Capítulo 121

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Faux

Amar sempre foi algo muito intenso para Faux, em sua família que se limitava a sua mãe e seu pai, que por sua vez estavam sempre ocupados demais, o único ser que lhe oferecia afeto era lasanha, o seu gato.

O cinzento gato siamês era a única companhia da pobre criança rica, ele tinha uma babá, mas ela nunca brincava com ele, estava sempre igualmente ocupada, então o pequeno Faux que já estava acostumado a brincar sozinho ficou muito radiante quando lasanha entrou em sua vida.

O gato parecia sentir a solidão do garoto e por isso sempre estava por ali fazendo companhia, ronronando enquanto se emaranhava entre suas pernas, pressionando as patinhas sobre sua pele como quem fazia massagem, dormindo sempre que podia no colo dele, trazendo os mais diferentes objetos e insetos mortos como presente, lasanha era uma dádiva na vida do pequeno Faux.

Até que um dia lasanha se foi, Faux tinha 12 anos e por sua negligência o gato saiu e não voltou mais, seus pais lhe deram um sermão tão grande que ele ficou marcado para toda a vida, seu coração estava apertado, sangrava tanto que parecia esvaziar todo o seu ser e apesar de toda dor ele precisou ouvir em silêncio como era culpa dele um gato tão caro e de raça ter fugido para viver na rua, que ele precisava cuidar das coisas e se ele não cuidasse iria perdê-las, era dever dele proteger lasanha, ele não cumpriu e ele foi embora.

Desde então Faux sempre teve um primor exagerado por suas coisas, beirando a um egoísmo que mais tarde em sua idade adulta evoluiu para uma obsessão. Ele via Sonne como alguém precioso, assim como seu antigo amigo lasanha, alguém que precisava ser protegido e só assim ele nunca iria embora. No entanto, esse sentimento de proteção junto com a intensa solidão que ele sentia foi se deturpando com o tempo e se tornou algo nocivo para ambos.

Levou muito tempo para que ele conseguisse perceber tudo isso, precisou que Sonne o largasse e que ele se humilhasse várias vezes correndo atrás dele até chegar ao ponto de uma pessoa que ele nunca imaginou ser tão acolhedora abrir os seus olhos.

Lehrer era uma pessoa distante, fria e rabugenta, como professor ele era extremamente rígido e apesar dele ter feito amizade com Sonne, o loiro não chegou a conhecê-lo intimamente, o seu ciúme obsessivo não permitiu que ele visse as verdadeiras cores dele, aquelas lindas cores que ele demorou tanto para perceber.

Ter uma pessoa que sempre foi símbolo de frieza cuidando dele fez a cabeça de Faux girar. Lehrer brigava e xingava o tempo todo, mas cuidou dele, deu conselhos e o ouviu atenciosamente. Quanto mais o loiro se aproximava, mais ele ficava curioso e interessado, pela primeira vez alguém se importava com ele de verdade. Não que Sonne não cuidasse dele também, mas naquela época ele estava completamente cego pelo seu dever de proteção e não deixava o ruivo fazer muita coisa por ele e o professor não se importava se Faux dissesse que não queria sua ajuda, ele faria de qualquer forma, enquanto resmungava como ele era um idiota, era adorável.

O que fez Faux pensar na época da faculdade, onde o professor sempre o ajudava, sempre estava ali, até uma carona ele lhe deu uma vez para que o loiro não pegasse chuva, se ele não fosse tão cego na época, talvez ele tivesse percebido antes a pessoa incrível que ele era.

Foi ao descobrir esse novo sentimento, esse amor puro sem essa vontade sombria de escondê-lo do mundo que Faux entendeu que ele precisava de terapia, que ele tinha muitas questões não resolvidas e enquanto não lidasse com elas não poderia tentar viver aquele amor, pois ele se tornaria tóxico novamente.

Durante sua terapia a oportunidade de expandir seus conhecimentos apareceu, um amigo da família ia abrir um restaurante em outro país e queria que ele fosse pra lá aprender sobre a culinária local por um tempo, com o coração apertado Faux foi. Ele precisava mudar os ares, tirar aquela vontade inexplicável de perseguir o Sonne e clarear a sua mente, a oportunidade caiu como uma luva, porém isso também significava ficar longe de Lehrer.

O Destino do Sol e da Lua (COMPELTO) Место, где живут истории. Откройте их для себя