Capítulo 18

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Ami

Celular em uma mão enquanto tamborilava os dedos na mesa com a outra, Ami olhava ansiosamente pro celular, mas nenhuma mensagem ou ligação queria aparecer.

-Estou tão atrasado assim? – perguntou Treu ao sentar-se no lugar à frente de Ami.

-Não, não. Nós marcamos às 17h não é? São exatamente 17h. – disse Ami sorrindo. – Pontual como sempre.

-Então por que você está quase abrindo um buraco em seu celular de tanto encará-lo? – disse Treu baixando o celular de Ami com uma mão e segurando a outra que batucava.

-Eu estou preocupado com o Mond... Acho que eu fiz algo mais perigoso do que eu imaginava.

-Ele está muito mal? – Disse Treu apertando a mão de Ami carinhosamente.

-Está... Eu te falei que ele estava internado, né? – Ami abaixou a cabeça e bufou.

-Sim e que se ofereceu pra ajudar – Treu riu – Você está preocupado com isso? Preocupado comigo?

-Não. – disse Ami ainda olhando pra baixo.

-Não vai fazer? Ou não tá preocupado?

Ami finalmente olhou pra cima e viu Treu olhando pra ele tranquilamente.

-Eu não vou fazer e não estaria preocupado com você se fizesse, somos amigos não somos?

-Sim, somos amigos – Treu sorriu. – É exatamente esse tipo de relacionamento leve que eu preciso.

-Algo te preocupando?

Treu franziu o cenho

-Está tão na cara assim?

-Na verdade não, apenas sou um bom observador e acho que já te conheço muito bem, sempre que você sorri muito é porque tem algo te incomodando e você está tentando esconder. Igual a alguém que eu conheço...

-Somos amigos, não somos? – Treu sorriu

-Sim.

-Podemos falar sobre qualquer coisa, não é?

-Claro.

-Sobre meu ex? – a voz do policial tremia.

-Se você se sentir confortável, sou todo ouvidos. – Ami apertou a mão que Treu segurava.

Treu sorriu e soltou a mão de Ami, ele estava um pouco nervoso, nunca havia conversado sobre seu relacionamento com ninguém e era meio estranho desabafar com o cara que ele estaria fazendo coisas indizíveis bem ali naquela mesa se estivessem sozinhos.

-Bem... Meu ex é uma pessoa que eu sou obrigado a conviver e ele acabou vendo uma de nossas mensagens... – Treu pausou, de alguma forma ele se sentia muito envergonhado.

-E vocês brigaram? – Ami estimulou a continuar.

-Não... Ele apenas mudou comigo, estava mais frio e indiferente até que... – Treu respirou fundo – Ele me ligou uns dias atrás e me pediu pra voltar.

-Você ainda gosta dele?

-Eu acho que sim. É difícil dizer, o motivo pelo qual me apaixonei por ele é o mesmo motivo que nos fez terminar... – a voz de Treu foi baixando gradativamente.

-Se você ainda gosta dele, não acha que deveria dar mais uma chance a ele?

-Eu não quero mais me machucar, nem o machucar...

-Você quer me contar qual foi o problema? – Ami olhou para Treu com uma expressão confortadora que passava total confiança.

-Nós somos muito iguais, no início era extremamente encantador, como se eu tivesse encontrado minha outra metade, nós gostamos das mesmas coisas, desgostamos das mesmas coisas, temos as mesmas manias, apesar de termos uma diferença de idade temos uma linha de raciocínio muito parecida e isso era realmente fascinante, mas com o tempo isso gerou muitos problemas, apesar de não discordarmos em nada realmente, mas sempre parecia que estava faltando algo, sabe? Além do mais o quão narcisista eu posso ser por gostar de uma pessoa exatamente igual a mim? – As mãos do policial suavam e o nervosismo parecia não passar, mas um alivio estranho aparecia a cada palavra dita.

O Destino do Sol e da Lua (COMPELTO) Where stories live. Discover now