Capítulo 35

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Inês

Rendi-me completamente aos locais por onde a Marta me levou. Para além de ter sentido que realmente era aquela área que queria seguir, tratar daqueles bebés lindos e maravilhosos, fez-me começar a pensar como será o meu bebé. Como é que ele se sente dentro de mim, quer dizer, atualmente pode não sentir ainda nada, nem sentir qualquer movimento, mas daqui a uns meses sei que irá sentir, sei que daqui a uns meses finalmente poderei ver o meu bebé na ecografia. Daqui a uns meses, também irei saber se é menino ou menina, e daqui a uns meses, será o dia mais feliz da minha vida, o dia do nascimento do meu bebé.

Sei que ainda faltam oito meses e duas semanas, mas desde que tomei a noção que estou grávida, tudo se modificou. Tornou-se uma ansiedade em conhecer o meu bebé e sobretudo, proteger com todo o amor e carinho.

A Marta já me teve a explicar mais algumas coisas da gravidez, não porque teve a iniciativa própria, mas sim porque devido há minha curiosidade e ansiedade, a enchi de perguntas. Ainda não sai da cabeça, o que desabafou comigo. Eu nem quero imaginar como é, crescer sem um pai, sem saber da existência do mesmo e, sem o mesmo saber da existência dela. E, para ela dizer, que a mãe dela evita de falar do seu pai, é porque deve ter sofrido bastante.

Truz, truz, truz.

- Quem é? - Olhei rapidamente para as horas e deve ser a Joséfa ou a Rita.

- Sou eu - era a voz do Eduardo e o mesmo entrou.

- Já saíste das aulas?

- Sim - deu-me um beijo - e, trouxe estas lindas rosas vermelhas para a mulher da minha vida - sorri.

- São as minhas favoritas - disse enquanto o Eduardo punha as rosas em cima de uma mesa de apoio.

- Eu sei disso - sorriu.

- Como soubeste? Eu acho, que nunca te disse.

- Tenho um dedo que adivinha - começámos a rir-nos.

- Muito engraçadinho, aposto que foi o meu pai.

- Não sei - mandou-me a língua de fora - como te sentes hoje?

- Um bocado melhor, recinto ainda algumas dores, mas a comparar com ontem, estou melhor.

- Sabes se amanhã sempre irás ter alta?

- Não sei - torci a boca - mas pelo que eu percebi, se calhar seriam três dias - disse-lhe.

- Fazes-me falta lá em casa - disse-me - eu sei que não estamos há muito tempo juntos, mas do tempo que temos de namoro, virou rotina adormecer contigo aconchegada a mim, acordar e fazer-te o pequeno-almoço, estudar contigo, desabafarmos um com o outro, olhar para ti e considerar-me um sortudo por ter alguém como tu ao meu lado - sorri -, ainda esta manhã, sentei-me na mesa a tomar o pequeno-almoço e bem sei a falta que senti da tua companhia.

- Eu percebo-te perfeitamente, mas se aqui estou é porque realmente é necessário, se não tivesse aqui, provavelmente estas dores seriam ainda mais fortes, para além, também tenho companhia. Ainda hoje a Marta me levou a passear.

- Tu saíste do quarto? - Perguntou-me intrigado - tu deverias estar em repouso, não a fazeres esforços.

- Eu fui numa cadeira de rodas. Ela queria mostrar-me a parte dos bebés e a zona que irei trabalhar quando acabar a licenciatura e fizer pós-graduação.

- Mesmo assim acho, que foi um acto irresponsável.

- Eduardo, ela é médica, sabe o que faz - revirou os olhos - eu não sei o que se passa contigo, aliás, o que aconteceu, porque há bocado parecias-me feliz e agora estás assim.

O idiota do meu inimigo de infância - 1°Livro | revisão |Donde viven las historias. Descúbrelo ahora