Capítulo 48

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Inês

Mal entrei no meu apartamento, é como se ainda conseguisse ouvir os gemidos da Anastácia, é como se tivesse a entrar no meu apartamento porque queria falar com o meu namorado e sem esperar, o apanho deitado com outra na cama. É como se conseguisse reviver tudo novamente.

- Ontem eu estive com a tua irmã a limpar e a arrumar algumas coisas no apartamento – disse o meu pai – não te preocupes, lençóis e coisas do género já não estão cá no apartamento.

Mal o meu pai o disse, fiquei bastante intrigada! O quê que fizeram aos lençóis que eu tinha na minha cama? É que para além de ter sido eu a comprá-los, eram uns dos meus favoritos.

- O que fizeste ou fizeram aos lençóis? – Perguntei.

- Mandámos para o lixo – disse-me enquanto demonstrava bastante pacífico quanto a esta situação.

- Porque mandaram para o lixo?

- Para não te trazer péssimas recordações – disse-me – e o Eduardo já me entregou as chaves, tal como também já não tem cá nada. Não sei se a tua irmã te contou, mas caso não tenha contado, ficas a saber.

Só eu sei a vontade que me deu de chorar naquele momento. Eu sei que fui eu, que desisti de nós os dois, eu sei que ele me traiu, mas custa-me saber a forma como o nosso relacionamento acabou. Nós tínhamos tudo para dar certo, nós podíamos estar tão felizes neste momento e não estamos. Eu adorava chegar a casa e tê-lo a sorrir para mim, adorava adormecer em cochicha com ele e fazer diversos planos mas não posso, porque foi tudo criado na minha cabeça, não passou de uma ilusão.

- Pai eu vou só ao meu quarto me vestir e já venho.

Saí da sala, entrei no meu quarto e tranquei a porta. Eu não conseguia ficar na sala e tentar segurar o choro o qual eu preciso de largar. Eu preciso de chorar para desanuviar a minha alma, eu preciso de chorar para retirar esta dor e aperto que eu mesma sinto no meu coração.
Deitei-me em cima da minha cama a chorar. Eu tive tantos bons momentos aqui com o Eduardo. As vezes que ficávamos a falar até às tantas da madrugada, as vezes que ficava a desabafar com ele, as vezes que acordava enjoada de madrugada ou com desejos e o mesmo fazia tudo o que eu pedia, foi nesta cama que nos envolvemos diversas vezes.
Nós tínhamos definitivamente tudo para sermos felizes e por culpa da Anastácia, tudo isso terminou e desapareceu.
Os minutos passavam e nunca mais conseguia parar de chorar.

- Filha está tudo bem? – Perguntou o meu pai e ao perceber que o mesmo estava à minha espera, limpei a face e fui para a casa de banho.

- Sim está – respondi enquanto caminhava para a mesma.

Entrei dentro do WC e comecei a lavar a minha cara e quando abro a gaveta onde tinha a minha escova de pentear, deparo com a escova do Eduardo.
Começou a vir-me há cabeça, as vezes que ficávamos aqui no wc a pentear um ao outro e a fazer palhaçadas para o espelho.
Pôs um pouco de maquilhagem na face para o meu pai não se aperceber que estive a chorar e de seguida, peguei numa blusa cinzenta comprida e rasgada de lado, umas calças brancas rasgadas no joelho, uns ténis pretos e um casaco preto.
Ganhei coragem e saí do meu quarto, pronta para confrontar o meu pai e fingir que estou bem, quando não estou.

- Vamos? – Perguntei.

- Sim vamos – disse o meu pai – já vi o quê que falta no frigorífico e algumas coisas pela casa e sobretudo mobília que ainda não compraste.

- Eu quis poupar o dinheiro, para um dia puder ter a minha casa de sonho, o meu carro de sonho e uma vida bastante estável.

- Percebo isso Inês, mas o dinheiro que eu tenho posto nos últimos meses, é para investires em ti, na gravidez e aqui em casa, porque agora a mesma é definitivamente tua.

- Eu sei disso – respondi.

- Agora, vamos ao shopping almoçar e depois vamos comprar muita coisa!

- Como assim muita coisa?

- Depois verás – disse o meu pai e eu sorri.



O idiota do meu inimigo de infância - 1°Livro | revisão |Where stories live. Discover now