Capítulo 2

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Passado alguns minutos

Após alguns minutos de conversa e partilha de ideias, chegámos ao shopping do Colombo. Mesmo nunca ter vindo aqui, tenho uma opinião positiva pois tenho ouvido boas críticas das minhas ex-colegas do secundário. Diziam que era um local pacato, simpático, acolhedor.

- Qual é o filme que gostarias de assistir? – Perguntou-me enquanto me observada.

- Bem, eu posso dar como sugestão o filme "Baywatch – Marés Vivas". Saiu há uns meses nos cinemas em Portugal e como ainda não vi devido a ter estado em época de exames nacionais, pode ser que agora seja a minha grande oportunidade.

- Os seus desejos são ordens, menina. – Disse-me e eu sorri.

Enquanto ele comprava os bilhetes para irmos assistir ao filme, ia sorrindo discretamente. Eu sei que ainda não me disse o seu nome, mas parece ser um rapaz bastante simpático e cómico, penso que iremos dar-nos bem.

- Olha, eu ainda não sei o teu nome! – Afirmei.

- Eu sou o Frederico Mendes – sorriu – mas trata-me por Fred.

Do nada, aquele nome começou a chamar-me à atenção "Frederico Mendes" é como se fosse familiar, se bem que tentei não ligar muito a isso.

- Inês? Inês? – Chamava por mim.

- Ah desculpa Fred! – Disse com um sorriso meio envergonhado – estava noutro planeta.

- Aposto que ficaste a pensar no meu nome.

- Não leves a mal Fred, mas sim confesso. – Torci a minha boca – É, que o teu nome chamou-me a atenção de qualquer coisa mas não me recordo em quê.

- Eu sei o porquê.

- Então? – Perguntei com um olhar de quem estava confusa.

- Digamos que costumo sair em revistas mais o meu pai. Para além de sermos ricos, o meu pai é dono de diversos hotéis de cinco estrelas no algarve e, por isso mesmo costumamos sair às vezes nas revistas, quer queiramos ou não.

- Eu percebo-te perfeitamente – suspirei – às vezes até sentimo-nos perseguidos, andemos por onde andarmos e, sentimo-nos também demasiado controlados fazendo com que, por vezes deixemo-nos de ser quem somos com receio que o público alvo nos aponte o dedo.

- Bem Inês – disse com um sorriso – quem te ouvir falar, há de pensar que passas ou já passaste por tal coisa.

- Ah...não – disse enquanto tentava disfarçar – bem vamos entrar na sala de cinema e ver o filme? – Perguntei para fugir ao assunto.

- Sim vamos. – Disse-me com um sorriso.

Enquanto íamos andando para a sala do cinema onde iriamos ver o filme, ia pensando na nossa conversa. O Fred foi sincero comigo e, eu não...em vez de contar-lhe a verdade neguei tudo e, agora começo a sentir-me com remorsos. Se bem, que ao mesmo tempo achei estranho, porque por norma as celebridades, ricos ou vips, não gostam de falar de tal coisa e, no que puderem fazer para passarem de despercebidos, fazem.
O tempo do filme passou e, o pior é que nem tomei atenção a nada, pois estava só a pensar na conversa que tivemos.

- Então Inês, gostaste do filme? – Perguntou o Fred.

- Sim claro que gostei – sorri para disfarçar – foi do melhor! – Mentirosa Inês, nem sequer tomaste atenção a nada.

- Ainda bem que gostaste do filme e, já agora obrigado pela tua companhia – disse-me.

- Digo, o mesmo – disse.

- Então, gostaste de ter saído com um dos rapazes mais conhecidos de Portugal? – Perguntou com um olhar de moço armado em convencido.

- Porquê essa pergunta Fred? – Levantei a sobrancelha – É que há bocado, disseste que odiavas de ser reconhecido e agora exibes tal coisa? – Revirei os olhos e aumentei o tom – é que detesto esse género de pessoas, que gostem de se exibir e cada minuto, tenham uma opinião oposta à anterior.

- Inês pára com isso! – Agarrou no meu braço direito – estás a despertar a atenção de toda a gente por estares a falar alto, vê-se mesmo de longe que és uma moça do campo!

- Eu posso ser uma moça do campo, mas ao menos, faço parte de uma grande família empresarial, mas a qual é humilde, trabalhadora e sobretudo honesta! E, essa não foi os princípios que os meus pais deram, exibição!

- Afinal sempre eras tu, Inês Ávila filha do grande Simão Ávila. – Disse com um riso de quem gozava de tal coisa.

- E, se eu for? Tens algum problema com tal coisa? Ao menos, eu tento ser uma moça normal, enquanto tu gostas de te aproveitar da fama!

Peguei no meu casaco e na minha mala e, acabei por sair do cinema a chorar. Não foi por ter saído magoada daquela conversa, mas sim por causa dos nervos, pois sempre que me enervo bastante desato a chorar – um dos meus defeitos. – Cheguei a uma das ruas principais e chamei um táxi. Mal consegui apanhar um, dei a minha morada e o mesmo me levou ao meu prédio. Só espero que o idiota do Fred não volte a falar comigo, porque não tolero que gozem com o meu pai. Mal entrei no prédio, apanhei o elevador e entrei na minha casa. Tirei os meus saltos altos e fui buscar o meu pijama que estava numa das malas e, claro fiz uma trança para o meu cabelo não ficar um desagrado quando amanhã acordar, se não, irá ser um pesadelo para pentear o mesmo.

Após já estar quase pronta para dormir no colchão que está no chão visto que só amanhã terei a minha casa pronta a nível de mobílias, fui ao frigorífico e bebi um pouco de leite. Felizmente que me deixaram algumas coisas boas no frigorífico, se bem que amanhã é dia de ir às compras. Sentei-me no meu colchão e fiquei mais uma vez a relembrar-me da discussão que tive com aquele idiota e ao mesmo tempo, a falta que sinto da minha mãe.

Eu devo ter sido tão estúpida ao ponto de pensar que iria dar-me bem com o Fred e também por ter confirmado quem eu era, mas também se não o tivesse feito, jamais iria descobrir quem realmente o Fred é.

O idiota do meu inimigo de infância - 1°Livro | revisão |Where stories live. Discover now