Capítulo 20

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Inês

Saí da sala sobre a companhia da Cláudia e fomos em direção ao bar. Se o professor não se tivesse metido entre nós as duas, aquilo poderia ter dado para o torto. Só de me relembrar que ela trouxe o nome "Ávila" e exposto tudo, até dá-me uma revolta. Com que direito aquela miudinha teve, para puxar a minha vida pessoal para aquilo? E, mais, expor que havia algo entre mim e o Eduardo...só prova que ele tinha razão em tudo o que contou à Cláudia, mas também para quê que eu haverei de preocupar-me com isto mais uma vez? Para sair magoada ou acontecer novamente alguma coisa?

- Inês? Inês? Inês! – Gritava a Cláudia.

- O que foi? – Perguntei meio assustada.

- O que foi aquilo na sala de aula? – Meteu-se há minha frente – onde é que foste buscar a ideia que a Anastácia poderia andar a chantagear o Eduardo, para o mesmo voltar para ela? – Levantou a sobrancelha e ficou à espera de uma resposta minha.

- Ah...ouvi por aí nos corredores – disse com um sorriso inocente.

- Bastante curioso – assentiu a cabeça – é que o Eduardo só falou desse assunto comigo e não foi aqui na escola – começou a sorrir para mim e a bater com as suas unhas sobre a mesa – porque não admites que ontem à noite ouviste a nossa conversa? Estavas em tua casa, nós é que a invadimos, por isso, não te censuro, eu faria, o mesmo.

- Pronto está bem – revirei os olhos – eu tinha acordado com sede e quando vou a meio do corredor, vejo a luz da sala acesa e vozes, depois eu fui com demasiada cautela ver que era, por momentos até pensei que fossem ladrões silêncios – riu-se – mas depois deparei com vocês – suspirei – porque não me disseste que vocês eram melhores amigos?

- Porque nunca calhou mencionar tal coisa, e só falei com ele porque insistiu, dizia que as coisas não eram bem assim como pensávamos e que precisava de desabafar.

- Se eu tivesse no teu lugar, tinha feito o mesmo, por isso não te censuro – sorriu – mas por fazer, sê sincera, o que tu achas desta história? – Perguntei enquanto bebia um pouco da água com açúcar.

- Queres mesmo saber a minha opinião? – Assenti a cabeça – eu acho, que é tudo mentira da Anastácia, aquela miúda é como o primo, ambos não são flores que se cheirem, para além, eu nunca gostei dela e depois quando começou a rondar todos os apartamentos, ainda mais comecei a pô-la de ponta, mas nunca sabia de quem era, ontem é que soube, e quando o Eduardo se envolve fisicamente com alguém, ele tem sempre a cabeça no lugar e não comete erros – suspirou – a meu ver, a história da gravidez não passa mais de um jogo para ver se prende o Eduardo, e claro, o Eduardo como não é burro e sabe o que faz, não foi na cantiga dela.

- Que ódio! – Disse enquanto cruzava os braços – mas quem é que aquela psicopata e nojenta, pensa que é? – Perguntei.

- Calma Inês! – Disse a Cláudia com um sorriso – mas agora continuando a falar a sério eu acho, que foste dura com o Eduardo. Porque quando ele diz que quer quando há problemas, é porque algo está a falhar, neste caso, uma peça no jogo – suspirou – e, se eu fosse a ti, ia ter com ele e falava.

- Não Cláudia, é melhor as coisas ficarem assim – revirou os olhos.

- Inês, eu não acredito que vais deixar uma mentirosa destruir a vossa relação? – Perguntou a Cláudia com os olhos bem abertos.

- Mas qual relação? – Perguntei – nós andávamos apenas a curtir, quer dizer, amigos coloridos.

- Seja como for, vocês gostam um do outro e estavam a começar algo – abanou a cabeça – Inês, prometes-me que vais pensar neste assunto?

- Prometo, agora pudemos voltar para a aula?

Pôs o copo em cima da mesa e fui andando abraçada à Cláudia. Sabia bem aquele abraço, é como se me sentisse um pouco mais calma. Entrei na sala, e de repente ficou tudo a olhar para mim como se já não fosse a Inês moça normal e sim Inês rica. Censurem-me lá queridos! Enquanto pensava para mim mesma, retomei ao meu lugar e sentei-me, de repente o Eduardo começou a olhar para mim e eu revirei o olhar, não quero pensar neste assunto, só quero acalmar-me.

O Afonso ao aperceber-se que estava a tremer das mãos devido aos nervos, começou a olhar fixamente para as mesmas.

- Quando eu estou nervosa ou irritada, as minhas mãos ficam assim – disse.

- Calma – tocou nas mesmas – eu estou aqui para te ajudar no que puder e vais ver que tudo irá se resolver.

- Espero bem que sim – suspirei – mas pronto, já passou...pelo menos a aquela parte.

- O que eu posso aconselhar-te, é logo falares com o Eduardo. Eu conheço a Anastácia e acredita, aquela miúda não joga com o baralho todo, à uma carta que falta – sorri.

Apercebi-me através da pequena conversa que tive com o Afonso, que ele conhecia a Anastácia, para até afirmar que a mesma não joga com o baralho todo, mas mesmo assim, eu tenho de ficar quieta, enfiar este assunto na lista de espera de pensamentos e continuar atenta à aula.

Tocou para o intervalo e assim começo a andar em direção à porta de saída, sinto uma mão a agarrar o meu braço e a puxar o mesmo, quando olho para trás apercebo-me que era o Eduardo.

- Inês, eu preciso de falar contigo – disse o Eduardo.

- Pois mas aqui não é o lugar mais adequado – disse.

- Não se preocupem, eu deixo a chave da sala com vocês, mas claro, desde que tudo fique bem – disse o professor Nuno e o Eduardo ficou com as chaves.

Ao fazê-lo apercebi-me que provavelmente o Eduardo tinha-lhe pedido para no final da aula deixar a sala para falarmos ou se calhar, depois de ter assistido a tal situação o professor ficou com pena e ofereceu-se para nos ajudar.

- Inês, eu preciso de falar contigo – começou a olhar fixamente para mim – eu não sei como soubeste que a Anastácia já me tinha chantageado mais vezes e que esta seria mais uma, mas eu me lembro de ter feito sempre com preservativo, eu sou responsável e caso não fosse, naquela noite em que nós estávamos num clima mais intimo, eu poderia não ter parado e ter estragado a tradição da tua família, mas não o fiz.

- Sim eu sei disso, e quanto à forma que eu vim a saber, não digo, soube e isso basta.

- Por favor Inês – começou a chorar – não me deixes, eu amo-te e não te quero perder por causa de uma mentirosa, tu és tudo para mim – beijou-me.

- Pára Eduardo! – Afastei-o – não compliques mais as coisas do que já estão – deixei uma lágrima cair – é melhor continuarmos assim, um para seu lado.

- Olha-me nos olhos e diz-me isso, que é realmente isso que queres.

Como eu não fui capaz de dizer tal coisa, simplesmente fui-me embora, a correr até. Fui até ao meu carro, o liguei e fui para o meu apartamento. A minha cabeça não dá para mais nada.

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O idiota do meu inimigo de infância - 1°Livro | revisão |حيث تعيش القصص. اكتشف الآن