Capítulo 6

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Inês

Sabe tão bem entrar no meu apartamento e ter o meu apartamento decorado há minha maneira. Agora só falta pôr a roupa nos armários, no guarda-fatos, arrumar as minhas molduras, os meus livros, o meu portátil. Daqui a pouco vou ligar para a Vodafone para amanhã virem cá por internet, mais canais de televisão e por telefone fixo caso a minha mãe ligue por não atender o telemóvel.

Peguei no meu telemóvel e comecei a ligar para a Vodafone, escolhi o pacote e ficou combinado virem instalar amanhã às 18:30. Sem ter internet isto é uma seca total, mas como também irei pagar apenas 24,90€ por mês, não morro por aí e assim já posso sentir-me mais acompanhada.

Enquanto comia uma maçã tomei a iniciativa de ligar há minha mãe.

- Mãe? – Perguntei.

- Olá querida! Como é que estás?

- Hoje estou um bocado cansada e também já sinto saudades tuas – suspirei.

- E, do teu pai?

- Mãe, tu sabes que desde a minha adolescência, que o pai deixou de querer saber de mim, nem sequer me desejou boa sorte para a minha nova vida.

- Ele esta manhã foi por 15.000€ na tua conta.

- Mãe eu não preciso que vocês estejam sempre a meter dinheiro na minha conta! Ainda tenho lá bastante, para além, eu não ando a gastá-lo à maluca!

- Sim querida eu sei, mas é apenas dinheiro para decorares ainda mais o apartamento e, o dinheiro que sobrar fica para ti ou para ires sair com os teus futuros amigos.

- Pronto está bem – revirei os olhos – olha que dizes este fim-de-semana vires cá visitar-me? Estou com imensas saudades tuas e, claro que o pai quiser vir, pode vir, se bem que duvido.

- Sim querida a mãe vai e o teu pai vai tentar no que depender de mim!

- Ele não vem – suspirei – já sei como são as coisas, tanto que deixei de ter fé – uma lágrima caiu da minha face

- Não sabes querida! Olha a mãe agora vai ter que desligar, estou a trabalhar na loja e faz-me um favor, mete um sorriso nessa casa, vai abstrair-te.

- Sim mãe, beijinhos. – Desligou-me o telemóvel.

A verdade é que já se tornou um hábito quanto a não ter o meu pai presente. Eu sei que já tivemos bons momentos, que já cheguei a ser a menina dele, mas não sei o porquê, desde a minha adolescência que tudo mudou. Se tornou ausente e só vê o trabalho à frente, como se tivesse a fugir de algo.

Levantei-me do sofá e fui fazer o meu jantar, esparguete à bolonhesa. É um dos meus pratos favoritos e quando assim finalizei, levei o prato com o meu jantar para a televisão. Gosto bastante do programa "apanha se puderes" mas infelizmente hoje tornou-se impossível de o ver, então só resta ver a minha novela favorita "ouro verde". O Diogo Morgado representa-se como Jorge Mon Forte e sinceramente, não me importava de passar um dia inteiro a olhar para aquele corpinho. De repente tocaram há minha campainha – só espero que não seja o otário do Eduardo – resmunguei enquanto andava em direção à porta. Assim que abri, não estava ninguém a não ser um envelope a dizer "querida Inês". Peguei no mesmo e o trouxe para dentro do meu apartamento. Sentei-me no sofá e abri o envelope o qual continua um papel a dizer "Olá Inês, hoje estou a fazer um serão de cinema no meu apartamento com mais algumas pessoas, vem ter connosco, vais-te divertir bastante. Já agora é o apartamento 6ºB"

Fiquei completamente à toa e ao mesmo tempo com alguma curiosidade quanto a quem possa ter escrito aquela carta, se bem que a proposta é bastante agradável. Levantei-me novamente no sofá, pôs o prato com o meu jantar em cima na bancada da cozinha, fui lavar os dentes, vesti umas calças brancas com um top preto, peguei nas chaves e no telemóvel. Saí e fui à procura do apartamento 6ºB.

Assim que toco à campainha o/a dono/a daquele apartamento abre a porta e quando olho, era o Eduardo com uma toalha enrolada no corpo e com o ar de quem tinha acabado de sair do duche. Eu sei que ele é estúpido e ridículo, mas até que tem um corpo jeitoso.

- Eduardo, porque estás assim? – Questionei mesmo sabendo que deveria ter acabado de sair do duche – é aqui o serão de cinema? – Voltei a questionar.

Possa, que vontade de tocar naqueles abdominais. Pensei para mim mesma.

- Sim é aqui o serão de cinema, convidei a Cláudia da nossa turma, o namorado dela, o Afonso e a Vera. São tudo pessoas da nossa turma e assim começas a arranjar amigos. Vais gostar – sorriu – foste a primeira a chegar. – Entrámos dentro do apartamento dele.

- Estou admirada contigo! Conseguiste ter uma atitude simpática para comigo! Milagre!

- Senta-te aí no sofá, eu vou lá dentro vestir qualquer coisa porque isto não são modos de estar à tua frente.

Comecei a rir silenciosamente. Ao início até pensei que seria mais uma das dele, mas pelos vistos não. Estou mesmo bastante admirada com a atitude que teve para comigo, será que está com remorsos do passado?
Enquanto ele se vestia, fui meter-me atrás da porta do quarto dele e comecei a observá-lo as escondidas. Não sei porquê que estou a fazer isto, mas ele tem mesmo cá um corpo.

- Inês eu sei que estás aí atrás da minha porta a observar-me – ouvi a rir-se – sabes que estou a ver-te através do espelho que tenho aqui no meu quarto.

- Ah...eu vim perguntar-te se querias pipocas doces ou salgadas. – Disse para tentar disfarçar.

- Faz como tu quiseres, faz de conta que estás em tua casa.

- Obrigada.

Aposto que ele deve ter alguma na manga para estar a ser tão simpático para comigo! Do nada, chegou até mim, agarrou no meu braço e deu-me um beijo na testa.

- Mas tu estás parvo? – Perguntei.

- Inês, eu sempre quis cuidar de ti, como não consegui cuidar dela.

- Deixa de ser nojento! Nem acredito que estás a comparar-me com uma ex-namorada.

Afastou-se de mim e começou a chorar. Apercebi-me que devia ter tocado em algo que não devia ou que, se passasse algo.

- Que tens? – Perguntei – Eu devo ter sido bastante bruta contigo, desculpa-me!

- Deixa-me em paz! Vai-te embora daqui!

- Mas...

- Deixa-me em paz! – Gritou enquanto chorava.

Acabei por pegar nas minhas coisas e fui andando até ao meu apartamento. Para além de ter-me apercebido que disse algo, que não devia, percebi que não seria a melhor companhia para o mesmo.

Cheguei ao meu apartamento, fui descalçar-me e deitei-me na minha cama a ver "A impostora". Não ligo muito a esta novela porque é só guerras, mortes e desastres, mas como não tenho nada para ver na televisão, só resta ver isso. Já agora, desculpa tvi, mas és uma grande porcaria quanto toca a novelas.

Fartei-me de ver aquela novela e decidi ir dormir. Amanhã é mais um dia na universidade e quer queira, quer não eu irei ter que estar com o Eduardo, como também com o Fred.

Eduardo

Eu ainda não acredito que a Inês foi capaz de me dizer aquilo! Eu sei que posso ter sido estúpido ao beijá-la do nada na testa, mas se o fiz é porque para além de estar apaixonado por ela há anos, é porque também quero protege-la como não consegui proteger a minha irmã. Infelizmente ela morreu há uns anos atrás e, desde aí, sinto-me completamente culpado. É como se eu tivesse falhado. É como se eu pudesse tê-la salvado, mas não o fiz porque fui burro. Tal como fui burro para a Inês há uns anos atrás. Cada dia que passa, perco mais a esperança de tê-la nos meus braços e ser feliz ao lado daquela que amo.

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O idiota do meu inimigo de infância - 1°Livro | revisão |Where stories live. Discover now