desistência do Afonso, tomei a decisão de me meter.

- Afonso não digas disparates, dias maus todos nós temos, mas mesmo assim não podemos por o nosso futuro em jogo – respondi – tens de ser forte, tu consegues – levantei-me e o abracei, tanto que o professor Nuno ficou bastante comovido com a minha atitude – tu consegues fazer o teste, acredita.
Voltei a sentar-me e tentei concentrar-me nos dois exercícios que faltavam.

*


- Obrigado pelo apoio e força que me deste no teste – disse com um sorriso.

- Não precisas de agradecer – sorri – quando eu precisei, também tiveste presente, por isso, eu não te vou abandonar neste momento difícil, aliás, complicado – disse.

- Só tu para me fazeres sorrir nestes momentos – disse-me – posso dizer-te uma coisa?

- Claro diz – disse meio curiosa.

- És muito importante para mim Inês – disse-me com um sorriso meio envergonhado.

- Eu também gosto muito de ti amigo – disse com um sorriso.

- Inês – disse enquanto mexia no seu cabelo meio desarrumado – quando eu disse que eras muito importante para mim, não foi nesse sentido. Eu sinto por ti algo mais do que uma simples amizade.

Fiquei completamente chocada com o que o Afonso acabou de me dizer. Como assim, ele gosta de mim?

São 12:30. Estou com uma fome descomunal. Nunca senti tanta fome como neste momento estou. Do nada o meu telemóvel vibrou, olhei para o mesmo discretamente e tinha uma mensagem do meu pai.

- Passa-se algo? Estou na aula de bioquímica.

- Queria saber onde queres ir almoçar.

- A tua neta quer ser alimentada com fast food, escolhe.

- Irei encontrar um fast food excelente para a minha netinha.

- Assim seja – disse e enviei.

Retomei a minha atenção há aula de bioquímica, devido a ter perdido imensas aulas. Os minutos passaram e finalmente pude sair para ir almoçar.
Há medida que ia em direção à porta de saída, o meu professor me chamou.

- Inês posso falar consigo?

- Sim diga.

- Queria dar-te os parabéns pela gravidez e tenho aqui umas folhas para estudares e não saíres prejudicada em relação aos teus colegas.

- Obrigada professor – a minha barriga roncou de fome – acho que tenho de ir, a bebé quer alimentar-se.

- Bom almoço e leva as folhas.

- Com certeza.

Peguei nas mesmas e fui a correr em direção ao carro do meu pai. Maldita fome, maldito cansaço e malditos a todos os trabalhos que eu tenho para fazer.

O idiota do meu inimigo de infância - 1°Livro | revisão |Where stories live. Discover now